quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O ano de 2015 foi em disparada o pior ano da minha vida. Juntou todas as perdas dos outros anos com uma dor que eu não fiz nada para merecer. Trouxe pessoas ruins, amargas e hipócritas que tentaram de todo custo me colocar como a vilã das histórias. Por vezes me destruíram, me fizeram não andar mais com a cabeça erguida, me fizeram desistir acima de tudo, de mim. Levaram a minha esperança e a minha fé para longe. Em alguns momentos, jurei que não aguentaria mais um dia. Chorei mais do que sorri. Gritei em desespero mais do que me senti em paz. Vi um velho e antigo amor-amigo virar ruína, vi um erro arrebentar meu peito, assim como tive que conhecer e desconhecer pessoas fingindo não ligara para nada disso. Não pude explicar meu passado. Não pude me explicar. Não segurei ninguém do meu lado. Fui de perda em perda, me encolhendo cada dia mais. Agora, no fim do ano, precisei de ajuda para entender que pensar em suicídio é algo grave. E precisei também de ajuda para entender que pedir socorro não é vergonha nenhuma. Hoje, confesso meus defeitos, meus problemas e me exponho com as feridas abertas, já sem medo. Percebo que, quem não pode entender os maus momentos, não dará real valor aos bons. Percebo que amor mesmo, não passa, mas adormece e confesso que já lido melhor com saudade, com perda e nostalgia. Com tanta coisa ruim, tive que aprender mais sobre mim mesma e me dar o devido valor. Tive que aprender a me defender, dos outros e principalmente de mim. Reencontrei minha fé na vida, nas coisas simples. Cujo, de tão simples me fizeram ver que mesmo sem ter uma família de sangue, tenho bons e fiéis amigos. Esse ano me fez valorizar velhos parceiros de guerra e os aceitar, mesmo quando erram. Percebi que para mim, pessoas não são descartáveis e que por isso, eu estou sempre disposta a ajudá-las, mesmo quando me machucam. Percebi que assim como ainda sinto nojo e raiva de alguém, alguém também inevitavelmente sente isso por mim. Entendi que não posso agradar todos, mas devo me contentar com a paz de espírito quando deito para dormir. Não acertei em tudo, aliás, mais errei que acertei. Mas, sei do fundo do coração que fiz o melhor que eu pude por todos os que eu pude. Com certeza machuquei alguém, isso acontece. E se aconteceu, de verdade, desculpa! Eu hoje peço perdão sim, mesmo que meus erros aparentemente sejam imperdoáveis. E peço porque isso faz de mim alguém melhor para mim mesma. O ano foi infernal. Me fez sentir o peso acumulativo de todos os machucados que trouxe até hoje e isso, me fez ver que perdoar não é nada fácil. Minha saúde, oscilou em sustos e sustos. Eu também não ajudei. Não ajudei a mim mesma, mesmo sabendo que precisava ser minha própria salvadora, em alguns momentos. Conheci pessoas realmente incríveis, que por sua vez me agregaram a visão de algum jeito. Me tornei, no balanço geral, mais madura. Mais forte. Mais segura. Mais eu. Aprendi, acima de tudo, o quanto eu mesma mereço meus cuidados e meu amor. Mudei o visual, engordei muito! Mas,não me arrependo, nem de uma coisa e nem da outra. Como falei antes, foi um ano praticamente insuportável. E foi ali, quando beirou deixar de ser algo que eu conseguia enfrentar sozinha, olhei em volta e vi que a maior bênção da minha vida, está exatamente nas coisas que dinheiro nenhum nunca poderia pagar na vida. Eu tenho, os melhores. Sendo eles amigos de infância ou praticamente irmãos. Eu tenho e me orgulho por ter pessoas pelas quais eu tenho uma imensa admiração e um intenso respeito. Tenho portos seguros, que me permitem desabar. E quando eu desabo, enfrentam as tormentas comigo. Tenho pessoas que me admiram, que me amam e que me respeitam. Pessoas que sabem o quanto a depressão e todo o resto me muda, mas são elas que dos seus jeitos me olham e me fazem lembrar do que eu realmente sou por dentro. Pessoas que restauram a minha fé na vida, em mim e nos outros. Que enxergam além dos meus erros, além das minhas trapalhadas e que são sempre capazes de me fazer ver que a minha essência realmente não muda. Eu me orgulho por ter mudado, por ter me tornado mais firme e por no fim das contas ter sofrido tanto. Afinal, o sofrimento realmente nos torna mais bonitos lá dentro, onde o que realmente importa sempre existe. Minha alma agradece minhas cicatrizes, porque no fim do dia são elas que me mostram mesmo as mais feias, do quanto eu ainda posso ir em frente. Desse ano, o maior aprendizado, foi me olhar por dentro, me perdoar e tentar perdoar os outros. Foi me reerguer quinhentas vezes e hoje, aos quarenta e cinco do segundo tempo poder erguer aos poucos a cabeça pra dizer que mesmo com medo, eu espero que 2016 continue me ensinando a ser e ter tudo que essencialmente valer a pena. Parei de comprar brigas tolas, parei de gritar a toa ou responder ofensas. É como dizem, o mal só tem poder quando damos atenção á ele e a ofensa, a inveja e a injúria, só nos pertencem se permitirmos. Caso ao contrário, que possamos desejar o bem, mesmo a quem tanto nos deseja mal. Nesse ano, por pouco eu não me entreguei e admito, mas, agora tão perto de virar de ano, entendo que certas dores são necessárias as vezes. Merecendo ou não. E entendo que, de um jeito engraçado o destino pode sim me surpreender trazendo na minha porta um novo amor, ou uma nova chance em um antigo amor, uma nova oportunidade, ou uma nova visão a algo que eu ignorei anteriormente, um novo dia, uma nova chance, um novo olhar e um novo jeito de dizer obrigada a todos que (cada um do seu jeito) fez 2015 me fortalecer e ser suportável.
Feliz novo ano, nova chance, novo modo de olhar a vida.
Obrigada a todos e mais uma vez, que hajam sempre outros amores, outras viagens, outros caminhos, sorrisos, porres, histórias, aniversários, choros e abraços apertados.
Á todos desejo do fundo do coração: muita saúde, muito amor, muita paz interna, muito sorriso, muito tudo daquilo que fizer você se sentir vivo todos os dias.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

