quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Eu não desisti, mas te deixei ir

Agora com a mente mais calma e o coração em ordem, vim falar com você. Foi triste de começo perceber que eu precisaria ir embora pra ser feliz. Ou se você prefere, te deixei ir. Sei que o teu ego não lida bem com essas questões de ser deixado, é sempre você quem precisa partir. E eu me acostumei. Não quero falar sobre o passado, ou sobre toda aquela dor. Sobre isso já sabemos de cor e salteado. Você me machucou de um jeito que nunca ninguém vai conseguir machucar, eu errei bastante também e ponto final. Anos se passaram, coisas aconteceram e só me sobrou a certeza de que é você. É você desde aquele samba na madrugada em que eu sai com o teu amigo, é você desde o primeiro ano ano novo, é você desde os primeiros cuidados, desde a alegria pra te rever, é você desde os sorrisos mais sinceros, os batons no espelho, a tinta na parede, o sexo no chuveiro, as pizzas embaladas com os Simpsons, é você desde o primeiro eu te amo embargado em vinho tinto, desde a tatuagem com o seu aniversário, desde o frio na barriga ao sentir o mesmo perfume de sempre, é você desde as centenas de despedidas, desde as inúmeras vontades de voltar, é você desde o beijo de aniversário que terminou em lágrimas. É você. Incontestavelmente é você. E ah, sempre vai ser. Eu te amo de um jeito que eu achei que era impossível. Você é aquele sonho bom que mesmo virando pesadelo nunca vai deixar de ser o sonho mais bonito que eu já tive. Você sempre vai ser a minha vontade de entrar em uma igreja vestida de branco e ter filhos meio chocolate. Você vai ser sempre os olhos escuros e o sorriso largo que estremecem meu mundo. Vai ser sempre os relacionamentos que eu estrago porque sinto sua falta e por falar em falta, você vai ser sempre a maior delas. Podem passar vinte anos, eu ainda vou saber exatamente como o teu coração batia mais forte cinco minutos antes de dormir e como aquela mancha em baixo do olho acertava o meu mundo. Você pode ter sido minha maior dor, mas foi com certeza o meu maior amor. E não há nesse mundo o que possa alterar o fato de que com você, eu encontrei um lugar no mundo. Nem sequer você mesmo pode mudar isso, por mais que tenha tentado e se esforce nesse quesito. Vai sempre ser você. Sempre. E em um mundo ideal, teríamos ficado juntos até morrer bem velhinhos. Seríamos protagonistas de um romance de Nicholas Sparks e teríamos Etta James na trilha sonora. Seríamos sempre um porto seguro e paz do outro. Mas nesse mundo, nesse momento, o ideal já não se encaixa. E pela primeira vez na vida eu entendi que nem sempre é por não amar que você vai embora. Então eu vou. Fui. Sem peso no peito, porque fiz até o que me feriu pra mudar o fato de que você queria que eu fosse. E tá tudo bem, sabe? Tá tudo bem porque esses últimos meses "perto" de você me fizeram reafirmar que eu achei o amor da minha vida, mas que ele não é pra mim pelo menos dessa vez. Tá tudo bem porque não importa pra onde iremos ou o que seremos, eu vou te levar comigo no peito pra sempre. E pra sempre ainda parece pouco. Eu vou ter sempre o que nem você foi capaz de matar, eu vou te amar pra sempre. E justamente por isso, eu quero que você saiba que todos os dias vou estar enviando somente o que de melhor eu tiver no peito pra você e que sim, apesar dos pesares, eu vou estar feliz por você. Eu te amo, sempre amei e sempre vou amar. E tá tudo bem se a gente não consegue ser nada juntos, porque você me fez ser inteira sozinha e quem sabe em uma próxima vida eu ache meu caminho de volta pra você e quem sabe lá, você esteja finalmente pronto e de braços abertos pra me fazer ficar ao invés de te dizer que eu sinto muito, mas ir embora parecia a única coisa a se fazer.
"Eu espero que você se cuide. Que tudo se resolva e coisas boas te aconteçam. Que alguém te ame de verdade e não te deixe na primeira dificuldade. Que você consiga distinguir quem te faz bem e quem só quer o teu mal. E caso não consiga, que supere o mais rápido possível quem te decepcionou. Que você saiba perdoar quando preciso. Que não fique recordando as coisas ruins que já te aconteceram. Que perceba antes que seja tarde, que está perdendo alguém que ama muito. Que você mude, pra melhor, e que nunca mais cometa os mesmos erros. E que saiba que, aonde quer que eu esteja, vou estar muito feliz por você."

