sábado, 26 de novembro de 2016

O que eu não deixo...

Talvez você nunca seja capaz de me entender e talvez nem queira. Você foi a segunda pessoa que me fez sentir o mundo alinhando a primeira vista. Gostei do seu perfume, da força do seu abraço, da sua voz, da maneira com que você me olhava e da segurança aparente que me passava. Não foram precisos mais de quinze minutos para que eu entendesse dentro de mim que você era uma daquelas raridades que o destino nos traz de presente as vezes. E eu fiquei feliz. Insegura. Meio doida. Com medo. Mas feliz. Me senti viva de novo, com o coração quentinho e achei o brilho nos olhos de novo. Você nem imagina, mas eu tinha perdido tudo de bom que existia dentro de mim pelo caminho e graças a você dizer de forma firme tudo o que eu nem sabia mais que precisava, eu me senti viva. Não sei bem onde foi que eu me perdi, nem em que momento você resolveu desistir do problema ambulante que eu sou. Mas doeu. Doeu porque com você nada foi a toa. Nada foi simples. Com você eu larguei os medos, os motivos e as desculpas pra não me envolver de verdade. Com você eu baixei a guarda, desfiz a cara amarrada, deixei você entrar. Acreditei em destino. Tentei fazer tudo certo. Te mostrei meu lado mais medroso, meu lado mais fraco, com a certeza de que eu teria colo e aí que eu errei. Ao pensar que você me entenderia e me protegeria do mundo e de mim mesma, eu pisei em falso. Acordei na queda. Voltei pra realidade. Você se afastou, eu te afastei. Fiquei brava, irracional, tentando te fazer me odiar e ir embora de vez. Mas você ficou em cima do muro. Hora querendo o mundo todo menos eu. Hora querendo estar perto. Ficou ali sem decidir. Sem demonstrar. E tudo que eu entendi foi a indiferença. Você passou do cara que me fez sentir vontade de andar do lado de alguém mais uma vez para o cara que tocou o foda-se pra minha existência. Passou a me ver com os olhos estranhos de quem não entende mais minhas atitudes, com a certeza de que eu sou um drama apenas e com a forma fria de não enxergar em mim mais coisas boas. Eu te avisei que eu era complicada, brava e que se eu perdesse a confiança em você, seria difícil. E eu perdi. Perdi a confiança. Perdi a felicidade extrema que te ver me causava. Perdi até mesmo a vontade de me descomplicar pra você querer ficar. Perdi muito. Mas não deixei de te olhar com os olhos de quem sente por você uma imensidão inexplicável e concreta. Não deixei de te querer. De querer ser pra você alguém maior que uma muralha. Não deixei de te desejar, de sentir sua falta, de querer você deitado comigo na cama. Não deixei de pensar em jeitos pra você ficar. Não deixei de desejar por uma chance pra nós dois. Não deixei de pedir em oração o tempo inteiro pra você me desarmar, me abraçar e desistir de ir embora. Não deixei de querer não ter explosões. Não deixei de precisar de você. Não deixei de querer te ver todos os dias. E acima de tudo não deixei o lado que te vê como um lixo, ser maior do que o lado que te vê como o homem que eu queria chamar de meu. Pra ser sincera, tudo o que eu queria era nós dois mais uma vez recomeçando o caminho que eu achava que seria nosso por muito tempo. Mas se você não voltar, tudo bem, eu me ajeito com meu coração e dou um jeito de ter certeza que no fim das contas... Só não era pra ser.

sábado, 8 de outubro de 2016

Das minhas orações

Não tem um dia que eu não coloque os joelhos no chão e ore com toda a alma que eu tenho em mim pra poder te deixar ir sem que isso termine de me destruir. Não tem um dia que eu não ore pra você estar bem, pra estar feliz e pra voltar são e salvo do trabalho.

Eu oro pra você pra estar bem, enquanto eu estou destruída. Oro porque nesse momento, é tudo o que eu consigo fazer, por mim e por você. Oro porque orar me parece uma saída mais saudável do que gritar e tentar dar murros em ponta de faca como sempre fiz.

Você me fez chorar quando se afastou. Você me destruiu quando escolheu ir por outro caminho. Me quebrou em um zilhão de minúsculos pedaços quando disse que tinha escolhido ela, de novo. Você me esmagou com o teu egoísmo, me amargou a boca com o teu silêncio e me fez repensar minha vida com tua indiferença. E ainda que minhas cicatrizes estejam expostas, ainda que minhas feridas estejam em carne viva e eu grite por socorro, eu não desejo o teu mal.

Então eu oro. Oro pra que Deus cure meu coração, pra que Ele pare as lágrimas, pra que Ele me devolva a alegria e vontade de viver. Oro pra que Ele não permita que você se reaproxime e que te faça o homem mais completo do mundo sem mim.

Eu oro milhares de vezes por dia, oro e imploro por não aguentar mais pensar que te dizer adeus se tornou impossível. Que deixar de te amar, é inconcebível. Que não pensar em você, não vai acontecer. E embora isso tudo seja insuportável, no fim dos meus dias eu fico quieta pensando que segunda feira eu estou entrando em um avião pra me afastar. Fico quieta pensando que você tá com ela. E que eu tô com ele. E que ainda que pareça impossível, naquele dia no meio do shopping eu vi pelos teus olhos que esse amor todo que eu achei que só existia aqui, ainda existe aí também.

Mas eu preciso ir, porque ficar tá me destruindo.

Então todos os dias eu vou colocar os joelhos no chão e orar, orar pra esse amor sumir. Orar pra te esquecer. Orar pra sermos felizes longe um do outro. Orar pra que o adeus que nunca veio, o tempo traga com o carinho de um amor pra vida inteira. Vou orar pra que você fique onde está, pra que não me procure e não me queria nunca mais. Orar até me sentir capaz de te dizer ainda que em textos soltos pelo mundo, que eu te amo sim, mas que te amar destruiu tudo o que eu tinha dentro do peito duas vezes e que isso, pode até ser amor, mas não é o que eu quero mais pra minha vida.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Então comecei a entender que o amor é um senhor teimoso de braços cruzados, emburrado até conseguir o que quer. Pensei: Você pode até cruzar o mundo.Virar do avesso. Mudar seus gostos e seus planos. Pode até casar novamente, ter filhos e mudar de cidade. Mas o que tiver que ser seu, sempre será. Não adianta brigar com o amor, ele até pode dar um tempo, uma trégua, mas quando ele escolhe duas vidas, ambas viram bússola uma da outra. Não se perdem e tampouco se desconectam.
- Autor desconhecido

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O pior silêncio

Eu ando tão confusa com esses sentimentos aqui dentro do peito que as vezes tudo que eu quero é sair de dentro de mim e estar em um lugar calmo, silencioso e tranquilo. Sem ficar enfrentando as milhares de batalhas que meu coração trava com a minha razão. Sem ficar pensando que o amor mesmo é assim, totalmente sem sentido e sem explicação. Você só sente e sente e sente e sente, independente da reciprocidade ou proximidade da pessoa. Você não esquece, não troca, não deixa pra lá. Mesmo que isso te faça ser a pessoa mais idiota do universo. Mesmo que isso te destrua. Mesmo que isso se torne irracional e todos a sua volta te achem maluco ou idiota. Você não segue em frente. Não inteiro. Não por querer. E eu não quero ficar pensando mais nisso. Porque você foi embora pela segunda vez e pela segunda vez, eu continuei te amando da mesma forma. Pela segunda vez eu continuei em pedaços com fragmentos seus que vão ser tudo o que eu vou ter. E você nem imagina a dor que me causou ou o medo que me fez sentir de querer sentir algo além disso. Hoje eu tô morrendo de medo porque eu me apaixonei por outra pessoa, mas se essa pessoa for embora eu só vou voltar a te amar cem vezes mais. Só vou voltar a respirar em baixo da água e eu quero respirar ar puro. Não quero sentir esse desespero e essa confusão a todo momento. Não quero lembrar de você. Pensar em você e nem em tudo que me faz ser essa pessoa irracional que eu me torno por tua culpa. Eu quero reciprocidade. Quero ele. Quero uma família linda, enorme e unida. Quero que o nó na garganta passe. Quero que você passe. Quero te esquecer de uma vez por todas e seguir em frente. Mas eu continuo aqui. Pensando. Sentindo. Gritando. Implorando. Querendo ser qualquer pessoa, menos a que eu olho no espelho todos os dias. E eu ando tão confusa, que pra ser sincera, até o que era certo se tornou incerto, porque pela segunda vez eu não entendo o que aconteceu pra te perder assim do dia pra noite, em silêncio, sem maiores explicações.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Madrugada a dentro

São quase três da manhã e eu não consigo dormir de novo. Fico pensando no passado e no quanto ele é o oposto do presente. Fico pensando em você e nele. Fico pensando em mim. Pensando nessa confusão ambulante que eu sou e no quanto ele me deixa bem mesmo eu sendo quem eu sou. Mas aí penso em nós dois e milhares de perguntas inundam minha cabeça, marejam meus olhos e gritam no meu peito. Um ano atrás, eu tinha certeza que você tinha me amado e que ainda amava, sabia? Tinha essa certeza dentro de mim e a mantinha quietinha ali, junto com a saudade nos dias difíceis. Isso incrivelmente tornava as coisas mais aceitáveis até você voltar. E você voltou. Mas não foi como eu esperava. Ele já existia. E existia um novo você. Mil vezes mais egoísta. Mil vezes mais disposto a me machucar como se eu não tivesse sido nada e você me confundiu. Você me quebrou. Me deixou com um silêncio e um vazio que tornam tudo mais difícil de fazer. Não te entendo, nem nunca vou. Mas preciso te dizer que tá doendo aceitar que você não me amou tanto quanto eu imaginei. Tá doendo perceber que a ficha que faltava cair, caiu. Nós dois não fomos nada além de mais um na lista de relacionamentos passados um do outro. E me dói admitir, que agora querendo ou não eu sei que você nunca pretendeu voltar. E eu queria dizer que eu to bem, que tá tudo bem. Mas não tá. Você terminou de quebrar alguma coisa aqui dentro quando virou as costas e foi embora de novo como se eu não fosse nada. E eu to tentando seguir em frente, eu realmente tô. Você não tem ideia do cara que me ama agora, as vezes até eu acho que ele saiu de algum livro da Disney. Ele me entende como você nunca entendeu. Ele me protege como voce nunca protegeu. Ele cuida de mim mesmo nos momentos de tristeza profunda e ele aceita isso sem me dizer que eu sou fraca. Ele é paciente, carinhoso, me perdoa sempre que eu erro por impulso. Me incentiva e jamais pensaria em largar mão de mim porque eu me tornei triste demais pra ele. Ele é o oposto de você. E eu devia amar ele, eu devia odiar você. Mas são quase três da manhã e eu ainda não dormi. E fico aqui pensando, se sequer um dia você chegou a me amar um milésimo do que eu achei que amou.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Meu inferno pessoal, minha rendição dos pecados