"Quando o mundo parece um lugar absurdo e cheio de crueldade, desamor e falta de perspectiva, apenas fecho os olhos. Respiro fundo, procuro visualizar uma cena bonita, busco no baú de pensamentos o que me acalma, traz o sorriso e a serenidade outra vez. E assim, devagar e com uma esperança no canto dos olhos, procuro acreditar que tudo vai se transformar. Que o que é bom vai voltar."

- Clarissa Corrêa.
"E eu me encontrei lembrando de te manter longe de mim."

- Halsey


domingo, 27 de dezembro de 2015

"Não me leve a mal, comigo é tudo meio sem querer. Não tenho a intenção de estar distante, mas quando percebo já estou longe há muito tempo."

- Sean Wilhelm
Ficar triste é sempre pela primeira vez. Já fiquei triste tantas vezes, mas nunca assim. Porque o “assim” de ficar triste é sempre pela primeira vez. Já fiquei mais triste do que estou agora, mas nunca tão triste. Porque o “tão” de ficar triste, quando é tristeza mesmo, é sempre arrebatador e assustador e é pela primeira vez. É sempre com o peito virgem e assustado e infantil que ficamos tristes. É sempre com cinco anos, com fome, nus, gelados, segundos antes de morrer de falta de sentido por ter nascido. A tristeza é uma criança de rua com uma faca apontada pra falta de amor que o mundo ofereceu pra ela. Uma meleca no nariz que nenhuma mãe limpou se transformando nos olhos de um adulto assassino. A tristeza é um pedaço de vidro numa mãozinha pequena. A tristeza é um anjo que não arrumava ninguém pra poder agir como um anjo e foi ficando bem diabólico. A tristeza é ter que comer um risoto caro, com amigos felizes, quando só se quer vomitar no banheiro de casa, sozinha. E triste. Eu quero vomitar tudo. A água, a saliva, a língua, o seco da garganta, a amígdala, o apartamento de milhões de metros quadrados vazios que virou o meu peito. Quero vomitar minha pele, meus olhos, meu fígado, meus horários, minhas listas de vontades. Eu quero tudo fora, tudo fora. Eu quero eu fora. Eu quero ir pra fora de onde está tão devastado e de onde eu tinha pintado tudo de azul pra te ver sentado bem no centro. No centro do meu peito, você, com a luz azul da minha esperança. A tristeza me fez um milhão de vidas essa semana. Um milhão de almoços e jantares e projetos. Eu sorrindo, implorando às distrações que me levem, que façam remendos em meu peito perfurado pela violência do ar que não assovia mais os seus sons. A tristeza me fez cortar o cabelo e pintar de loiro. E me fez aumentar os pesos do pilates. E me fez prometer alguma sedução para alguém que jamais receberá nada de mim. Não existe nada mais triste do que essas coisas de dar a volta por cima e essas coisas de tocar o barco e essas coisas de sacudir a poeira e essas coisas medonhas que a gente fala ou pensa ou ouve. A tristeza são frases vazias e feitas e tediosas saindo de bocas vazias e feitas e tediosas. A tristeza me fez repartir o calmante no meio. Tomar um. E tomar o outro. Porque nem calmante eu to suportando ver pela metade. Que pelo menos no limbo da minha mente triste alguma coisa possa viver inteiramente. A tristeza é uma parede, uma geladeira, um computador, um telefone, uma televisão, uma cama, um elevador, um carro. A tristeza são as ruas, os jornaleiros, as pessoas gordas atravessando, as pessoas magras atravessando. A tristeza é o cinza, o vermelho, o azul, o transparente. A tristeza é a próxima música, a próxima seta pra direita, a próxima seta pra esquerda. A tristeza é o ar que sai e o ar que entra. A tristeza é o segundo de ar que se perde e fica mais um tempo. A tristeza é dizer que são cinco dias, são seis dias, são sete dias. A tristeza é a nossa última vez juntos fazendo quinze dias, dezesseis dias, dezessete dias. A tristeza é o amor ter acabado sem ter acabado. É não saber o que é amor e não saber o que é acabar e não saber o que é não acabar. A tristeza só sabe que é triste e todo o resto ela só tenta saber, mas fica louca e desiste. A tristeza é de uma simplicidade que a torna ainda mais triste. A tristeza é qualquer posição sentada ou em pé ou deitada. A tristeza é deitar e levantar. Tentar ou desistir carregam a mesma tristeza das coisas que não existem. Minha pele toca no pano, na água, na tela, uma mão toca na outra. Todos os toques são tristes. Todas as posições são tristes. Amanhã será triste, ontem foi triste. Hoje é o dia mais triste do mundo. É porque eu tenho medo de dirigir até o Morumbi no escuro? É porque eu uso pijama feio pra dormir? É porque eu sou egoísta e louca e tenho um dente torto? É porque eu ria de você e ria das suas coisas e ria das suas músicas e ria de nervoso porque eu gostava tanto de você que odiava você? É porque eu criei sete mil muros pra receber alguém mas queria esmurrar até sangrar o seu único muro como se você também não fosse humano? Ou é só porque é assim mesmo? Assim: finito, simples e triste demais. Hoje elegi o mais triste de tudo. É o banquinho que guardava a sua bolsa de carteiro e que não guarda mais nada. Ele agora é só o que era mesmo pra ser: um banquinho. Limpo, solitário, imponente, em sua nobre função de banquinho. Sua triste, desgraçada, branca, idiota e livre função de banquinho.
— Tati Bernardi. 
"Quero dizer que é preciso sair um pouco de casa, senão você acaba numa fossa danada e não demora está saltando também pela janela. Nem imagina como é fácil se meter numa dessas."

