sábado, 26 de novembro de 2016

O que eu não deixo...

Talvez você nunca seja capaz de me entender e talvez nem queira. Você foi a segunda pessoa que me fez sentir o mundo alinhando a primeira vista. Gostei do seu perfume, da força do seu abraço, da sua voz, da maneira com que você me olhava e da segurança aparente que me passava. Não foram precisos mais de quinze minutos para que eu entendesse dentro de mim que você era uma daquelas raridades que o destino nos traz de presente as vezes. E eu fiquei feliz. Insegura. Meio doida. Com medo. Mas feliz. Me senti viva de novo, com o coração quentinho e achei o brilho nos olhos de novo. Você nem imagina, mas eu tinha perdido tudo de bom que existia dentro de mim pelo caminho e graças a você dizer de forma firme tudo o que eu nem sabia mais que precisava, eu me senti viva. Não sei bem onde foi que eu me perdi, nem em que momento você resolveu desistir do problema ambulante que eu sou. Mas doeu. Doeu porque com você nada foi a toa. Nada foi simples. Com você eu larguei os medos, os motivos e as desculpas pra não me envolver de verdade. Com você eu baixei a guarda, desfiz a cara amarrada, deixei você entrar. Acreditei em destino. Tentei fazer tudo certo. Te mostrei meu lado mais medroso, meu lado mais fraco, com a certeza de que eu teria colo e aí que eu errei. Ao pensar que você me entenderia e me protegeria do mundo e de mim mesma, eu pisei em falso. Acordei na queda. Voltei pra realidade. Você se afastou, eu te afastei. Fiquei brava, irracional, tentando te fazer me odiar e ir embora de vez. Mas você ficou em cima do muro. Hora querendo o mundo todo menos eu. Hora querendo estar perto. Ficou ali sem decidir. Sem demonstrar. E tudo que eu entendi foi a indiferença. Você passou do cara que me fez sentir vontade de andar do lado de alguém mais uma vez para o cara que tocou o foda-se pra minha existência. Passou a me ver com os olhos estranhos de quem não entende mais minhas atitudes, com a certeza de que eu sou um drama apenas e com a forma fria de não enxergar em mim mais coisas boas. Eu te avisei que eu era complicada, brava e que se eu perdesse a confiança em você, seria difícil. E eu perdi. Perdi a confiança. Perdi a felicidade extrema que te ver me causava. Perdi até mesmo a vontade de me descomplicar pra você querer ficar. Perdi muito. Mas não deixei de te olhar com os olhos de quem sente por você uma imensidão inexplicável e concreta. Não deixei de te querer. De querer ser pra você alguém maior que uma muralha. Não deixei de te desejar, de sentir sua falta, de querer você deitado comigo na cama. Não deixei de pensar em jeitos pra você ficar. Não deixei de desejar por uma chance pra nós dois. Não deixei de pedir em oração o tempo inteiro pra você me desarmar, me abraçar e desistir de ir embora. Não deixei de querer não ter explosões. Não deixei de precisar de você. Não deixei de querer te ver todos os dias. E acima de tudo não deixei o lado que te vê como um lixo, ser maior do que o lado que te vê como o homem que eu queria chamar de meu. Pra ser sincera, tudo o que eu queria era nós dois mais uma vez recomeçando o caminho que eu achava que seria nosso por muito tempo. Mas se você não voltar, tudo bem, eu me ajeito com meu coração e dou um jeito de ter certeza que no fim das contas... Só não era pra ser.