A gente não se entrega. Luta. Luta. Luta. Quebra a porta na primeira briga e a mesa da sala na primeira transa de volta. A gente se machuca. Mostra os dentes. Deixa o instinto a flor da pele e não deixa pra lá. Você me olha como quem deseja sugar minha alma, arrancar minha pele e ter meu coração batendo nas suas mãos, mas não me assusta. Me trança em uma trama perigosa, grita até os pulmões explodirem e trava a mandíbula sempre que a raiva de mim fala mais alto que o desejo. Você ri como o demônio com um copo de whisky na mão sabendo que tem o contrato da minha alma em venda. Mexe a cabeça com calma ao me ver andando pela sala e coloca as duas mãos na cabeça quando percebe que me feriu de novo sem querer. E eu digo que tá tudo bem, mas você explode. Quebra mais uma porta, corre pra longe, bate na mesa e dá mais um grito. E eu não tenho medo, te enfrento de frente. Seguro teu rosto. Te peço pra olhar nos meus olhos. E a gente luta, luta e luta. A gente não se entrega. Não deixa pra amanhã. E eu te digo, que enquanto eu estiver de pé eu não vou me afastar. Não vou pra longe. Vou ficar perto. Bem perto. Te dizendo que você cura as minhas feridas, que você me mantém viva. Que a tua força me mantém forte e os teus instintos me fazem ser um animal selvagem que só descansa recostado no seu porto seguro. E tudo bem se eu precisar de tranquilizante ou cuidados no dia seguinte. Tudo bem se você perder a noção da força. Eu tô aqui. Eu sou a pessoa com quem você pode ser você, com quem você pode explodir. Porque eu não me importo. Não me importo com a dor. Não me importo com o mundo nas costas. Não me importo com nada. Me importo com você. Me importo com teu olhar. Com teus braços em volta de mim e aquele "a gente consegue" dito com a certeza que eu preciso. Me importo com teu corpo entrelaçado ao meu na hora de dormir. Me importo em ser o que te faz suportar o mundo, porque você me faz suportar o meu mundo. E mesmo dentro de um campo de guerra. E mesmo através de explosões, trincheiras, machucados e estilhaços, eu não ligo. É com você que eu tenho que ficar agora. É você que me cola por dentro. É você que me diz as coisas que eu preciso ouvir e você quem faz as coisas serem mais tranquilas. É você quem tem o poder de me fazer encolher, mas quem me faz maior do que eu posso ser e eu não reclamo se no caminho eu perder a cabeça, porque você é minha direção e minha doença. Minha guerra, minha reza, minha rendição, meu santuário e meu inferno pessoal.

domingo, 25 de setembro de 2016

Notas

Hoje ao te ver quis pedir um abraço apertado e um bocado de proteção. Quis te implorar pra voltar no tempo, pra ajustar nós dois e pra você me perdoar por eu não ter pulado na frente daquela bala por você. Quis nós dois, simples, alinhados, juntos contra o mundo. Não quis lembrar do quando doía te ver de longe se afundando sem poder agir, não quis falar das vezes que me machucou fisicamente e nem do quanto me causou danos internos. Você sempre foi minha segurança, ainda que fosse também minha loucura. Mas hoje nada disso importou. Hoje eu quis dormir abraçada com você. Quis teus braços fortes me cercando e me tornando protegida. Te quis de uma forma pura, de uma forma calma. Não quis mais a gritaria, as brigas, os socos na parede e o medo. Quis você. Dessa forma ogra, junto de mim. Não quis dizer adeus, quis mais. Quis dizer que você podia confiar em mim. Quis dizer que eu pularia naquela bala por você e que tudo bem se aquilo me matasse. Hoje ao te ver, percebi que você me manteve viva, ainda que estivesse sempre meio morto. E eu quis essa vida de novo. Quis te acolher, te cuidar, te abraçar. Quis te dizer que tá tudo bem. Que eu to bem. Que eu quero mais da gente. Quis ter o que dizer, evitar o silêncio e te trazer de volta. Quis tudo e quis nada. Ou melhor, por tanto querer, não fiz nada. Te deixei ir como amiga, como complacente da tua nova vida, aceitando com dor no peito que pra você, sempre vai ser melhor sermos assim. Duas linhas que volte e meia embaraçam, mas não vivem juntas. E tudo bem. Eu não to bem. Mas pra te dizer a verdade, eu só queria hoje esquecer disso e dormir com teus braços em volta de mim me mostrando que mesmo com o mundo caindo, eu ainda tenho pra quem correr quando eu não souber pra onde ir.

sábado, 24 de setembro de 2016

3 a.m

E eu fico repetindo:
Deixa pra lá
Deixa pra lá
Deixa pra lá, esquece.
E eu não durmo. Não descanso. Não paro.
Fico me perguntando o porquê e o porquê não me basta.
Mas eu tenho que deixar pra lá, eu tenho que esquecer.
Eu preciso seguir em frente, ficar ereta, sã e parar de enlouquecer.
Preciso que o tempo mude, que faça sol e que o homem da minha vida continue me amando depois da tempestade anunciada.
Preciso que você suma, que você morra.
Preciso que você volte oito meses atrás e não decida se reaproximar.

Você me destruiu entendeu?

E eu fico repetindo:
Deixa pra lá
Deixa pra lá
Deixa pra lá
Deixa pra lá e vai em frente.
Mas meus olhos continuam marejando.
Mas meus sonhos continuam não aparecendo.
Mas meu eu não aguenta o que tá sentindo e eu me odeio por isso.

Me odeio porque eu tava bem sem você, eu tinha perdido a esperança.
E você voltou
Você me fez te amar de novo, te querer de novo e foi embora...

Você foi embora
Você não volta
Você está com outra e você a ama

E eu?
Eu to destruída
Tá doendo
Tá massacrando
Explodindo
Me fazendo querer dormir um sono de cinquenta anos
Tô querendo dormir antes do amanhecer
Tô querendo sorrir de novo
Amar de novo.
Tô querendo te esquecer, tô precisando te esquecer...

Deixo pra lá, eu sei que deixo.
Eventualmente.
Mas enquanto não consigo, me diz por que você abrir uma ferida dessas de novo?
Por que voltou se nunca pretendeu ficar?

A beleza de ser amaldiçoada por um amor

Eu me esforcei. Dei duro pra te deixar enterrado.

Vivi a loucura do luto e a dor do fim, incontáveis vezes. Fiz do meu coração estilhaçado um belo arranjo de mesa e da minha mente danificada uma obra prima de Michelangelo. Dia após dia a escuridão de ter te perdido se transformava em algo ainda sem nome. Ganhava forma, voz, loucura e um toque de maldição.

Eu me divertia de uma forma perversa com a minha própria dor e sorria de um jeito novo com um batom vermelho vagabundo, me gabando da minha loucura pelas ruas da cidade. A mistura quase fatal entre o que eu era antes de você e o que eu me tornei, eram tudo o que eu tinha.

Fiz de mim mesma um arsenal de guerra. Pronta para o combate, forte como um tanque e certeira como um sniper. Meu mundo tão rosa, foi coberto por uma fumaça preta e o dom da maldade já me agradava mais do que aquele jardim de girassóis que você matou quando disse sem dó que não me queria mais.

Eu te matei dentro de mim.

Uma, duas, três... seiscentas vezes.

E em cada tiro pra te matar, eram três tiros semelhantes em mim mesma. Em cada tortura na tua pele vívida somente na minha mente, eram mil cortes abertos banhados em álcool na minha própria carne. A dor sufocante de ter que deixar de te amar, me trancou em um quarto em chamas por anos. Eu podia ouvir de fora as pessoas cochichando sobre a loucura que meus olhos demonstravam, podia sentir o medo que eu te causava, podia me sentir morrer por dentro.

Mas eu gargalhava moço. Gargalhava alto. Feito vilã de conto de fadas.
Gargalhava enquanto tudo em mim era explosão, sangue e gritaria.

Mas não precisei de ajuda.

Te tranquei ainda vivo, em um lugar aqui dentro enquanto toda escuridão saia com formas surreais de tão belas. Te tranquei e te protegi de mim mesma. Não fui capaz de te matar. E esse, foi meu pecado. Eu não cheguei ao fim. Não dei o tiro certeiro. Não finquei a faca no teu peito.

Continuei te amando em segredo, continuei cercando outros mundos com a maldição negra que ficou quando aos seus olhos eu me tornei fraca, triste e inútil. Fiz inúmeras vítimas pelo caminho e admito, era tudo pra te provar, que fraca meu bem, eu não sou. Eu posso ser amaldiçoada em uma parte de mim que nunca vai mudar. Posso ser escuridão, loucura, bomba atômica. Posso ter o caos no lugar do sangue e me divertir com isso.

Mas fraca?

Não.

Fraca eu não sou. Fui fraca só duas vezes na vida. Quando me apaixonei por você e quando não consegui te fazer sangrar até morrer implorando por vida dentro do meu peito. Fui fraca quando te fiz a minha força e quando te deixei me destruir sem remorso.

Agora é tarde demais pra dizer isso, mas te deixar voltar pra minha vida depois de tantos anos e tantos danos, não foi loucura, nem fraqueza.

Foi esperança.

Esperança de ser alguma coisa boa aos teus olhos e não somente esse amontoado de maldições que eu me tornei. Você me destruiu pela segunda vez. Sabendo o que estava fazendo.

Eu posso ser ruim agora. Mas se for culpar alguém um dia, acorda e se olha no espelho meu bem.

Sei que o reflexo vai te assustar, mas fica calmo, com o tempo você se acostuma com os pesos que carrega. Com o tempo, a ruindade e as doses de whisky vão se tornar suas melhores amigas nos dias em que matar quem você ama for realmente necessário se você quiser continuar são.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Quando a gente percebe que o melhor é deixar ir embora

"Eu nunca quis escrever aquele e-mail, mas precisava fazer aquilo por mim. Foi fácil te afastar, porque eu sabia exatamente o que eu precisava dizer. 