- Bukowski

O homem com nome de anjo I

E eu te peço, encarecidamente, que não me ame. Não ame, não se apaixone, não me queira bem e se possível, não se encante também. Peço que fique, hoje e amanhã. Quem sabe por mais umas semanas. Ou pelo menos enquanto os sorrisos forem os nossos únicos sons. Além, claro, daqueles impróprios para menores que fizeram a sua vizinha nos olhar feio no elevador. Peço que se levante e vá embora antes dos sons se tornarem constantes, antes de sermos algo de fato um para o outro. E se eu não conseguir levantar também, peço para que me ignore e parta sem peso na consciência. Peço que não me leve a sério, que não queira saber de mim, do meu passado ou sentimentos. Que não queira me agradar descobrindo meus gostos, meus hobbies ou preferências. Peço que se contente em saber apenas do que for superficialmente necessário. Como por exemplo, que odeio cerejas. Mas, não me pergunte o porquê. Não questione, não se aprofunde, não queira entender. Só saiba que eu terei o maior prazer do mundo em ir quantas vezes você quiser naquele bar onde nos conhecemos. Que eu vou sempre querer te ver bem e sorrindo. Saiba que eu vou contar piadas, dançar, sorrir e cantar com você. Que serei sempre simpática com seus amigos, conhecidos e afins. Que eu sentarei do seu lado se houver um jogo passando e que vou torcer junto com você. Que eu topo passar um dia todo jogando contigo no seu novo xbox sem reclamar. Saiba que, me comprometo em sair para jantar, mas que vamos dividir qualquer conta. Que vou ser parceira para qualquer viagem, qualquer programa e que se precisar vou até ir para o hospital contigo caso você exagere nas caipirinhas. Saiba que eu sempre vou me entregar cem por cento á você e aos nossos programas, desde que você nunca queira um "nós" para a vida. Eu não irei falar sobre meus antigos relacionamentos fracassados, não vou explicar minhas tatuagens ou a minha aversão á religião. Também não vou querer acordar contigo, mas tenho meus motivos. Que, claro, não vou explicar. Eu irei sim questionar aqueles números que você tem tatuado no peito, irei perguntar sobre sua profissão, sobre seus sonhos e te farei uma centena de elogios sinceros. Te prometo que caso seu carro quebre, eu me comprometo em ser sua motorista. E que eu farei sempre tudo o que eu puder para te ver bem. Irei sempre dizer que adoro seu nome de anjo, que me sinto protegida por que você parece o Hulk e que você fica uma graça quando sorri. Teremos todo o lado bom. Mas como eu disse no começo, te peço. Na realidade te imploro. Aceite que serei tudo o que eu puder, desde que você se comprometa a não se apegar em mim. Desde que você se contente em não saber nada, ou quase nada, sobre mim. Desde que você permita que a gente seja tudo isso, mesmo comigo indo embora antes de você acordar. E mesmo sabendo que mesmo quando somos tudo, não nos permitirei ser nada além do que já somos. Te peço, não vá. Mas, não queira ficar na minha cama, na minha vida ou no meu coração.
"A respeito do meu coração, você levou uma parte e eu vou ficar um longo tempo sem sorrir. A parte que ficou foi o adorno da saudade que costumeiramente me faz ter sonhos onde não sei se é bondade ou arma mortal, neles eu te abraço por uma eternidade, mas acordo no alento de perceber que é ilusão e se torna ferida letal. Achei que nunca me faltariam palavras, mas também nunca parei para pensar que um dia me faltaria você. Hoje minhas palavras embargaram na enchente que há em mim, sei que elas também irão e me tornarei sertão com falta d'água, de pranto e com ausência de um hospede que partiu sem querer. Meu coração destroçado só bate por insistência do meu sistema cardíaco, mas minha alma perdeu-se nessa vivência do seu morrer que faz aos poucos eu ir com você. Hoje sou pranto, amanhã serei seca e espero de novo florescer."