- Milena Borges 

É preciso escolher

Eu sempre soube que a vida tinha um jeito especial de cuidar de mim. Em boa parte da minha caminhada tive a certeza de ser abençoada em cada passo, mas também sempre me senti deslocada. Acontece que em mim tudo é intenso demais e em um mundo onde o certo é o cinza, eu queria pintar cada paralelepípedo de uma cor diferente. Muitos me julgaram louca. Muitos nunca entenderam o que ser eu representa e por muito tempo isso me incomodou. Tentei me adequar as manias e "regras" de pessoas que por mais que tentassem nunca enxergariam o mundo como eu enxergo. Pessoas que não falam o que sentem por medo, enquanto eu grito uma, duas, quinhentas vezes se necessário. Pessoas que não veem beleza em detalhes, enquanto eu sou uma amante de coisinhas pequeninas que constroem o todo. Tentei ser quem eu não era por tempo demais, até que percebi que isso é cansativo demais. Hoje eu em paz me orgulho em dizer que tenho tendência ao caos e sou bem amante das tempestades. Me orgulho em dizer que tenho a alma em cores neon e que quando eu amo, não é por meses e sim pra vida. Me orgulho em dizer que eu erro e erro feio, mas que nunca machuquei sequer uma pessoa por vontade ou intenção. Em mim há sempre espaço para recomeços, perdão. E isso porque eu também preciso que me perdoem pelas trapalhadas que a minha mente sempre acelerada demais causa. Eu não sou uma pessoa ruim. Não sou cheia de planos malignos e nem quero destruir alguém. Os que me machucaram, machucaram. Não há nada que mude isso. Não sou eu que vou guardar dentro de mim dor e mágoas. Em mim guardo tão somente aquilo que de bom deixaram. E espero que um dia, os que eu machuquei também possam sorrir ao lembrar de algo bom que passaram perto de mim. A vida é feita de escolhas. E eu resolvi escolher o caminho mais puro e em paz que eu pude. Não posso mudar o passado, quem me dera. Mas posso ir em frente tentando todos os dias ser melhor e melhor e melhor. Há tanto de bom espalhado por ai, que seria egoísmo sofrer. A vida têm um jeito especial de cuidar de mim, quase como se eu fosse especial além da conta e eu nem sei o porquê, mas sou grata. Sou grata por em um dia de bagunça ter achado o amor da minha vida sambando e rindo ao universo. Sou grata por ter vivido esse amor. E também por tê-lo perdido. Ainda que nessa vida eu não tenha enfrentado nada mais doloroso que isso, perder aquele sorriso me ensinou muita coisa sobre os outros, mas principalmente sobre mim. Aprendi que quando é amor, não interessa distância, destino, reciprocidade ou dores. Porque quando você ama, ama mesmo, ele pode ser o idiota que for e ele ainda será o seu idiota, o seu amor. Aprendi também que se morre sim de saudade, mas continua-se vivo. Morre-se um pouquinho a cada dia e cada lembrança. Morre-se ao lembrar da vontade de envelhecer do lado de quem já se foi. Aprendi que não tenho o controle de nada e tentar forçar a barra, só piora tudo. E aprendi que a fé, é uma coisa gigantesca. É ela que te faz crer em um dia de reencontro, é ela que te ergue da cama todos os dias ainda que teu peito esteja dilacerado, é ela que coloca dias de sol no meio das tempestades e é ela que te faz ouvir lá no fundo do peito um "continua" depois de você chorar uma noite inteira pensando em desistir. Não é fácil e nem nunca vai ser, mas se depender de mim, a minha fé na vida, no amor e em mim mesma, vai sempre me fazer escolher sorrisos largos, abraços apertados e dias ensolarados, vai ser me lembrar que tudo bem se o mundo for cinza, porque pra mim, cinza é só um painel esperando as inúmeras cores que a minha alma continua trazendo dia após dia pro meu caminhar.