Não vou entrar no mérito do que aconteceu, na forma com que aconteceu e como cada um agiu. A gente fez tudo que achou que devia fazer com a bagagem que a gente tinha no momento. Arrependimentos? Só do halls preto que eu deixei de comprar no semáforo achando que teria no próximo, porque estou abrindo a bolsa ainda e o sinal ficou verde. 

Verde.
Verde.
Verde.

Agora não tem como mais parar e eu me vejo distanciando cada vez mais do meu desejo, aquele sentimento intenso se transformando em uma certeza: eu devia ter comprado halls quando a situação permitia, e agora eu sentia o frescor de um produto cujos meus lábios jamais tocaram. A ideia de ter tido tão pouco tempo para tomar uma decisão quase de destrói. 

Sim, a vida é uma eterna estrada com vendedores de halls. 

Odiar alguém é exaustivo e as vezes consome toda sua energia. Em algum momento a gente percebe que a melhor coisa é deixar isso ir embora. 

Decidi só guardar as coisas boas de você. O dia que você me viu pela primeira vez e sorriu tanto que eu achei que fosse explodir. Quando baixou a voz para me contar uma notícia triste como se o fato de falar mais baixo diminuísse automaticamente a minha dor. Quando percebi que minhas expectativas tinham baixado porque estava acostumada com a rotina e agora que tinha atingido o ápice eu só queria descobrir novas formas de me fazer feliz.

A gente passa a vida toda aprendendo que terror é luz apagada, móveis de pátina e um carpete no chão, mas o que assusta mesmo é a luz acessa e ter que lidar com a própria mente. 

E então eu resolvi arriscar, escrever e me jogar. Foi um processo doloroso, assustador e sexy. Escrever é sexy. Deixa tudo que a gente toca lindo. Criei muitos personagens pra ti, mas o meu favorito é aquele que veio, me lembrou do que era importante pra mim e seguiu seu caminho. 

E tudo bem que você foi embora, eu só queria que você soubesse que eu decidi só guardar as coisas boas de você."

- Mabê

Mais um resumo nosso.

Fui obrigada hoje a acordar cedo e percebi o quanto isso me deixa mal humorada, fui em cartórios, escritórios e até em uma embaixada. Fiz tudo correndo e com a cabeça fervilhando até que o telefone tocou. Respirei fundo por não saber se era você ou não e percebi sem querer que mesmo gritando ao mundo e a você que não importa, tudo o que eu mais queria era que o "alô" do outro lado fosse da tua voz. Não era. Era mais um compromisso me puxando pra realidade. Era mais uma pessoa falando coisas que eu tinha que fazer, no tempo que deveria ser feito e não me leve a mal, eu gosto de dias cheios. Mas acontece que de um tempo pra cá eu ando exausta. E nem é pela insônia de sempre, ou pela mania de trabalhar a madrugada inteira nos projetos que estão vindo. Eu ando exausta porque não tenho como explicar pra ninguém, quem sabe nem pra mim mesma o porquê que ainda espero que a sua voz encontre a minha em uma ligação qualquer. Não tenho como explicar os motivos que me fazem te implorar um abraço, sabendo que ele não vem. Não tenho como explicar. Também não tenho como admitir que você foi embora de novo. Eu preciso. Mas não consigo. Eu sei que você foi. Sei que escolheu ir. Mas não dá pra entender, então desculpa. Eu não entendo o que te faz correr de mim como se eu fosse uma das dez pragas do Egito, ou o porquê que parece tão difícil pra você me olhar e me dizer o que você sente de uma vez por todas. Porque você vai. Mas me prende a você em uma esperança doentia que me faz parecer uma louca qualquer, enquanto eu não sou nada além do que alguém que desde sempre te amou mais do que era cabível a um ser humano amar o outro. E ainda quando eu me perdi na tristeza profunda que tanto te incomoda em mim, mesmo assim eu te amava. Te amava tanto que me doía não poder te dizer que aquela tristeza toda não era sobre nós dois, era sobre mim, era sobre aquela merda toda. E do meu jeito eu tentei sabe? No passado fazendo comida a todo momento, te deixando quieto no video game, não incomodando. Mas não te incomodar, me afundou mais, e mais, e mais, e mais. Até que tudo que eu fazia era chorar. E foram assim por meses depois que você foi embora pela primeira vez. Mas o amor? Esse nunca foi embora. Até pensei que pra você o melhor era ir mesmo, afinal, o que eu podia te dar? Mas anos se passaram. Você massacrou meu sentimento até o fim, e a culpa foi minha. Chegou a demonstrar raiva, nojo. Sabe Deus o que. E eu fui em frente. Lembrei rapidamente de você no natal, beijando um cara com nome de anjo, vi algo que me fez desesperadamente te ver... E pra minha surpresa, você demonstrou reciprocidade. Acho que esse é o problema. Sua reciprocidade é conivente com seu egoísmo. Vem quando quer, some quando quer. Eu tava bem ja, sabe? Não bem, super bem. Mas inteira. Lembrando de você, sentindo sua falta, as vezes entrando em contato. Mas tava tudo anestesiado. E ai você disse sentir falta, ai você marcou mil encontros e não apareceu, aí você me deixou oito meses sendo pateticamente insistente por demonstrar vez ou outra uma vontade semelhante a minha e talvez por amor, eu tenha suposto, que era reciprocidade, não egoismo. Juro que ainda tento entender o que você fez no meu aniversário, afinal você sabe que esse é um dia importante pra mim. Mas você ignorou isso. Apareceu, disse coisas lindas, me beijou, me desejou... E me fez ter o coração quebrado de novo. Fora a parte em que teu amigo, o único que não devia estar lá, era quem estava com você. Sabe como eu me senti? Como uma aberração da qual vocês poderiam rir a noite toda. E mais um tempo passou, e eu desisti. De novo. Perdendo até as contas de quantas vezes eu desisti. Mas eu desisti. Até te encontrar e você de novo, querer de desculpar, ser recíproco. E eu esperei. Dei outra chance. Eu tava lá. Olhando dentro do teu olho, eu tava lá. Mas aí ficou tudo em silêncio de novo. Egoísmo? Talvez. Mas eu continuo sem entender. E agora você foi de vez, de novo, quebrando meu coração pela quinquagésima vez. Fica em silêncio. Volta a me ignorar. Como quem ignora um mendigo na rua. E eu me sinto invisível. Invisível, sem entender. Mas o amor? Ele continua aqui. Continua me fazendo recolher migalhas todas as vezes que você sabe Deus porquê se reaproxima, ou responde, ou demonstra qualquer coisa que não seja que afinal de contas, pra você nunca foi amor. E por mais que pra mim tenha sido, ainda seja, fico repassando essas coisas na minha cabeça e dói. Dói porque a única coisa sincera que saiu da sua boca não foi aquele "perfeita" do meu aniversário e sim o teu "voltei com a minha ex" que fez meu coração implodir dentro do peito e uma dor tão conhecida me agarrar com braços e pernas pra dentro desse imenso ponto de interrogação que você é e sempre vai ser pra mim.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

"É preciso quebrar a cara diversas vezes pra entender que deixar alguém ir embora também é uma prova de amor, não amor por quem se foi, amor por quem ficou, amor por si mesmo. Em algum momento da vida você entenderá que é melhor deixar partir, do que ser partido."

- Sean Wilhelm
"Alguma coisa deu errado em mim, eu não sei te explicar e eu não sei como arrumar e nem sei se tem ajuda pra isso."

- Tati Bernardi 
"Algumas coisas não podem ser consertadas, não existem ferramentas nem partes adicionais. Estas coisas só precisam de tempo, e mesmo assim, nunca voltarão a ser o que eram."

- League of Legends 
"Deixar você ir não significa que eu não sentirei sua falta."

- Teoria de Sr. Pierre 
"Todos temos nossas cicatrizes. Por amar profundamente alguém. Por querer muito proteger alguém"

- Tachibana Mei
"Mesmo com o nada feito, com a sala escura, com um nó no peito, com a cara dura, não tem mais jeito, a gente não tem cura."

- Chico Buarque

sábado, 17 de setembro de 2016

Skinny love

Por mais de meia hora fiquei sentada em silêncio ouvindo Skinny Love repetidas vezes. A altura da música supostamente deveria evitar que meus pensamentos falassem mais alto, mas lá estava você acenando para a nossa nova despedida e me fazendo pensar em coisas que eu evitei pensar durante quatro anos. Agora a música parou, os pensamentos também. Mas uma certeza venho se instalando de fininho. Você precisa ir, eu sei, eu preciso também. Você precisa amar a pessoa que você escolheu, eu sei, eu também. Nosso caminho aqui, se dissipa afinal e por incrível que pareça, eu estou bem. Já chorei um pouco e admito que te escrevendo isso ainda caem umas lágrimas sem sentido. Mas eu estou bem. Eu sei que no final das contas, a minha tristeza te assustou e meu amor nunca te bastou. Não sou eu o problema, assim como não são as coisas que eu posso mudar. Você só precisa ir. Mesmo dizendo que pode ficar, não pode. Não mais. Se você ficar eu vou continuar presa no amor imenso que sinto por você e me desculpa, eu não quero mais isso. Eu quero poder amar a pessoa que eu escolhi mais do que eu jamais amei você. Quero poder pensar em um casamento lindo, em filhos pelos quais eu vou dar a minha vida e em uma vida que não tenha mais essa parte de nós dois que me afunda sempre. Mas não, a culpa não é sua. Talvez a culpa nem seja minha, só é uma dessas coisas que sem explicação deixa de existir. E eu não tô te dizendo que vou querer te apagar da minha memória porque eu vivi coisas lindas do seu lado. Eu só quero te apagar do meu peito. Só quero que você pare de doer. O que eu sei que é recíproco. Você também quer que isso pare. Que passe. Que não doa. E eu entendo quando você diz que eu sou especial, porque no fundo, eu devo ser mesmo. Devo ser tanto pra você quanto você é pra mim. Mas é só isso. Então eu tô bem. Tô bem porque eu percebi que não posso ser destruída de novo pelo amor que eu sinto por você. Porque eu notei que têm alguém aqui que faz das tripas coração pra me ver sorrir e que ele sim merece todos os sorrisos mais sinceros e abertos que eu puder dar. Aqueles que eu achei que só poderiam ser seus. Mas o tempo passou, e passou feito um rolo compressor por cima de mim. O nosso amor não basta. Essa falta de reciprocidade, esse excesso de tudo que não me faz bem e a sua mania complicada de entender de querer ficar sabendo que se ficar, vai me machucar mais. Então pode ir. Não olha pra trás. Aqui nossos caminhos param de se cruzar de tempos em tempos. Aqui você vai ser feliz pra direita e eu vou correndo pra esquerda. E você tá bem. Eu tô bem. O que a gente teve, também. Foram planos demais, foi amor demais e infelizmente dor demais. E justamente pela parte da dor, que eu te digo, não dá mais pra mim. Eu quero ser feliz. E se pra ser feliz, eu preciso nunca mais olhar na direção que me lembrar você, é isso que eu vou fazer e mais tempo vai passar e se tudo der certo, esse sim vai ser nosso ponto final. Simples. Sem mais dor. Sem gritos. Sem desespero. Leve como uma conversa e calmo como um adeus deve ser sempre.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