- Sobre alguém que se foi. 
No amor ninguém na verdade foi, porque quando se ama verdadeiramente quem se foi, sempre é e sempre será...

"Você foi o maior dos meus casos.
De todos os abraços, o que eu nunca esqueci.
Você foi dos amores que eu tive, o mais complicado e o mais simples pra mim.
Você foi o melhor dos meus erros 
A mais estranha história que alguém já escreveu
E é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez. 

Você foi a mentira sincera.
A brincadeira mais séria que me aconteceu.
Você foi o caso mais antigo.
O amor mais amigo que me apareceu.

Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter. 
Só assim sinto você bem perto de mim, outra vez.

Esqueci de tentar te esquecer. 
Resolvi te querer por querer.
Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade.
Sem nada a perder. 

Você foi toda a felicidade.
Você foi a maldade que só me fez bem.
Você foi o melhor dos meus planos e o pior dos enganos que eu pude fazer.

Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter.
Só assim sinto você bem perto de mim, outra vez."

- Roberto Carlos, Outra vez.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

"Elimine ás âncoras que não te levam a lugar nenhum e se agarre aos balões que te permitem voar bem alto."

- Desconhecido

Minha tão presente ausência.

Passei a madrugada do natal inteira rindo, gargalhando e trocando longos olhares com homens incríveis. Pelo menos fisicamente, incríveis. Conversei, dancei, ri mais um bocado de vezes e cantei Tim Maia mais alto do que o próprio cantor que alegrava uma nova balada da cidade. Conheci milhares de pessoas, entre seguranças e taxistas, fiz novos laços pelo caminho. Falei mais do que o comum, se é que é possível. E me diverti com isso. Mantive minhas mãos sempre ocupadas com um copo que se manteve cheio durante todo o tempo em que estive imersa na agitação do meu atual bar preferido. Fiz novos amigos, novos rolos, uma infinita quantidade de contatos e sorri mais do que o músculo da bochecha podia aguentar. Me entreguei de alma a noite como já não fazia a meses, quem sabe anos. Aprendi a gostar do decote aberto, das unhas pretas e do cabelo vermelho. Voltei a apreciar as bebidas fortes, cantadas jogadas ao vento e também a fumaça densa dos inúmeros cigarros que fumei. Não tive se quer um segundo de angústia ou tristeza, fui tão somente a pureza da máxima entrega ao momento. Voltei a sorrir, gargalhar e me impor como um ser humano único, que eu já nem sabia que ainda se mantinha aqui dentro. Me orgulhei por ter sido chamada de marrenta, no sentido bom e sacana da palavra. Também me orgulhei por ter passado a imagem ideal de alguém que é facilmente comparada a um tubarão. Desejei de coração coisas boas á todos que estavam a minha volta, sendo eles conhecidos ou não. Beijei um cara, com nome de anjo. Me encantei com outro que não tirava o sorriso do rosto, mas era atrapalhado que nem filhote de canguru. Entende sobre o que eu estou falando? Eu me senti viva! Senti alguma coisa aqui dentro queimando e me dando impulso para sabe Deus o que. E não me arrependo, de nada. Mas, preciso admitir, pensei em você enquanto cantava de olhos fechados uma música que trouxe tantas e tantas imagens a cabeça de volta. Talvez, por ter sentido sua falta enquanto eu era feliz, ali no meio da noite, eu tenha lembrado de como também posso ser triste. Naquele micro segundo de suspiros nostálgicos que me renderam a saudade de você, notei que os anos vão passando, as pessoas vão entrando e saindo da minha vida, eu vou mudando, mas isso aqui dentro de um jeito inexplicável se mantém vivo. Sabe? Não é como se eu te quisesse de volta, porque não quero. Mas, você ainda existe em algum lugar perdido no meu peito. Se eu te contasse que incrivelmente me propus para a virada de ano te esquecer de vez, você provavelmente estranharia. Eu também estranhei. Para ser honesta, nem se quer sabia que depois de longos anos, uma pancada de relacionamentos fracassados, muito choro e uma boa porção de sentimentos confusos, poderia eu me encontrar pensando em você hoje em dia. É estranho, eu sei. Aquela minha amiga que você odiava chegou a conclusão de que é normal pensar em você, porque verdadeiramente foi amor. O que, convenhamos, faz sentido. Mas, sejamos justos, já era para ter sumido. Não? Enfim, voltando ao ponto principal, eu senti uma saudade imensa da tua voz. Quis ligar, mandar sinal de fumaça, mensagem de texto, vídeo ou apenas um e-mail para dizer: cara, senti sua falta. Porém, pela vida ter feito o que fez de nós dois, eu preferi me manter em silêncio. Fiquei em silêncio, mas me permiti depois de tanto tempo ir até aquela sua rede social que eu sempre olhava de tempos em tempos. Digitei