sábado, 20 de agosto de 2016

Minha maldição, minha bênção

"Me perguntam o que eu vejo nela pra ainda me manter aqui. Não é fácil responder, assim como nunca é fácil explicar o que se sente. Em resumo é um inferno do lado dela e é pior sem. Pra falar a verdade cara, ela é maluca, raramente de um jeito bom. Realmente existe algo nela que foi quebrado de vez, ela tá quebrada, danificada,estragada. Têm horas que realmente é impossível amá-la e 
ela é realmente difícil de ser amada. É como se ela tivesse uma maldição correndo pelas veias e nunca soubesse como fazer isso sumir. Eu não posso salvá-la, por mais que eu queira e também não posso fazê-la mudar. Tentei. Mas apaguei a única luz que iluminava a escuridão que ela traz no peito na tentativa e têm sido uma luta diária desde então para mantê-la em pé. Ela é um desses acidentes feios de rua andando na minha frente. Tudo que se vê nos olhos da pequena é destruição em massa e até ela mesma sabe o quão monstruosa ela pode ser quando ela opta seguir o lado animal que reside ali lado a lado com o que restou de humanidade. Não me entenda mal. Eu a amo com tudo que eu tenho. Mas eu admito, ela é fria. Fria, sarcástica, meio bomba atômica e tubarão branco. Ela te esmaga com um olhar e sorri por ter feito isso. A minha menina é do tipo extremo, sem meio termo, sem brincadeira. Estilo chave de cadeia mesmo. Mas ela também é minha maldição. E é por isso que eu fico. Por isso que eu nunca a largo no escuro. Porque apesar dos pesares, da destruição consciente que ela causa e de toda a dor que ela traz, existe naquele olhar algo perturbadoramente doce. Ela nunca disse que me ama, mas sempre me manda ficar quieto antes de dormir pra poder ouvir somente as batidas do meu coração. Por incrível que pareça isso a acalma e a faz dormir como anjo. Como posso não achar isso doce? Ela é escuridão, mas morre de medo do breu absoluto. As vezes penso que ela é dor porque lá dentro existem coisas que doem muito mais do que eu jamais vou poder entender e por mim, tudo bem. Tudo bem porque ela sem falar nada, me faz entender que eu preciso estar ali. Quando ela tem pesadelos, ela me puxa e me segura forte até se acalmar de novo. Ela precisa de mim. E não pense que eu não preciso dela. Eu preciso dela mais do que qualquer coisa no mundo e este é o meu céu, apesar de ser também meu inferno. Ela é meu paraíso, é a minha redenção do mundo, mesmo sendo também meu maior pecado e minha maior tormenta. Quando ela está sorrindo eu juro, nada mais importa, nada mais pesa e eu posso enfrentar fácil os demônios imensos que ela tem porque isso é fácil. Difícil mesmo é ter que viver em um mundo de paz onde tudo está certo, mas não existe ela ali do meu lado em silêncio fazendo todo barulho parecer a nona sinfonia do Beethoven."

- Bruno S.