"Você foi com certeza, a pior das guerras que eu tive que lidar entre a razão e o coração."
- Anna Paula Varella 
"Mas sabe qual foi a pior parte disso tudo? Não foi perdê-lo. 
Foi me perder."
- Quebravel 

terça-feira, 13 de setembro de 2016

My beautiful heartbreak

Por favor não venha com esse papo de saber o que fez comigo. Você não sabe. Não faz nem ideia. As únicas pessoas que sabem como você me feriu são aquelas que constantemente estão em volta tentando me curar de uma dor que eu não pedi. Até onde eu me lembro, eu fui além dos meus limites pra amar você e enlouqueci ao te perder. Enlouqueci como essas personagens de cinema. Mas nem por isso eu consigo me culpar. Afinal de contas, o que você esperava? Te perder não destruiu somente o que eu tinha no peito, como destruiu também meu mundo, meu exterior. Foi um trauma dos grandes. Desses que levam a vida pra superar. Então eu enlouqueci, e daí? Eu nunca machuquei você. Nunca fui capaz de falar mal de você. Nunca fui capaz de demonstrar algum sentimento que fosse menos do que amor e do que a dor de te perder me causava. Você não estava aqui nos meses em que eu não sai da cama, porque existir não me causava excitação alguma. Não estava aqui nos dias em que eu acordava na madrugada chorando alto e tentando expulsar uma dor tão grande que eu mal consigo dimensionar. E por muito tempo, além de tudo, eu fui capaz de te defender. Fui capaz de trazer pra mim a culpa de te perder. Dizia repetidas vezes que fui eu quem me tornei triste demais. Que fui eu quem não te ajudou a me amar. Que fui eu que meti aquelas pessoas problemáticas no meio de nós dois. Que fui eu que deixei de ser bonita, cuidada e brilhante. Que fui eu quem não bastou. E isso, meu caro, é um dano que você não pode consertar com algumas palavras bonitas e um sorriso de parar o mundo. Você me danificou sim. Me deixou insegura comigo, com o mundo e com as pessoas. Você arrancou o brilho que eu tinha, abriu meu peito e me deixou sozinha sangrando. E não, não era você quem tinha que me salvar. Você só precisava não me destruir. Não precisava. Não precisava. Não precisava. Mas fez. E depois me tratou como um cachorro de rua. Mas eu continuei te amando. Te defendendo. E esperando por dias melhores. Até que você estava de volta. Me fez achar que essa era a chance de te mostrar que eu entendia meus erros e queria ser melhor. Que queria você de volta e que a gente podia ser feliz. Porque não importa o quanto você fale que não me ama. Teus olhos sempre dizem o oposto. E não importa que o caminho que você escolheu tenha me destruído de novo. Teu egoísmo sempre vai ser mais forte que todo resto. Mas deixa eu te contar um segredo, não importa quantos anos passem, eu sei e você sabe, é de mim que você vai lembrar, pode não ser todos os dias, mas vai. E quando lembrar, vai doer. Não tanto quanto em mim. Mas vai doer. Vai doer porque você também sabe que o que a gente tinha, podia ter todos os problemas do mundo, mas era o tal do um em um milhão.
"Saber que eu não fui o suficiente pra você me destruiu por dentro."
- Discursou 
"Vontade de te agradecer pelos momentos em que você ficou do meu lado mesmo quando não tínhamos mais o que dizer, por ter feito questão de marcar presença mesmo em meio à todos os nossos silêncios. Vontade de ter gravado todas as nossas conversas escondido pra ficar tentando buscar algum detalhe perdido, ou só pra ver como eu me sinto bem em contato contigo. Vontade de te transformar em um texto, mas além disso: vontade de que não fôssemos apenas vontade. Vontade de que deixássemos de ser vontade e passássemos a ser coragem."

- Sabedorias 
"Depois, com pequenos beijinhos e mordiscadas virando e desvirando seu corpo, virando e revirando seus olhos, convenço que os maiores amores se acertam nos erros, quando a loucura e a entrega vencem a resistência e o medo de alguma forma. Começo num beijo no canto da boca, aqueles que cabe a você decidir se acaba, ou prossegue, tá? Então, vamos? Pega na minha mão, entra no meu carro, sobe na minha garupa. Te mostro o quanto dá pra amar no caminho."

- Gabito Nunes 
"Eu nunca entendi a insistência do passado e nem o porquê de colocarem letras tão miúdas em bulas de remédio. Para quem tem medo daquilo que pode doer por muito tempo, saber qual remédio tomar é fundamental, mas para quem tem, além disso, hipermetropia, ler aquelas letras miúdas é quase impossível. Eu tenho. Tenho medo do meu passado, porque ele dói, e eu não tenho mais a chave da porta que mantém ele preso lá fora. Perdi junto com milhares de outras coisas que pensei estarem guardadas na última gaveta da minha cômoda, mas que nunca estão lá quando preciso delas. Por isso dói. Mas não é como uma simples dor de cabeça, que passa depois de tomar algumas gotas de dipirona; parece um novo chute na boca do estômago a cada tic-tac do relógio. E não passa. E o passado não vem com uma bula. Nem o presente. Nem a vida. E não faz mal porque eu não conseguiria ler mesmo. O problema é que para as maiores dores, ainda não encontraram remédios, nem anestésicos. E ninguém entra em coma induzido por lembrar demais. Ninguém toma doril pra dor de cotovelo. Ninguém faz transplante de coração depois de ter ele partido. E eu sempre acabo achando que é preciso deixar doer. Deixar ficar até não sentir mais vontade de ficar. Porque, no final das contas, toda dor é parecida, mas nem toda dor passa com a dosagem descrita em letras miúdas. Nem toda dor é física."

- Letícia Silva

Um quase "obrigada"

Quis te mandar uma mensagem hoje. Fazer todas as perguntas que estavam entaladas na minha garganta e por um segundo quase perdi a calma que tenho lutado pra ter de novo depois que você resolveu definir as coisas. Encarando os fatos, mais uma vez teu egoísmo me destruiu. Mas calma. Não vou te culpar mais por isso. Eu permiti que você se instalasse em mim e permiti que me destruísse como bem entendeu. A culpa é minha. Mas eu não gosto da palavra "culpa". Honestamente prefiro crer que as coisas foram como tinham que ser e se não me engano algum monge hindu fala o mesmo, claro de jeito mais gracioso do que eu. O que não vem ao caso. O caso é que eu sinto sua falta ainda todos os dias. Independente de você ter mais uma vez me machucado conscientemente. Eu sinto sua falta. E hoje quis entender você e o seu sadismo por me machucar. Quis de verdade. Mas aí, depois de perceber o quanto você me quebrou sabendo o que estava fazendo, fiquei quieta. Não que as perguntas tenham ido embora. Não que a falta tenha deixado de me esmagar. E não que eu tenha deixado de te amar. Eu te amo. Infelizmente. Amo e amo muito. Problema teu. Problema meu. Sei lá. Você decidiu voltar pra sua ex. Decidiu que eu não merecia uma segunda chance de acertar os erros que não foram só meus. Decidiu e ponto. Não me deu escolha. E caralho, obrigada! Obrigada por ter me feito sofrer de novo. Obrigada por ter aberto meu peito inteiro e ter tacado ácido em cima das feridas já em carne viva. Obrigada por ser egoísta demais quando o assunto sou eu. E obrigada por ter escolhido outra pessoa. Não estou sendo irônica, por incrível que pareça. Eu realmente tô te agradecendo. Fazendo tudo que você fez, mesmo te amando e mesmo sofrendo sim com tudo isso, você me deu de presente possibilidades. Me deu a chance de amar alguém por inteiro sem sentir que isso te afastaria de mim. Me deu a chance de ver que eu mereço mais, ainda que por hora, eu não veja. Me deu a chance de olhar pro cara que tem me curado todos os dias com os olhos de quem pode retribuir agora. Você me deixou com a saudade e a dor imensa de uma história que pra mim tinha sido a mais importante. Me deixou com o peso de saber que você foi o amor da minha vida. E que infelizmente no nosso caso, não tem conserto. Mas você fez por mim o que eu sozinha jamais teria feito. Você decidiu que era hora de colocar um ponto final em nós dois. De novo. Fez isso de um jeito egoísta. E sendo egoísta como foi, me ajudou a perceber que você pode ser sim o amor da minha vida, mas que nem você merece que eu sofra tanto como eu vim sofrendo nos últimos oito meses, ou anos. Não me merece implorando por alguém que nem sequer teve intenção de retribuir o amor e a esperança que cultivava no meu peito. Então sim, por incrível que pareça eu te agradeço. Muito! Você foi embora. E eu jamais ia conseguir te mandar embora. Você escolheu outra. E eu jamais teria escolhido nada além de você. Antes, eu digo. Porque agora graças a você, eu finalmente consigo estar pronta para aprender a amar quem já me ama. Então obrigada. Obrigada por ter me mostrado que amor não basta. E que no fim de tudo, eu ainda tenho as perguntas, as dúvidas, a saudade e o amor, mas também tenho a certeza dolorida no coração de que teu egoísmo vai sempre falar mais alto do que o meu sentimento e que eu mereço mais do que isso. Não te esqueci. Não te superei. Tô sofrendo feito um acidentado em estado grave. E tá doendo horrores. Doendo como doeu ao ler aquela mensagem anos atrás. Doendo como doeu quando eu tive que reaprender a viver sem você. Mas tá doendo também exatamente como doeu quando eu fui obrigada a levantar e amadurecer. E agora eu mais madura te digo, com calma, que um dia quem sabe eu possa te agradecer por não ter me amado como eu te amei. E de resto, ah de resto deixa com o tempo, deixa com o sofrimento. Não morri da última vez e eu com certeza não vou morrer dessa vez.

Amor pode ser construção, não impacto.