seu nome na busca e "plim" te achei. Sorri por ver sua foto de perfil e confesso, me perguntei se o escapulário seu no pescoço ainda era o que eu te dei. E ali, entre uma música e outra, um cigarro e outro e muitas gargalhadas, vi que havia um vídeo compartilhado a poucas horas. Mais por curiosidade do que por outra coisa, abri. Coloquei o fone e fui até o canto mais silencioso que encontrei. Escutei com calma o que Antônio Abujamra falava. Estava declamando Mário Quintana. Repeti o vídeo uma, duas, três vezes. Na quarta vez, gravei o seguinte trecho: "Quando se vê perdemos o amor da nossa vida... Se me fosse dado um dia, uma oportunidade eu nem olhava o relógio. Eu seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casaca dourada e inútil das horas... Eu seguraria o meu amor, que está muito a minha frente e diria "eu te amo". Na quinta vez que o repeti, desabei por um instante. Lembrei da gente, de tudo. Me senti, triste. Uma ou outra lágrima insistiu em aparecer e eu me perguntei se por acaso, você também pensou em mim. Te desejei nesse momento, somente o que de melhor havia no meu peito. Enviei paz, amor, felicidade e um punhado de sorte á você, seja lá onde estiver. Implorei ao universo o desejo mais forte dentro de mim, implorei que ele se encarregasse de te fazer o homem mais feliz e completo dessa terra. Respirei fundo, guardei o fone, bloqueei a tela do celular. Terminei meu whisky, já ouvindo novamente as gargalhadas gostosas da noite. Abracei o homem com nome de anjo e voltei a cantar em plenos pulmões mais uma do Tim Maia, que consequentemente também tinha muito a ver com nós dois. Voltei ao espírito de antes, sorri, beijei, gargalhei alto. Suspirei fundo e percebi que inevitavelmente a vida vai em frente. Nós fomos em frente. Eu me perdi de você, você se perdeu de mim. E se tudo sair como eu planejo, logo menos seremos mais desconhecidos ainda. Mas, mesmo assim, o que eu queria te dizer é que apesar de tudo isso, hoje eu percebi nesse lapso de saudade que você ainda é, mesmo que por cinco minutos a ausência mais presente da minha vida. E que isso meu bem, nem mesmo o passar do tempo é capaz de mudar.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Hoje eu pensei em te escrever, quem sabe ligar. Por algum motivo oculto, sua voz hoje me fez falta. E também me fez falta poder te ligar sempre que eu quisesse. É estranho, mas mesmo com tanto tempo passado, eu ainda sinto falta de conversar com você como antes. Sinto essa necessidade de te ter por perto sempre que eu não me encontro tão bem quanto finjo estar. Até acho que sinto mais falta do amigo e porto seguro que você era do que de fato de nós dois como um casal. Cheguei até a escrever um e-mail, mas apaguei antes de enviar. Essa incerteza em te procurar me incomoda. A gente se perdeu tem tanto tempo, que até parece sem lógica eu querer te ter mais perto, eu sei. Mas mesmo assim, hoje aconteceu. Queria te contar que deixei o Bruno ir embora, de novo. E se eu te contasse isso, provavelmente você iria rir. Iria dizer que é assim mesmo que acontece. E eu riria por te ouvir rir. O que por sinal, teria já tornado o dia melhor. Também queria te contar sobre estar me mudando em breve, sobre a nova cor do meu cabelo e sobre uma outra pessoa que ainda assombra meu coração. Queria falar sobre o quanto as coisas foram confusas nesses últimos tempos e perguntar se por acaso você ainda me entende. Queria confessar que não vou mais a igrejas, que voltei a dormir pouco e beber muito. O que te faria questionar toda e qualquer decisão que eu tomei nos últimos tempos e eu diria que de certa forma, continuo afogando as mágoas com whisky. Hoje eu quis muito te ligar para dizer que ainda não me sinto bonita e te pediria um elogio junto. Queria discar teu número e dizer que não ando bem, que meus bens ainda seguem bloqueados na justiça e faria até aquela brincadeira sobre leis que fazia você gargalhar. Queria dizer que o natal é amanhã, mas que eu não espero estar com mais ninguém além daquela minha amiga judia que você odiava. Queria poder ter a coragem para ligar e dizer para você não desligar porque eu precisava ouvir a sua voz um pouco. E precisava também falar sobre mim. Falar que li infinitos bons livros esse ano e que comprei um celular novo porque destruí todos os outros sem querer. Falar que eu não vejo mais sentido na vida, que perdi as esperanças no amor e que eu realmente comecei a pensar em me matar. Você provavelmente nessa hora entenderia, por me conhecer demais, que não é brincadeira. Você diria milhões de coisas e ficaria bravo só por eu pensar em dar um fim nisso tudo sozinha. Mas você também seria o único que entenderia o quanto eu preciso estar quebrada por dentro para pensar sobre o assunto. Sabe, eu voltei a ter pesadelos. Voltei a ter crises de pânico e tudo agora tem sido uma guerra para mim. E eu queria poder te explicar tudo isso, assim como queria poder saber que você continua me entendendo como sempre entendeu. Hoje, apesar de tudo, eu queria muito poder ligar e dizer que mesmo depois de tanto tempo, ouvir a sua voz continua sendo um bom motivo para continuar vivendo, mesmo que eu saiba que ouvir a sua voz também ajuda a me quebrar de novo e de novo e de novo. E que isso, no fim das contas se resume bastante na saudade que eu continuo sentindo de você.