domingo, 14 de agosto de 2016

Fui porque não conseguia te amar

Tirei a aliança do dedo e fiquei um tempo em silêncio com ela na palma da mão. Agora no apartamento só haviam as minhas coisas e no lugar das suas havia somente um vazio ainda estranho pra mim. No meu celular já não estavam as milhares de fotos que tiramos sorrindo nesse vai e vem acelerado e sem sentido que fomos e você tinha cumprido a promessa da noite passada. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem e nem sequer um sinal de vida. Por um lado eu estava incrivelmente triste por termos finalmente decidido seguir em frente um sem o outro, mas em contrapartida havia um pedaço de mim que estava em paz. Eu e você vínhamos nos desgastando a meses, talvez por isso eu esteja me sentindo em paz por termos tomado uma decisão definitiva. Mas isso não quer dizer que eu não me preocupe com você nesse instante. Eu me preocupo. Me preocupo e me doo por me pensar que nos separarmos foi a única opção que encontramos. E eu podia culpar a distância, a vida corrida ou a tua péssima mania de nunca querer desistir de mim. Podia até mesmo tentar fazer aquele velho discurso sobre o tempo e blábláblá, mas a verdade é que por mais que eu tenha tentado, eu não amo você. Eu me importo. Eu me preocupo. Eu gosto de você. Mas eu não te amo. Se eu amasse eu não aceitaria que você fosse embora. Se eu amasse, eu teria dito algo ontem enquanto teus olhos imploravam por palavras e eu só conseguia te dar o silêncio. Se eu amasse, eu nunca teria beijado o cara que estraçalhou meu coração. Se eu te amasse, eu planejaria uma vida do teu lado e nunca me cansaria de estar no teu colo no fim dos dias. Se eu te amasse, eu me esforçaria mais. Me dedicaria mais. Seria mais. Mas eu não amo. E por não amar, eu não te dei o melhor de mim. Engolimos erros, enterramos traições e fechamos os olhos para defeitos que dançavam a nossa frente. Fizemos de tudo pra não terminarmos, mas por que? Pra que? Não foi por amor. Talvez medo. Talvez eu tivesse medo de ficar sozinha de novo tanto quanto você temia recomeçar sem mim. Talvez tenha sido isso e mais quinhentos monstruosos motivos, mas não foi amor. Nós dois nos aturamos, brigamos pela companhia e toleramos o pior um do outro porque sabíamos no fundo que o melhor jamais viria. E eu sei que agora você pode estar com raiva de mim, pode até ser que esteja amaldiçoando a minha vida amorosa ou torcendo pra que eu tenha que ficar no escuro na hora de dormir. Pode ser que nesse momento você não enxergue, mas quem sabe amanhã com a cabeça fria... Quem sabe amanhã pensando claramente, você veja que eu não decidi ir por não te amar e sim porque eu nunca te amei e eu não desejo a ninguém estar do lado de alguém que não te ama. Já aconteceu comigo. E por gostar demais de você e te respeitar demais, eu nos fiz ir em frente. Te deixei livre pra achar alguém que te ame, porque eu, sinceramente, ainda hoje só consigo amar aquele cara que uma vez anos atrás ficou comigo enquanto já não me amava mais. Te peço desculpa, mas acredite, mesmo sendo egoísta eu te fiz um favor e impedi que teu coração sofresse ainda mais ao descobrir que no fim das contas, eu nunca te amei de verdade.
"Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo, é com ele que contamos: o tempo. Queremos dormir e acordar dez anos depois curados daquela ideia fixa que se instalou no peito, aquela obsessão por alguém que já partiu de nossas vidas. No entanto, tudo o que nos invadiu com intensidade, tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente não passa. Fica. Acomoda-se dentro da gente e de vez em quando cutuca, se mexe, nos faz lembrar da sua existência. O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo, deixá-lo em paz no quartinho dos fundos e abrir espaço para outros acontecimentos."

- Martha Medeiros  
"Mas hoje eu senti uma saudade absurda de você. Como se eu pudesse ser qualquer outra coisa no mundo todo. E de repente eu só quisesse ser tua."

- Cíceero M.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Por que não ficamos juntos?