Fico te olhando enquanto você apressado segura os sapatos em uma mão e com a outra tenta achar a chave do carro no meio das cobertas. Mal sabe você que ali, naquele exato segundo de distração, eu em silêncio, me apaixono por cada detalhe desastrado seu. Fico te ouvindo falar alguma besteira sobre o trabalho no telefone com cara de bravo e você nem sequer imagina que exatamente ali, daquela forma toda revoltada, a tua voz me causa uma paz sem dimensão no peito, e que a tua cara de bravo me faz querer sorrir. Ou te encher de beijos. Você é composto por pequenos detalhes, alguns tão pequeninos que passariam batidos se eu não fosse esse ser neurótico por pequenas coisas. Composto também por grandezas tão impossíveis de dimensionar, que parece loucura alguém possuir tanto dentro de si e ser apenas humano. E sejam pelas minúsculas coisas ou pelas imensas, você é o conjunto todo que torna meu mundo suportável. A cada dia que passa, eu me torno mais consciente de que longe de você, sou eu quem me torno sem caminho e não você, como você sempre achou. E mesmo que você ache que a sorte é sua por ter me encontrado, puta merda, você não faz nem ideia do quanto eu sou a pessoa que é grata a Deus, ao universo e a tudo que te trouxe aqui, exatamente aqui e assim pra mim. Eu sei que falo pouco e que ultimamente tenho tido mais dias ruins que bons, mas você não faz ideia do que você significa pra mim. Você me faz acreditar em coisas boas. Me faz querer que coisas ruins fiquem longe da gente. Faz com que meu coração despedaçado fique inteiro de novo. Faz meu mundo voltar a ter cor e me ajuda a ver as coisas do passado com olhos mais maduros. Você me faz me perdoar pelos meus erros, me ajuda a tentar perdoar os outros e por ser tão bom quanto é ainda é capaz de me perdoar sempre que eu por impulsividade te machuco. Você me faz ter certezas enquanto tudo em volta é incerto. Me faz ser menos teimosa, menos cabeça dura e mais aberta á alguém. Faz com que tudo que me machuca fique quieto. E com que meus medos mais absurdos pareçam só um pesadelo passageiro. Você me faz confiar em você. Confiar na gente. Confiar em mim. Me dá o suporte exato pra aprender a me olhar no espelho de novo. E faz com que cada passo desse, seja uma vitória. Você não desiste. Briga por mim, não comigo. Fica horas e horas conversando sobre o que eu precisar conversar porque sabe que as palavras que não saem são sempre as mais importantes. Você é a minha segurança. Minha calma. Meu amanhã. É minha crença em filhos, família feliz e possibilidades imensas pelo caminho. É as flores onde eu só enxergava pedras e é o que dá vida de novo ao meu jardim de girassóis tão maltratado outras vezes. Você definitivamente não é o amor da minha vida e eu honestamente te acho maluco por querer curar o que ele destruiu, mas a cada dia que passa, é você quem tem cicatrizado as feridas abertas. É você quem tem cuidado tão gentilmente de mim, que me faz pensar que eu vou ter sorte se tiver você até envelhecer. E pode ser que como eu disse, você realmente não seja o amor da minha vida, mas mal sabe você que você já é tudo o que nem o grande amor da minha vida conseguiu ser. E eu tenho sorte. Meu Deus como eu tenho sorte e eu só precisava te dizer que o amor também pode ser construção, e graças a você, eu aprendi que o que a gente têm construído é algo que vai muito além do básico e simples "amor da vida" de alguém. E que sim, eu quero pra sempre, sempre e sempre.

domingo, 11 de setembro de 2016

"A gente vai ficar bem"

Você me abraçou por trás enquanto eu assistia mais um episódio de Grey's Anatomy e sorriu. Encaixou a cabeça no meu pescoço e ficou com os braços em volta da minha cintura. Perguntou se eu tinha chorado muito com os recentes episódios e gargalhou alto quando viu uma lágrima caindo. Me aconchegou a um abraço restaurador e sussurrou baixinho "a gente vai ficar bem". E eu sorri. Sorri porque você enxerga que eu não choro só porque a Meredith não superou a morte do Derek. Sorri porque você se faz de gigante quando eu fico pequenininha e vulnerável no meio do sofá. Eu sorri porque com você eu não preciso falar sobre o que dói. Você já sabe. Você enfrenta meus monstros de mãos dadas comigo e não me vê como menos por isso. Você se diverte com meus picos de emoção distraídos e não reclama quando eu fico o dia todo assistindo desenhos da Disney. Você não me força sair quando eu não quero sair. Não me olha feio quando eu me sinto cansada demais para lavar o cabelo e ainda me abraça forte quando me pega chorando no meio da cozinha sem motivo. Você não questiona nada disso. Conta certinho as gotas do tarja preta que me fazem dormir e ainda prepara a água gelada com açúcar porque sabe o quanto eu odeio o gosto do remédio. Você não se importa se ultimamente eu mal cuido de mim e pareço um acidente ambulante. Não me ama menos porque eu esqueço de me alimentar. Nem grita comigo quando eu tenho meus surtos de grosseria. Você é a paz no meio de tudo isso. É a minha segurança durante as noites com pesadelo. As mãos dadas apertadas quando eu entro em pânico em locais públicos. É meu colo antes de dormir. É as fotos com careta no meio do dia pra me fazer sorrir. É o incentivo pra ir procurar ajuda. É o motivo pelo qual eu continuo indo no salão todo sábado fazer as unhas e as vezes que eu marco sobrancelha. É a razão pra que eu me arrume, me maquie e escute Jack Johnson. É o apoio pra me afastar das redes sociais, pra procurar minhas amigas e sair para almoçar. Você é a razão pela qual eu abro as janelas de casa, evito ficar deitada o dia inteiro e penso em dias melhores. Você me entende. Me aceita. Me ama. Me apoia. Me ergue. Evita que eu me afunde. Cria barreiras de proteção e cuida de mim, ainda que seja um péssimo trabalho a ser feito. Você entende os dias ruins, me permite a escuridão e os choros compulsivos. Você me elogia mesmo de moletom e cabelo preso e nunca esquece de dizer "a gente vai ficar bem". E eu sinto que a gente vai. A gente vai ficar bem. Não por mim. Mas porque você sendo você não desiste de mim, não desiste de nós e nem procura nada mais fácil. Você me ama. Me ama e por me amar tanto, têm me ajudado a vencer a coisa mais vergonhosa pela qual eu já passei. Como você diz, a depressão é nosso problema, não meu e sorri. Sorri porque sabe que isso não muda quem eu sou, só esconde o todo que eu posso ser. Mas mesmo assim, quer ter nove filhos comigo, uma casa enorme e viver perto da praia. Mesmo assim você quer que a gente fique bem e por querer tanto, me faz querer também. E por me entender tanto, eu me esforço dia após dia pra gente ficar bem, nem que seja por um dia no meio dessa tempestade toda. E eu te amo, te amo demais, não só por tudo isso, mas porque você fazendo tudo isso, inevitavelmente também está salvando a minha vida mais uma vez.

Entre suposições e verdades

Pode ser que eu não tenha tentado o suficiente, assim como pode ser que eu tenha tentado além da conta. Eu sempre fui cheia de certezas e raramente te perguntei o que você sentia. Suposições atrás de suposições e agora eu me vejo sentada no meio de uma cama, ás duas da manhã, com o peito arrebentado e a vontade imensa de não ter suposto nada. Porque suposições são sempre um caminho perigoso para quem precisa de certezas. São sempre o meio termo, pra quem é oito ou oitenta. São sempre tendenciosos a serem o que a gente deseja que sejam, mas que as vezes não são. E pode ser que nessa corda bamba que vivo com você, eu tenha suposto muitas coisas e ouvido poucas respostas concretas. Não que eu me culpe por inteiro, porque você se escondia atrás de um silêncio ensurdecedor sabendo que eu precisava dos seus gritos. Queria portanto dividir a culpa. Metade minha por ter suposto tanto sobre você sem te perguntar com a cara limpa. Metade sua, por me deixar supor, por me deixar afundar sem se mover. Queria também que se isso fosse possível, que levasse cinquenta por cento da dor pra você. Me deixando somente com a parcela de culpa, de dor e de agonia que me pertence. Quem sabe assim, eu estivesse dormindo agora do lado de alguém que me ama mais do que a si mesmo, ao invés de estar aqui madrugada a dentro pensando que suposições demais no fim das contas, me machucam de uma forma que palavras não traduzem. E pode ser que eu não tenha feito o que era preciso pra você sair desse mar negro que já me afundou anos atrás. Pode ser também que você nem estivesse mais disposto a nada. Novamente suposições. Duras, amargas e incrivelmente cortantes. Suposições. Suposições. Suposições. Você me deixou somente com tudo aquilo que não é concreto. Me deixou supondo que você me ama. Supondo que foi embora de novo porque eu não te basto. Supondo que esse é o nosso fim. Supondo que você é no fim das suposições o cara mais egoísta do universo ou amenizando um pouco, o maior sem noção da terra. E ao contrário das suposições que você deixou, eu te deixo hoje, como te deixei anos atrás com uma irreversível verdade concreta: eu amei você mais do que a mim mesma, eu amo você mais do que eu posso suportar e eu vou continuar amando você, mas dessa vez em silêncio, tentando todos os dias me convencer de que afinal de contas... Só não era pra ser. E isso, talvez não seja só uma suposição.
"Não se importava com mais nada. Raramente chorava e nunca deixava transparecer sua dor. Dessa vez, porém, chorou descontroladamente. Conheceu a linguagem das lágrimas, a mais universal e penetrante de todas as locuções. Sentou-se numa mureta que contornava um belo jardim onde cresciam margaridas, jasmins e violetas multicoloridas. Seu mundo, no entanto, era destituído de cores e de flores."

- Augusto Cury
"Nós temos na língua portuguesa mais de 400 mil palavras e eu não consegui usar nenhuma delas para evitar que você fosse embora."

- Autor Desconhecido
"Mas a verdade é que a gente funciona como uma espécie de celular. Tem horas que a gente está perdido pelos lugares, tem horas que a gente é jogado no chão sem perceber. Tem horas que a bateria está cheia e as forças todas recompostas, e tem horas em que a bateria está apitando, implorando por uma recarga. Chega um tempo em que a gente perde a graça, que as pessoas enjoam e fazem a gente sair de moda na vida delas. E no meio dessa difícil vida de eletrônico, chega aqueles dias em que tudo que a gente mais quer é ficar desligado, sem receber ligações, mensagens ou ter que ouvir o despertador apitar."