Pela primeira vez hoje respirei fundo, quase estourando os pulmões de tanto ar que puxei para dentro. Me abracei por uns minutos e respirei, cada vez mais fundo. Depois de um certo tempo percebi que estava em paz. Me encontrei de olhos fechados, aliviada e deixando com que o vento batesse no rosto sem maiores arrependimentos. E então uma lágrima caiu, seguida de outra e outra e outra, inciando assim um choro profundo que de princípio eu não reconheci. Chorei feito criança pequena abandonada. Aquele choro alto, cheio de soluços e obrigando o corpo a se encolher um pouco. Não sei ao certo quantas horas se passaram, mas quando o choro finalmente parou, pela primeira vez eu entendi. Chorei porque doía estar aliviada por ter te deixado. Chorei porque estava claramente morrendo de saudade de um outro alguém. Chorei porque nada fazia mais tanto sentido assim. Chorei também porque semana passada comecei a pensar em suicídio, mas não pude contar para ninguém. Chorei porque me faz falta ter uma família, porque eu queria que os períodos de paz voltassem e também porque nesse momento me parecia horrível estar bem por ter acabado com o que a gente tinha. Que tipo de pessoa sou eu? Eu fiquei aliviada! Aliviada por não precisar mais segurar você em meio aos surtos que a droga te causa, aliviada por não precisar mais estar em meio ao caos para me manter bem e aliviada também por erroneamente ver você neste momento como um peso do qual inevitavelmente, eu me livrei. Agora parece que eu só te usei para aturar a dor que eu mesma não suportava sentir mais. Parece que te usei para fechar por fora algo que ainda vai doer por dentro por um bom tempo e só Deus sabe o quanto eu me sinto mal por me sentir assim. Era para doer em mim também o nosso fim, era para pelo menos eu sentir a sua falta hoje, mas não. Não dói. O que há aqui dentro é um imenso vazio gritando por coisas além de você e também, de certa forma uma preocupação contigo. Me preocupo porém, como amiga. Como alguém que te ama sim e muito, como alguém que quer te ver bem, mas também como alguém que não conseguiu te amar como homem. E isso me fez chorar, me fez encolher. Nada disso é justo, nem contigo e nem comigo. Quem sabe em outras circunstâncias a gente até conseguisse fazer dar certo. O grande problema é que neste momento, não. Neste momento eu preciso enfrentar os demônios que me cercam, preciso procurar ajuda para entender porque penso em suicídio, preciso respirar fundo e preciso de algum jeito esvaziar o coração. Neste momento você precisa encontrar força contra a droga, precisa de alguém que não seja tão caos quanto eu, precisa se erguer e ser tudo que sempre foi. Entende? Nós dois temos problemas seríssimos que juntos não seriam resolvidos. O meu caos com o teu caos quase nos matou. E eu não me arrependo, entenda isso. Não me arrependo, mas também não quero de volta. Eu vou estar aqui sempre, pronta para te ajudar de diversas maneiras e isso é uma promessa. Só não vou mais ser sua. Não vou ser mais o nós. E te peço perdão por isso, mas não me arrependo. E por não me arrepender, eu chorei, estou chorando e provavelmente ainda vou chorar por mais uns dias.
"Na primeira noite eu dormi bem, depois de encher a cara e chorar tudo o que eu tinha entalado, deitar na minha cama e esquecer que eu estava viva foi o que me restou. Na segunda noite, não consegui fechar os olhos, sóbria e imóvel, refiz em pensamento os meus passos do dia anterior, mas não consegui encontrar o meu erro. Na terceira noite dormi sem perceber, e acordei procurando na cama alguém que já não estava mais na minha vida. A quarta, quinta e a sexta noite se repetiram da mesma forma. A sétima, a oitava e a nova também. E depois o restante do mês. Hoje já são dois anos. O tempo passou e aquilo que tirava o meu sono, ocupava a minha mente e era a resposta da pergunta "O que você mais tem medo de perder?" perdeu-se com o passar dos dias. Passou a ocupar um lugar dentro de mim que nem sempre a minha memória consegue trazer novamente. É fato que a falta dele me afetou e não vou esconder que doeu. Mas hoje eu sei que nada volta. Nem eu."