"...Ela, luz no sorriso, menina, mulher, estrela que brilha deitada no jardim, um presente que a gente guarda até o embrulho. No meu amor, foi tubo de ensaio. Testou as minhas alegrias, meus medos, até onde eu poderia ir, e me jogar, por amar alguém. Olhos pequenos, mas um coração feito melancia; doce, grande, mas com algumas sementinhas, amargas feito trauma, que a gente tira ao amar.
Hoje, enquanto escrevo no cantinho do meu quarto em que o abajur esquenta, me lembro dela e, ciente de que tudo isso não deixa de ser uma autoanalise, me deixo perfurar pelas lembranças que aqui se instalam. Por mais que poucos acreditem, eu tinha um amor, uma mulher que eu gostava feito sorvete de flocos. Sem arrependimentos, ou questionamentos bobos feito “valeu a pena?”, eu me perdi por ela, a envolvi no meu mundo, abri meus mapas e a deixei conquistar cada continente que havia por aqui. Nessa nossa viagem, alguns barcos afundaram, outros perderam seu rumo, e, alguns bons e poucos, ainda sobrevivem aqui dentro de mim. E convenhamos, manter um barco inteiro dentro de si, nem de longe, é algo de gente normal.
O tempo passou, e hoje, não me questiono mais por quais motivos ela não voltou, ou se ainda sente saudade, mas me pergunto por que não ficamos juntos? Onde que a gente deixou desandar algo tão bonito? Ou fui eu que errei e não percebi? Eu nunca sei o que responder. Maluco admitir isso, assim, à queima roupa, mas sempre me questiono “onde ela está?” quando me relaciono com alguém que não vê o mundo como eu vejo; a gente combinava tanto, o beija era primavera, o sexo verão, e o carinho um inverno sem fim.
Há algum tempo, disse que sem ela, voando alto nos clichês, não conseguiria mais viver. Sem ela, infelizmente, não haveria paz dentro desse coração que toda noite chorava mansinho. Por um bom tempo fiquei triste, perdido, sem rumo, desnorteado desde o último adeus. Mas, sem muitas opções, tive que me reerguer – charmes da vida. Mesmo que bem, depois de tanto tempo, há dias em que a saudade ainda aperta, sai pela boca, contorce entre as cobertas.
Dentro de mim, ainda sinto na loucura e no egoísmo, que talvez ninguém vá gostar dela como eu gostei. Coisa de gente louca, coisa de gente que ama em apneia. Mas, para mim, o mais triste é ter lucidez de que a nossa história nunca teve um fim. Foram vários e breves finais, tão sutis que nunca percebi em que momento a gente decidiu mudar de caminho. E quando me perguntam o porquê de não termos ficado juntos, eu me calo, balanço a cabeça como se estivesse pensando sobre isso há anos e, sem saber o que responder, digo: não sei.
Responder “não sei”, quando se trata de amor, é sempre uma resposta muito pobre. É uma dor que não se entende. É uma aventura que não se vive. Mesmo lembrando com carinho da gente, eu não sei o que aconteceu, onde o tesão se escondeu, nem onde a gente disse adeus e esqueceu de se abraçar.
Amores feitos à mão não podem acabar com um sopro. Ou pelo menos não deveriam. A gente construiu tanta coisa, viveu tantas histórias que serão lindas de contar… difícil engolir a dúvida do que seria e não foi. Ela foi a minha melhor notícia, foi um sorriso torto que endireitou o meu eixo cabeça-coração, foi um presente que desembrulhei e guardei o embrulho na esperança de um dia ele servir para algo – embrulhos bonitos sempre merecem ser guardados. E eu guardei. Indiscutivelmente, continua sendo um embrulho muito bonito, cheio de laços e saudades, mas que, quando abro, ainda me questiona: por que vocês não ficaram juntos?"
- Frederico Elboni

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Me apaixonar de novo? Sim! Talvez...