- João Pedro Bueno
"Eu queria ser engraçada. Dizem que as pessoas se apaixonam por quem é assim. Eu queria saber falar melhor das coisas que você provoca em mim, desde os medos até as curiosidades. E queria, principalmente, me admitir fraca sem a menor culpa, mas você não precisa saber disso. Eu queria ser o melhor, para mim, para você, para nós. Mas acontece que eu sempre escapo da estrada boa. Tenho mania de precisar passar por mutos buracos até entender que nem tudo precisa ser tão difícil e dolorido. Quando eu escrevo, falo alto demais e nessas de gritar pode ser que você se ensurdeça ou enlouqueça quando não entender nada. Eu queria também poder entender melhor mas não entendo nada, por isso, não se esforce. Eu quase não valho a pena. Talvez eu valha a pena nos dias ímpares, porque sempre gostei mais deles, mas nos dias pares nem a minha sombra vale. Ou vice-versa. Não sei ainda se isso é uma regra, não decidi. Eu queria escutar mais música alternativa, essas que as pessoas dizem são pura cultura, ou ler os clássicos que todo mundo leu enquanto eu escolhi um livro qualquer. Queria saber dançar melhor, esse tipo de gente também leva lá as suas vantagens. Ter um gosto refinado para vinhos, ser boa em arquitetura, um sorriso menos torto e menos cara de quem sempre perde. É, eu queria ter o ar dos vencedores, quem sabe isso te prendesse em mim, demonstrasse mais confiança, mas eu só sei tremer de medo em silêncio. E você dorme, não vê tudo isso e mesmo assim me vê de um jeito que o espelho não me conta. Eu queria ser metade do que você vê. Metade do que as revistas dizem que devemos procurar em alguém. Metade do que os meus sonhos pedem. Eu queria ser quem te falasse ao invés de escrever. Mas o que eu sou, entre linhas, entre erros e acertos, sorrisos tortos e gostos trocados, é tudo teu."

- Camila Costa 

sábado, 10 de setembro de 2016

And it's something that I should know

Demorei alguns anos pra me erguer da nossa separação. Te mandei um número incontável de emails, mensagens e sinais de fumaça. Acho que por nunca ter conseguido ir embora, me manter em contato mesmo que sozinha, era um jeito de amenizar a falta absurda que você me fazia. Mas eventualmente eu me ergui. A vida seguiu. No natal do ano passado eu tava feliz, lembra? Tava cantando Tim Maia e beijando homens com nome de anjo. Pensando em você. Mas sem peso no coração. Eu pensava em você e desejava com a alma a tua felicidade e o teu bem estar. Já tinha aceito que você não me amava. Já tinha colocado um ponto final, aceitado que você iria casar e ter filhos com alguém que não era eu. E tava tudo bem. Doía vez ou outra quando eu pensava que talvez, só talvez, se eu tivesse te mostrado o quanto eu te amava, você não tivesse ido. Mas isso também passava. Meus amigos estavam ali o tempo todo e quando isso não adiantava eu apelava ao whisky, ao samba e a um moreno do sorriso espetacular mais uma vez. E você voltava a ser a minha ausência mais dolorida, o meu amor que não deu certo e aquilo que infelizmente, não era pra mim. Aí eu emanava coisas boas ao universo, te pedia segurança, rezava pelo teu sorriso e implorava de joelhos pra que você fosse enfim o homem mais feliz que pudesse ser. Assim que eu notei o quanto eu te amava. Não importava se você tava aqui, desde que fosse feliz. E eu ignorei aquela dor que você me causou. E eu ignorei o teu egoísmo. E eu ignorei. Mas por ignorar tanto, te deixei voltar. Te deixei dizer que eu era perfeita, que você sentia saudade e que você me queria. Te deixei voltar sabendo o efeito que cada palavra dessa tinha e te permiti arrebentar meu peito inteiro de novo. Porque pra você voltar era como uma brincadeira. Você não me queria. Continuava não me querendo. Continuava não ligando pra tudo que eu sentia. E continuava egoísta ao ponto de estragar mais um aniversário meu. Egoísta ao ponto de me estraçalhar inteira depois de tantos anos em que eu fiz das minhas feridas em carne viva um grito de sobrevivência. Eu tinha te superado. Ou pelo menos tinha parado de doer, sabe? Mas você voltou. Voltou me olhando como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. Voltou como se no seu coração existisse um pedaço meu. Voltou como se ainda pudéssemos ter uma segunda chance de consertar o passado. E eu quis. Meu Deus como eu quis. Eu quis acertar o que eu quebrei. Quis te mostrar que eu podia ser milhões de vezes mais mulher, ou o que você precisasse, porque eu com a alma teria feito qualquer coisa pra você não ir embora de novo. Eu nunca soube como partir. Mas teria feito o inferno pra você não ir. E talvez você não saiba, não faça ideia. Mas a coisa mais difícil da minha vida foi aceitar que você tinha ido de vez. E agora você foi. Você partiu. Provavelmente vai casar e ter filhos com ela. Agora você foi. Foi me mostrando de novo que você não se importa se ir embora me destruísse, me mostrando que não, você não me ama e que infelizmente pra mim, vão ser precisos mais alguns anos pra entender que por mais que eu rezasse todos os dias pra você ser feliz, eu nunca consegui rezar pra te esquecer. Nem antes e nem agora, agonizando em uma dor que você podia ter evitado se não tivesse resolvido brincar com alguém que você com certeza sabia que te amava mais do que qualquer coisa no mundo inteiro.

Onde você tava?

Eu nunca soube ir embora. Nunca soube como ser a pessoa que simplesmente some. Mas por você eu aprendi. Aprendi a deixar aquele teu amigo que provavelmente estaria comigo até hoje, esperando por mim. Aprendi a machucar as pessoas que achavam que tudo era uma brincadeira pra mim, até que por você a brincadeira acabou. Eu não pedi pra te amar. Mas aprendi como é olhar alguém indo embora impotente. E por muito tempo achei que a culpa era toda minha, afinal, quantos eu machuquei antes de você? Seria talvez, meu castigo. Eu nunca soube ir embora. Sempre coloquei pontos finais ou fazia uma besteira que não desse pra desculpar e a vida seguia. Aí veio você. Destruindo meu muros de segurança, me trazendo um conto de fadas estranhamente escrito pelo destino e me fazendo crer que existia mais do que brincadeiras na madrugada. Veio você sendo tudo o que eu sempre acreditei que não existia. Veio você e desde o primeiro segundo, eu me apaixonei. Me apaixonei tanto, que mal podia reconhecer a pessoa que me tornei. Me ajustei a você como se você fosse a única coisa importante no mundo. O que pra ser sincera, era. Você era a coisa mais importante do meu mundo. De diversas maneiras. Você era o que me fazia acordar e preparar um café quente, pra que tua manhã no trabalho fosse mais calma. Era o que me fazia ter o almoço pronto no horário porque talvez, a manhã tivesse sido pesada e tudo o que você precisasse era de um almoço pronto e um banho quente. Era o que me fazia preparar algo para tarde, caso você e o cara que estava com você naquela hora te deixando a salvo por mim sentissem fome. Era o que me fazia pensar na janta, porque você comia bem. E você gostava de tudo ao seu tempo. Eu me tornei triste. Porque por dentro muita coisa tava errada. Mas era você ou por você que eu ainda buscava maneiras de te fazer se sentir amado. A cama arrumada. A roupa lavada. O café sempre quentinho e o pão do jeito que você gostava. O video game. Minha mania de tirar seu colete por você e meu silêncio ao te ver se afastando. Eu não queria te incomodar, porque o trabalho já era demais, minha família já era demais. Eu não queria ser demais. Não queria ser um peso. Por isso não gritei socorro, pelo menos até ser tarde demais. E ai você decidiu por nós dois que tinha acabado. Decidiu que não havia em mim nada de bom pra ficar. Decidiu que não me amava mais. Decidiu ir embora. Mas, eu nunca soube ir embora. Nunca soube arrumar as malas e partir. Por isso voltei. Milhões de vezes em desespero. Porque eu não sabia ir embora. Nem sabia pra onde ir. E eu sei que não tentei. Mas sempre que penso em tudo isso, me pergunto onde você tava quando em silêncio eu comecei a morrer? Onde você tava?
"Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem. Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos… Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem. Amar com coragem não é viver com coragem. É bem mais do que estar aí. Amar com coragem não é questão de estilo, de opinião. Amar com coragem é caráter. Vem de uma incompetência de ser diferente. Amar para valer, para dar torcicolo. Não encontrar uma desculpa ou um pretexto para se adaptar. Não usar atenuantes como “estou confuso”. Amar com fúria, com o recalque de não ter sido assim antes. Amar decidido, obcecado, como quem troca de identidade e parte a um longo exílio. Amar como quem volta de um longo exílio. Amar quase que por, por bebedeira. Amar desavisado. Amar desatinado, pressionando, a amar mais do que é possível lembrar. Amar com coragem, só isso."

- Fabricio Carpinejar
"Já tive outros e já amei outros. Já sofri por eles e já quase te esqueci graças à eles também. Mas depois que acaba, no fim, ou no intervalo de um para o outro, quando só me sobra eu mesma e minha confusão, meus sentimentos me encaram e me confrontam, e eu só vejo você. Só tem você ao meu redor no sábado de noite terminando com alguém. Tem você quando eu me fecho e não deixo ninguém entrar na minha vida, porque morro de medo e é sua culpa. Você na forma como eu escrevo, na música do Leoni, no texto da coca-cola. Cada parte do que eu sou… ainda é você. Mil anos e alguns caras depois e ainda é você."

- Iolanda Valentim


"Eu fiquei aqui com as minhas dúvidas e perguntas e todas ás vezes que você estava ausente, eu inventei a sua parte da conversa. Tem ideia de como isso pode enlouquecer alguém?"

27-03
"Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar."


- Friedrich Nietzsche

domingo, 4 de setembro de 2016

"Eu sou feliz, cara. Eu sou feliz demais. Mas eu sou infeliz demais, quando penso em você. Quando penso no que poderia ser, no que poderia ter sido. Eu sei que não dá. Eu nem quero que dê. Não quero mais. Mas não sei o que fazer com esse nó. Vai passar né? Eu sei. Com o tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de te ressuscitar as vezes, me domina."

- Tati Bernardi
"Entenda que você não vai esquecer. Não vai esquecer o primeiro beijo, a primeira briga e muito menos o último carinho, tampouco o último dia. A diferença é que com o tempo você vai amadurecer e não é a dor que vai te lembrar, mas um gosto, um cheiro e talvez um alguém que passar por você na rua. Talvez se lembre com arrependimento ou com a certeza de que fez a coisa certa. No final, tudo ainda vai está lá, só que ocupando outro lugar na sua vida."