- Letícia Silva

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

"Eu percebi que, na maioria das vezes, a verdade não importa, e quando as pessoas fazem uma ideia terrível de você, é assim que você será visto, não importa o que faça."

- Leonard Peacock
"Não se finja de forte se aquilo te mata por dentro, até o céu arruma uma forma de se libertar quando está sobrecarregado."

- Lorena K
"Eu continuava falando:
vai passar, babaca, 
tudo passa, 
é tudo uma piada
rindo da sua cara."

- Charles Bukowski
"E se o telefone tocar diga que eu morri, que estou mortinho da silva, estirado no chão da sala com o coração na mão. Diga que retirei meu coração com a mão, ele estava doendo demais."

- Caio Fernando Abreu
"Faz tanto tempo. As estações mudaram, as roupas no guarda-roupa são outras, o penteado ficou mais simples, o sorriso não aparece tanto quanto antes. As coisas mudaram porque tiveram a necessidade de mudar. Não dá para usar a mesma lâmpada para sempre, a mesma escova de dentes, o mesmo chinelo havaianas, a mesma caneta esferográfica que escreve essas analogias sem muito sentido. Um ano é muito tempo para se comover com as boas lembranças? E para se amargurar com as ruins? Sei lá, ninguém nunca estipulou um tempo para essas situações. Se é tempo demais, não faz a mínima diferença. Isso não muda o arrependimento de não ter feito tudo como gostaria. Certas coisas não aceitam modificação, mesmo que tenhamos muita vontade de mudá-las."

- Junior Lima
"A sua ausência machuca menos que a sua presença."

- Querido John
"Nenhuma palavra foi dita, mas aquele silêncio dizia muito."