Talvez eu vá te machucar depois de uma briga sem sentido e talvez você se irrite com a minha péssima mania de ter certeza sobre tudo. Talvez você saia batendo a porta em um dia e passe alguns sem falar comigo tentando disputar em vão quem de nós dois é mais orgulhoso e adivinha? Eu vou ganhar. Talvez a gente tenha que trabalhar juntos durante muito tempo e pode ser que nem assim a gente consiga achar um jeito de amenizar as explosões quando elas chegarem. Eu posso dizer que te odeio, dizer que pra mim você não significa nada e sair da tua cama no meio da madrugada por estar brava demais. Talvez eu te faça chorar com palavras duras e talvez você me faça chorar com atitudes estúpidas. Talvez realmente a parte ruim de sermos nós dois fale mais alto e a gente resolva depois de um tempo que não tem mais motivo pra insistir. Talvez tudo isso aconteça mesmo. Vai saber. Mas até lá, eu vou ficar aqui. Até a gente ver que não conseguimos mais suportar um ao outro, eu não vou desistir. Não vou simplesmente te largar agora porque eu tenho medo demais de te amar de um jeito insuportável. Não vou dizer que não me importo, porque chuta? Eu me importo. Então eu vou ficar hoje. Vou ficar amanhã. Depois de amanhã. E para o almoço de domingo. Vou ficar porque talvez, você seja a melhor coisa da minha vida. Talvez você me ensine um novo jeito de amar. Talvez recrie uma paz no meu peito que eu já desconheço a anos. Vou ficar porque talvez eu possa te amar tanto, mais tanto, que eu só consiga pensar em passar o resto da vida do teu lado. Porque talvez, você me faça aprender a gostar de dormir entrelaçada com alguém e porque talvez, você seja pra mim alguém que não tem explicação. Talvez seja você. Talvez não. Talvez seja a gente. Não sei. Tudo o que eu sei é que hoje eu to aqui te dizendo que eu passo por cima dos meus medos. E que eu não prometo tempo bom o tempo inteiro. Eu tenho centenas de defeitos, sabe? Alguns você já conhece. E talvez isso um dia te faça ir embora. Mas talvez isso te faça ficar. E a gente só vai saber tentando. Então eu quero tentar. E não quero tentar com qualquer um, porque qualquer um não serve. Eu quero tentar com você. Eu quero aprender com você. E eu sei que os últimos tempos tem sido uma confusão. Uma pessoa do passado voltou, quase destruiu isso que a gente tem. Mas ninguém disse que ia ser fácil, né? Você tá querendo amar uma confusão ambulante! Não me culpe. O que eu posso te garantir é pouco. Porque garantia nunca foi o meu forte. Mas, do que eu posso aqui está: eu posso garantir que o passado é só passado. Posso te garantir que tô pronta pra amar de novo. Posso te garantir que eu vou lutar por nós dois. E talvez você esteja vendendo a alma para o diabo se disser que aceita. Mas mesmo assim eu te peço. Aceita? Aceita e eu te juro que posso te dar um mar de incertezas cheias de sentimentos bons e ruins. Aceita e eu juro de pé junto, de dedinho ou pela Santa que você quiser que sim, talvez seja horrível... Mas talvez a gente possa ser um mundo inteiro juntos. E pelo sim ou pelo não, eu prefiro acreditar que ainda que tenha sim a parte horrível, eu e você podemos ser também a melhor parte um para o outro. Entende? Eu posso fazer melhor. Você também. E juntos... Ah juntos, arrisco dizer que não tem nada, absolutamente nada, que a gente não possa fazer. Então é aquilo, me dá a mão que a gente descobre o que vamos ser no próximo capítulo...

O dia em que o amor pra vida toda se tornou só mais um tropeço.