- Rascunhos
"Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela… Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto “caçador” e fazem qualquer homem sofrer … Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável… Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples… Um dia percebemos que o comum não nos atrai… Um dia saberemos que ser classificado como “bonzinho” não é bom… Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você… Um dia saberemos a importância da frase: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas…” Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso… Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais… Enfim… Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito… O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras… Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."

- Autor Desconhecido
"Mesmo quando não é bom, mesmo quando cansado e egoísta você não espera por mim e vira pro lado pra dormir ou pra voltar à sua bolha egocêntrica de tudo o que é seu, eu sempre me apaixono por você. Todas as vezes que te vi, nesses últimos quatro ou cinco anos, eu sempre me apaixonei por você."

- Tati Bernardi

Você não é o amor da minha vida

Eu sou a pessoa mais egoísta do mundo com você. Brigo por ciúme e fico brava quando você sente ciúmes de mim. Não suporto que você duvide do que eu sinto, ainda que eu nunca te dê segurança alguma sobre isso, mas vivo desconfiando do que você sente. Realmente não sou justa quando se trata de você. Meu aniversário, eu devia estar aí ou você aqui. Mas eu fiquei, fiquei e beijei o cara que até hoje eu digo ser o amor da minha vida. Te fiz ir embora duas mil vezes me fazendo dona da razão, incluindo uma quase definitiva a dias atrás. Pensando com clareza, é um milagre você sempre voltar. É um milagre você ligar, insistir, lutar com unhas e dentes por alguém como eu. É um milagre você aceitar meus pedidos mimados, minha chatice, falta de humor e tristeza constante. É um puta milagre você me fazer acreditar no amor estando em pedaços por outra pessoa. O que não deixa de ser outro milagre. Você sabe que meu coração sofre por outro e mesmo assim você quer me curar. Me faz rir isso. Você quer me curar. Mas não por egoísmo. Você quer me curar, só pra me ver bem de novo. E não importa o quão puta da cara eu estou ou quantos absurdos falei pra você a noite. Mesmo assim você me manda bom dia todos os dias. Mesmo assim você se certifica todas as tardes de ver como anda meu humor. Me lembra de comer, dos remédios, exercícios e incentiva todos os sonhos absurdos que eu tenho porque sabe que isso faz coisas como a depressão se afastarem. E mesmo nos dias ruins, a noite você tá lá, me fazendo rir, falando de futebol e dos nossos nove filhos. E eu não te mereço. Não mereço todo esse cuidado, todo esse amor. Me sinto uma panaca, das grandes por te fazer ficar. Mas em segredo eu agradeço. Agradeço a todo momento por você lutar por mim. Por você ser mais forte que meus defeitos. Por você nunca ter me deixado ainda que eu gritasse por isso. Agradeço por você espantar meus medos, minhas inseguranças e minhas neuras. Agradeço por você mesmo de longe sempre me proteger. Por nunca ter cogitado me deixar e por tentar todos os dias me lembrar do quanto eu sou bonita. Eu nunca falo nada disso pra você, mas te ter na minha vida ainda que na inconstância, me salva a alma todos os dias. Me ajuda a levantar da cama. A pensar nos dias que ainda não vieram. Me faz crer que têm alguém que pode ser meu conto de fadas afinal de contas. Você e a tua persistência amenizam a minha escuridão e me fazem respirar enquanto todo resto me puxava pra tempestade em alto mar. Com você é sempre tão calmo, tão bom. E graças a Deus você viu através de todo esse egoísmo meu, de todos os defeitos e de toda a ruína e decidiu por algum dom divino que ia cuidar de mim. Você sem saber me torna melhor e em momentos como o de hoje quando você diz que me ama nas entrelinhas e me faz sorrir, você restaura um pedaço de mim que eu podia jurar ter perdido pra sempre. Então você pode não ser o amor da minha vida, mas você não tem ideia do quanto eu agradeço a Deus todos os dias por você não ser ele e por acima de tudo, você fazer tudo que ele por egoísmo, falta de empatia ou sadismo, não fez por mim.

Me ajuda aqui!

Eu sei que provavelmente ela tem um pedaço teu que eu nunca tive e que provavelmente ela faz teus olhos brilharem daquele jeito espetacular na maior parte dos dias. Sei que as brigas de vocês acabam a maior parte em reconciliação e sorrisos, ao contrário das nossas. Sei que é ela tua paz, teu pedaço bom do mundo e não eu. Sei que é ela que você vai aconchegar nos teus braços toda noite e que com ela é fácil. É simples. É leve. Ao contrário do que seria comigo. Sei que com ela você vê um futuro que ficou impossível ver ao meu lado. Também sei que de um jeito bem maluco, eu perdi o amor da minha vida. E tá ai uma coisa que eu não sei. Eu não sei como enfrentar isso. Não sei dizer pra mim mesma que dessa vez é pra sempre. Não sei como desejar - por mais que eu tente - que você seja o cara mais feliz do mundo do lado dela, que você tenha três filhos lindos e que me esqueça de vez. E eu sei que não te dei motivos suficientes pra ficar, assim como sei que o que eu tenho não basta agora como não bastou da outra vez. Mas me diz como tirar isso da cabeça de vez. Me fala como ir em frente sem pensar que você não achou sequer um motivo pra não ser egoísta com a minha dor mais uma vez. Me dá razões fortes pra te odiar. Me faz querer te esquecer e apagar tudo de uma vez por todas. Me faz dizer que eu sei o que eu tô fazendo, mesmo que eu não saiba. Me ajuda! Me ajuda a ser alguém que não chore toda noite assistindo Grey's Anatomy ou que soluce quinhentas vezes ouvindo Dancing On My Own antes de dormir. Me ajuda a olhar teu aniversário tatuado no meu braço e não pensar que daqui pra frente eu não posso mais te mandar mensagens. Me ajuda a não te procurar na rua toda vez que eu saio de casa buscando um abraço. Me ajuda a não encolher o corpo ao pensar que eu te perdi. Me ajuda a fazer alguma coisa com esse buraco no peito que ficou no teu lugar. Me ensina a não sentir tua falta vinte e quatro horas por dia. Me ensina a esquecer o que a saudade é. Me ajuda! Me ajuda a entender, por mais que eu já saiba que é com ela que a tua vida vai ser construída e não comigo. Me ajuda a responder pra mim mesma aquela velha pergunta que vem sufocando meus sonhos desde o dia em que você parou de me enxergar. Eu sei que tenho defeitos imensos. Sei que ela tem menos vocação pra tempestades. Sei que ela te ama. E provavelmente que você também a ama. Assim como eu sei, mais do que tudo, que não há no mundo alguém que possa nessa vida te amar mais do que eu, mas vem cá, e você? Você deixou de me amar? Você sente minha falta? Onde foi que eu te perdi? Eu acho que sei as respostas, mas me ajuda. Me dá uma mão aqui. Me responde: Por quê você não me enxerga? Por que você foi embora de novo?
"Você precisa fazer alguma coisa, as pessoas dizem. Qualquer coisa, por favor, as pessoas dizem. O que não dá é pra ficar assim. Nem que seja piorar, nem que seja enlouquecer. Olho o rosto das pessoas. Tem os ossos, dai tem a parte de dentro. Tem os olhos e tem o fundo dos olhos. Da boca saem esses sons. De repente alguém encosta em mim. Pra perguntar com o quentinho da mão se estou ouvindo e entendendo. Sorrio e torço pra pessoa ir embora. Torço pra alguém chegar, só pra torcer bem pouquinho por algo. Mas dai a pessoa começa a falar e torço pra pessoa ir embora. Não tem o que fazer, não tem o que dizer, não tem o que sentir. Sou uma ferida fechada. Sou uma hemorragia estancada. Tenho medo de deixar sair uma letra ou um som e, de repente, desmoronar. Quando toca uma música bonita, minha ironia assovia mais alto. Um assovio sem melodia. Um assovio mecânico mas cuidadoso, como tomar banho ou colocar meias. Outro dia tentei chorar. Outro dia tentei abraçar meu travesseiro. Não acontece nada. Eu não consigo sofrer porque sofrer seria menos do que isso que sinto. Tentei falar. Convidei uma amiga pra jantar e tentei falar. Fiquei rouca, enjoada, até que a voz foi embora. Tentei aceitar o abraço da minha amiga, mas minha mão não conseguiu tocar nas costas dela. Não consigo ficar triste porque ficar triste é menos do que eu estou. Não consigo aceitar nenhum tipo de amor porque nenhum tipo de amor me parece do tamanho do buraco que eu me tornei. Se alguém me abraçar ou me der as mãos, vai cair solitário do outro lado de mim.Se eu pudesse usar uma metáfora, diria que abriram a janela do meu peito e tudo de bom saiu voando. Eu carrego só uma jaula suja e escura agora. Se eu pudesse usar uma metáfora, eu diria que tiraram as rodinhas dos meus pés. Eu deslizava pelo mundo. Era macio existir. Agora eu piso seco no chão, como um robô que invadiu um planeta que já foi habitado por humanos. Mas eu não posso usar metáforas porque seria drama, seria dor, seria amor, seria poesia, seria uma tentativa de fazer algo. E tudo isso seria menos.Não briguei mais por você, porque ter você seria muito menos do que ter você. Não te liguei mais, porque ouvir sua voz nunca mais será como ouvir a sua voz. Não te escrevo porque nada mais tem o tamanho do que eu quero dizer. Nenhum sentimento chega perto do sentimento. Nenhum ódio ou saudade ou desespero é do tamanho do que eu sinto e que não tem nome. Não sei o nome porque isso que eu sinto agora chegou antes de eu saber o que é. Acabou antes do verbo. Ficou tudo no passado antes de ser qualquer coisa. Forço um pouco e penso que o nome é morte. Me sinto morta. Sinto o mundo morto. Mas se forço um pouco mais, tentando escrever o mais verdadeiramente possível, percebo que mesmo morte é muito pouco. Eu sem nome você. Eu sem nome nós. Eu sem nome o tempo todo. Eu sem nome profundamente. Eu sem nome pra sempre."

- Tati Bernardi
"Mas eu te entendo, se eu tivesse opções, também não me escolheria."
- Realistar
"Então não adianta querer dizer que esqueceu que não existe mais ou que está tudo enterrado, existe sim e você sempre vai carregar com você, na sua memória e no seu coração, tanto faz se é uma coisa boa ou ruim, faz parte de você e da sua vida e isso você nunca poderá mudar."

- Milena M. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

"Mas é que, chega um momento em que as palavras não conseguem descrever a tristeza que a gente sente."

- Sigilografou

E agora?

Você disse: "Voltei com a minha ex", respondeu meu "amo você" no fim da conversa com um "idem" e eu chorei. Chorei a alma pra fora de novo. Senti a dor maçante de te perder sem ter controle algum pela segunda vez. E quem disse que foi mais fácil? Foi pior! Pior de tantas maneiras que eu mal sei como te explicar. Eu tava ali me despedindo querendo gritar um "fica". Tava ali te vendo dizer que eu sou importante pra você em silencio e querendo te perguntar o que falta em mim pra você me querer. Meu peito inteiro gritava uma sinfonia de desespero, meus olhos já adaptados a sofrer por você bateram seu record de lágrimas e quase que como em um despertar, me vi sem vida de novo. Fiquei anos querendo mentir pra mim mesma que estava te superando e você voltou. Voltou pra me mostrar que eu fiz tudo, menos te superar. Voltou pra me jogar na cara que meu desespero pra amadurecer, ficar mais leve, mais bonita e mais centrada não tinha a ver com crescimento pessoal e sim com você. Porque na minha cabeça era isso que faltava. Faltavam qualidades em mim pra que você na hora certa fosse capaz de me abraçar e dizer que nunca mais ia embora. Agora você foi. Mais uma vez. E de novo, eu choro por você me escapar entre os dedos feito areia. Choro por te amar sempre de uma maneira imensa e principalmente porque a cada dia que passa você se faz mais distante de mim. A cada escolha que fazemos, escolhemos o mundo, menos os caminhos que poderiam religar nossos laços. Você é o amor da minha vida. Minha historia mais bonita e mais doída. É também quem enche meu peito de luz. E é quem me drena a alma e a alegria ao escolher qualquer coisa menos eu. E eu fico nesse constante questionamento que grita e grita noite após noite: o que falta em mim? O que falta em mim? O que falta em mim? Por que eu nunca te basto? Por que eu não mereço outra chance? Se amor bastasse, você nunca teria ido, afinal uma das minhas únicas certezas é esse amor imenso que tenho por você. Mas não tem a ver com amor. Tem a ver com que então? Preciso de um corpo melhor? De uma mente mais calma? Preciso aprender a não falar palavrão? Ou falta estabilidade? Me diz e eu dou um jeito. Eu fico loira, se preciso for. Me dedico mais, demonstro mais, te dou paz. Eu sei que sou furacão, sei que sou tormenta e total confusão, mas eu aprendo a não ser. Aprendo a domar os trovões, o gênio e as reações em cadeia. Aprendo a destruir minha fé, a olhar o mundo com menos magia e mais racionalidade. Aprendo novos gostos. Juro até deixar o Corinthians de lado e não querer sexo toda hora. Te prometo. Eu mudo. Basta conversar comigo. Basta me dizer o que é que tanto falta em mim que te faz querer ir embora toda hora. Me diz! Me diz qualquer coisa que seja melhor que essa estaca no meu peito. Qualquer coisa que pelo menos por algum tempo me faça não achar que sou eu o problema. Porque eu tentei, tentei de tudo. Até piada eu fiz. Mas eu sofri bastante também. Teu egoísmo comigo é incompreensível. E tuas escolhas que te afastam são sempre demais pra que eu possa entender. E eu não entendo. Talvez porque eu te ame demais. Ou talvez porque eu simplesmente não consigo me olhar no espelho e não me perguntar onde é que eu errei dessa vez? O que foi que faltou? O que foi que eu fiz que te fez resolver mais uma vez ir em frente sem olhar pra trás? Ir sem olhar que você me deixou de novo, com o coração cheio de esperança, um amor imenso e a cabeça imersa na tristeza de ter que dizer mais uma vez que talvez, só talvez, acabou e não adianta o quanto eu queira que isso seja mentira, porque na verdade você escolheu tudo, tudo, tudo, tudo... Menos me dar a chance de te mostrar que afinal de contas, eu também merecia uma segunda chance.
"O mundo só acabou porque eu estava lutando para consertar tudo. E qualquer um sabe que eu não sou bom fazendo esse tipo de coisa."

- Ciceero M
"Dei uma pausa, respirei fundo e voltei a rir. Não tinha mais nada a ser feito, a não ser rir. Então ali estava eu, rindo e rindo muito. Quem foi que disse que as pessoas só rir da desgraça alheia? Eu estou aqui, rindo da minha própria desgraça e vendo por um lado, estava muito engraçado, porque eu sabia que isso iria acontecer, mas mesmo assim eu tentei e olha só, agora estou aqui largado no chão rindo. Será que eu nunca vou aprender? As pessoas dizem que aprendemos com os nossos erros, mas eu não consigo é só você aparecer que eu me recuso a aprender algo. Eu não aprendo que você vai me arrancar sorrisos e depois partir de novo e eu ficarei aqui como estou agora, rindo, rindo feito um idiota, mas eu sei porque estou assim, porque você me faz bem e ter você é como estar seguro e ultimamente eu ando inseguro de tudo e além de tudo eu acredito, eu acredito que um dia você não queira partir e resolva ficar. Ta vendo? Eu nunca vou aprender que isso não vai acontecer."

- João Paulo Ferreira
"Eu ando por aí com a sensação de que algo foi esquecido na nossa relação, você não? Falamos demais e tocamos de menos. Reclamamos demais e absorvemos de menos. As lágrimas desceram quando era o riso quem deveria surgir. Nós nos perdemos exatamente no momento em que o caminho deveria ter sido lado a lado, morremos demais quando era hora de existir. Insistimos de menos, quando a ideia era desistir da dor. Mais, mais, mais, mais e mais no momento em que deveria haver um menos, um nem tanto, um calma aí. Era pra ter tido calma, paciência, espera, entrega, troca, o perdão e respeito, mas a gente tinha em cada uma das mãos, duas lanças afiadas e nenhum escudo. A minha bagunça toda no meio da sua e nenhuma paciência pra arrumar. O meu caos perdido no seu, e sem nenhuma mão pra segurar. Deveríamos estar lutando lado a lado, e não atacando um ao outro. Amor não é só entrega. O amor é um amontoado de coisas grandes demais para ficarem num peito só, e pequenas de menos para serem seguradas com uma só mão. Não tem de haver só barulho, não tem de existir só calor, o peito tem que esfriar as vezes, o gelo precisa partir. Devem existir rupturas para que os espaços se combinem entre si , mas a gente se tornou duas esferas gigantescas de aço e farpas apontadas para si mesmas, e sem nenhum espaço para arranhões. O amor só encaixa nos espaços que a gente sede. Amor pra ser amor tem que doer, não machucar. Tem diferença o existir do viver, assim como é diferente o escorrer do derramar. Entende agora? Ando por ai com a sensação de que esqueci algo nisso tudo, e eu acho que você também esqueceu. Você me esqueceu amor."

- Cíceero M
"Mesmo com o nada feito, com a sala escura, com um nó no peito, com a cara dura, não tem mais jeito, a gente não tem cura."

- Chico Buarque
"De repente eu percebi que o jeito certo de esquecer você não é ficar com um cara qualquer ou fingir que a gente não existiu. Você e eu nos amamos. E você quebrou meu coração, eu estou fazendo o que posso para encarar esse fato."

- Blair 
"Hoje o dia amanheceu cinzento, sentei-me na grama e observei o imenso horizonte sem nuvens, uma dor aguda e repentina tomou conta de mim, meus olhos encheram-se de lágrimas, tristeza aguçada: talvez sejam suas lembranças implorando para serem lembradas."

- Cartas para Yasmin
Senta, vamos conversar.
Não estou aqui para dizer nada além da verdade. Mas, pensando bem, a verdade não existe. Entre a minha verdade e a dela existem umas mil mentiras, doses de orgulho, manipulação e pontos de vista que jamais irão concordar. Ainda fico pasmo na fragilidade que tem os sentimentos e a inconstância que tem aqueles que o sentem. As coisas rapidamente mudaram e tudo foi ao chão. Será que é assim com todo mundo? Ah, deve ser. Não sou mesmo lá tão privilegiado assim, embora às vezes eu caia no engano de acreditar que sou mesmo rei do mundo. Mas se todo mundo passa por isso, preciso encontrar alguém que me explique como agir nessas circunstâncias estranhas. Uma palavra que não foi dita, uma resposta não dada para uma pergunta que sequer foi feita e pronto: acabou, nada vai voltar a ser como era. Ao menos foi o que ela me disse e parece que não existe algo que eu faça vai mudar isso.
Pergunta pra ela, então, meu amigo. Pergunta se a culpa é toda minha mesmo. Descobre pra mim se há algum cenário em que eu recupere a sua confiança, alguma dimensão em que a gente ainda se veja uma vez por semana, algum ponto de vista em que ela não tenha achado que amou mais que eu. Como as pessoas são complicadas, né? Que bom que tu ainda vem aqui conversar comigo, existem horas em que parece que eu fiz tudo errado. Eu me deixo levar fácil pelos julgamentos, se todos me colocarem pra baixo não terei escolha senão descer. Ora, eu não sou assim! Sou fogo, sou alegria. Em que momento será que fui deixar as coisas ficarem desse jeito? Se uma ação leva a outra, quisera eu saber qual foi a primeira peça que caiu nesse dominó.
Depois a gente acerta tudo aquilo que errou. Depois é muito tarde, antes tarde do que nunca. Nunca mais vai ser aquilo, aquilo é ilusão. Ilusão é querer voltar, querer voltar é mais normal que possa parecer. Tudo o que possa parecer não chega perto do que eu queria demonstrar, pois o que eu queria demonstrar é muito maior que minha capacidade de acertar. Acertar é complicado, deixa pra depois. Depois a gente acerta tudo aquilo que errou. É um círculo vicioso e eu estou preso nessa roda. Você já se desprendeu? Eu aposto a sua vida que tem algo te matando. Me mata saber que nós somos passado, agora “nós” é apenas eu e você.
Então, that’s over baby. Ela me disse que acabou e ponto final. Agora só fico me perguntando sobre tudo o que a gente viveu. Vai lá, pergunta pra ela! Pergunta pra ela se ainda existe alguma lembrança boa, pergunta, me faz esse favor. Pergunta pra ela se vai ser sempre amor mesmo que mude ou se sobre nós ainda ninguém nunca vai saber de tudo.
Pergunta se valeu a pena e fala que eu ainda não esqueci.
- Paulinho Rahs