Cada vez que eu respiro fundo, sinto uma paz repentina invadir meu peito. Desistir de você no final das contas não doeu tanto dessa vez. Posso até dizer que com certeza não doeu um terço do que doeu da outra vez. Desistir me pareceu sempre tão impossível e tão distante, que admito, mal parecia uma ideia. Por mim eu sustentaria o amor por você pra sempre em algum lugar calmo dentro do meu peito e seguiria a vida assim tendo a certeza de que o amor da minha vida não seria meu nessa jornada. E até arrisco dizer que já estava bem com essa ideia. Mas aí você voltou. Bagunçou toda minha vida. Mexeu nas minhas bases semi consolidadas. Me fez lembrar como é amar alguém que não me ama. Me tratou como se nada importasse. Bagunçou, mexeu, irritou... Me machucou de novo. Me fez voltar a ser a pessoa patética que eu era quando implorei pra você achar um bom motivo pra ficar comigo. E falar isso agora me fez sorrir. De um jeito quase que cinematográfico, você usou e abusou tanto do que eu sinto, que nem o amor foi suficiente. Você me cansou na alma. Me fez mais uma vez ter os olhos baixos quando tudo em volta de mim me levava pra cima. Então eu desisti. Desisti de forma dramática, avisada, forçada e arrogante. Desisti gritando, avisando e implorando nas entrelinhas um entendimento teu que infelizmente, nunca vai existir. E você pode até pensar que eu sempre faço isso, digo que desisto e volto com o rabo entre as pernas implorando por aquelas migalhas suas de pão velho. Pode até achar que eu tô mal, que isso tá doendo. O que você não sabe é que as coisas são diferentes agora. Não me importa mais o que você pensa, nem a forma como você ama. Não me interessa saber quem vai ser a próxima, se você vai casar ou se ainda pensa em mim. Talvez até bem pouco tempo atrás eu ainda me importasse tanto a ponto de querer sim saber de tudo. Mas hoje? Hoje eu peguei o cansaço que eu sinto quando eu penso que ainda te amo e toda a tristeza que você intencionalmente me causa e usei pra fazer o impensável. Usei teu lado ruim pra desistir de você. Mas não pense que isso me faz te querer mal. Não faz. Uma vez eu li que a pior parte do amor é não sentir mais nada e eu não entendia. Pelo menos não até hoje. E talvez seja um problema eu concordar que o amor da minha vida virou nada. Mas eu concordo. Acho que o amor imenso que eu senti por você vai estar sempre dentro de mim em alguma parte inevitavelmente. Acho mesmo. Mas também acho que já me é indiferente se vou te encontrar daqui uns dias andando pelo shopping ou algo do gênero. E é essa indiferença que traz o ponto final que eu nunca achei que teríamos. É ela que me faz te falar sem peso, sem dor, sem mágoa que por fim, desistir de você não machuca, pelo ao contrário.. Desistir de você me traz paz. Me traz renovação. E me deixa com a sensação de dever cumprido em uma história que tinha tudo pra ser a melhor, mas graças a você, não passou de um rascunho bem escrito que hoje, depois de tantos anos, finalmente vai para o lixo sem ser publicada.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Não fala nada, só me escuta...

Me dá cinco minutos de bandeira branca. Eu juro que não quero brigar, nem te cobrar pelos meses de espera. Nem sequer quero falar sobre o passado porque lá a gente já sabe, só ficou um rastro de dor. Eu quero colo. Quero que você me acolha por vinte minutos no teu peito em silêncio. Quero alguns abraços apertados, quem sabe um olhar que me diga tudo o que você nunca disse e de quebra um sorriso teu pra amenizar as minhas recentes tempestades. Veja, eu não tô te pedindo pra ser meu abrigo e nem pra que você me salve. Eu aprendi a fazer isso e mesmo te amando de uma forma completamente inacreditável, eu já sei que o nosso lugar não é um do lado do outro, então não precisa ter medo. Eu não vou me instalar na sua casa, não vou querer saber da sua rotina e nem vou interferir nos seus planos para o futuro. Acredite. Eu quero mais a tua felicidade do que eu quero você e exatamente por isso, eu jamais decidiria ficar sabendo que posso te impedir de ser tão feliz quanto você merece ser. Mas eu ainda não fui embora e se me perguntar porque... Eu vou ter duas mil respostas diferentes. Não pretendo te contar quais são as tempestades que venho enfrentando e nem quero que isso aconteça. Quero na verdade que você pense em mim sorrindo. Se possível. Quero um tempo neutro do teu lado, um carinho e alguns instantes de certeza. Quero a paz que teus olhos me passam e a calma que teus braços me fornecem. Quero o silêncio interno que a tua voz me dá e quero um tempo longe de tudo do meu mundo. Eu não quero que você fique o resto da sua vida comigo. Tudo o que eu quero é que você enxergue nas entrelinhas desse texto um pedido de trégua. Um pedido de quem é de carne e osso e tem passado por um momento complicado. Um pedido de quem te ama demais e só precisa de um pouquinho de você pra ficar bem. Depois a gente volta cada um pra sua vida corrida, pra suas tempestades pessoais e pra todo o resto. Você volta a ser você. Eu volto a ser eu. E a gente volta a deixar a gente no passado, lá naquele tempo onde a dor falou mais alto. Mas isso depois. Por enquanto, me dá o presente. Me reabastece a alma por alguns instantes. Me acolhe nos teus braços e me diz ainda que sem palavras, ainda que sem entender o porquê... Que tudo eventualmente, vai ficar bem.