-R.
Queria que fosse diferente. Sei que tenho dito muito isso, mas é verdade. Eu realmente queria que houvesse um final diferente, quem sabe um desses de filme, aonde os erros são perdoados, as mágoas esquecidas e o casal protagonista consegue viver feliz "para sempre". Queria isso, ou pelo menos que houvesse a possibilidade de um passe de mágica reconstruir o que foi quebrado, que nem nos desenhos que ainda hoje insisto em assistir quando a alma sente o peso da vida. Que fosse mágica, pacto, destino reescrito, recomeço, amnésia ou sorte. Qualquer dessas coisas seriam melhor que o que temos agora. E eu juro para você, se houvesse como alterar tudo, tenha certeza, eu faria. Daria o sangue, a alma ou a vida sem nem pestanejar. Já quebrei a cabeça mil vezes pensando em como alterar o inalterável e isso, confesso, me deixou um pouco mais triste. A nossa atual realidade é triste. Simples assim. É algo triste e irreparável. É uma condição amaldiçoada, um feitiço bem feito contra o que deveria ser simples. Você, ainda me ama. Eu, moveria céus e terras para te ver bem. O que deveria bastar, mas infelizmente não é tão simples. Nessa vida, só o amor por vezes, não basta. Seja você com seu vício autodestrutivo, ou eu com esse coração arrebentado. Seja o mundo, os astros ou o clima. Sejam as notícias, os problemas ou pesadelos. Seja o que for, sempre tem algo que entra na frente de um sentimento como o nosso. E eu queria poder te dizer que a gente vai ficar bem. Mas, não posso. Não dessa vez. Talvez por termos sempre insistido tanto, tenhamos perdido a noção dos limites que ainda devem ser respeitados e consequentemente, ultrapassamos o único que não deveria ter sido ultrapassado. Eu te machuquei com palavras, você me feriu sem querer. Cada um com a sua parcela de culpa, culminando no inevitável descompassar do fim. Eu te abracei forte ontem porque de uma maneira estranha eu já sabia que seria um dos últimos abraços que eu como sua, poderia te dar. Nosso fim está longe de ser indolor. Você vai sentir falta, eu vou sentir falta. Serão dias sombrios a frente. Eu sei que você vai se enterrar ainda mais nisso que vem te matando de pouco em pouco. Você sabe que eu vou ter que parar para ouvir o que anda gritando aqui dentro. E isso nos apavora. Um vai ficar sem o outro e acabaram as desculpas para não enfrentar o que está em cada um. Você por todos esses meses foi meu alicerce de segurança, minha fuga, meu refúgio. Você silenciou meus demônios, me fez conseguir enfrentar os dias e com isso afastou a dor tão insuportável a que eu fui submetida. Do seu jeito torto, você conseguiu gritar mais alto que todas as minhas tormentas juntas e em meio ao caos me fez dormir em paz. E eu te agradeço. Agradeço porque sei que você me salvou de mim mesma e de tudo que poderia ter me matado. Agradeço sabendo que daqui para frente, sem você, vai voltar a doer mais do que eu posso aguentar. Mas, a gente tem que ir em frente. Juntos, a gente perdeu completamente o medo. E no nosso caso, aparentemente, isso não foi tão bom assim. Eu não quero te ver sofrer, não quero que você se destrua mais e muito menos que o nosso fim possa significar um passo a mais para o fundo do poço, Você ainda é e vai ser sempre um dos meus melhores amigos, o que te torna único para mim. E o que torna ainda mais difícil conseguir ir. Eu queria que fosse diferente, volto a dizer. Queria que meu coração fosse só seu, que minha cabeça não lembrasse de nenhum outro rosto e que minha tristeza fosse toda por sua culpa. Queria, mas não é bem assim e você sabe. Eu sou um acúmulo de erros, sentimentos e perdas. E exatamente por isso, eu tenho que ir. Mesmo sem querer. Mesmo sem saber como. Mesmo sentindo que te deixando, estou deixando mais um pedaço de mim por ai. Eu preciso ir, já me adianto dizendo que já estou com saudade, mas o caminho tortuoso não é teu, então me deixa ir, mas fica sempre com os braços abertos sabendo que amanhã ou depois, eu volto. Volto para te dizer que limpei a alma e posso finalmente ser a tormenta que vai acalmar teu caos.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

"Que tipo de pessoa gostaria de ser vista junto á uma bomba? Meu pavio está encurtando e eu estou prestes a explodir. Você não tem medo? Não tenho problemas... Eu sou. Não gosto de gostar das pessoas, vou sumir, voltar e desaparecer de novo. Vou virar seu mundo de cabeça pra baixo porque já não basta o meu, eu preciso deixar o dos outros bagunçado também. Eu juro que se pudesse colaria uma plaquinha na minha testa com o escrito "sou um problema". Não sou o tipo de pessoa que traz paz a alguém. O que você vê em mim? Eu sou uma granada. Você está de mãos dadas á uma granada! Não enxerga o problema em que está se metendo?"

- Wilian Plantz
"Fique longe das pessoas que te fazem sentir como se você fosse difícil de amar."

- Desconhecido.
"Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, as vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la."

- Martha Medeiros.
"Eu queria gritar o mais alto possível que sinto saudades de você. Gritar até meus pulmões não aguentarem mais, até esse sentimento se esvair por completo, porque estou cansada de tanto de você dentro de mim."

- Ingrid Andrade.
"Ouvi dizer que "quem perde o teto ganha as estrelas", mas quem perde o chão, ganha o que? O inferno?"

- via "Desnortiada". 
"Contudo, todos n[os precisamos de fuga. As horas são longas e têm de ser preenchidas de algum modo até nossa morte. E simplesmente não há muita glória e sensação para ajudar. Tudo logo se torna chato e mortal. Acordamos pela manhã, jogamos o pé para fora da cama, colocamo-los no chão e pensamos: "ah, merda, e agora?"

- Bukowski.
"Chorei. Chorei porque aparentemente não havia uma solução. Chorei porque eu era a única pessoa que poderia fazer alguma coisa, mas, não pude. Chorei porque eu estava tanta saudade que não sabia onde eu estava. Chorei porque nenhum porre desse mundo poderia me impedir de chorar. Chorei por todas as coisas que tive de abrir mão, por todas as pessoas que abriram mão de mim. Chorei porque era tudo que eu poderia fazer, chorar como uma criança desesperada. Chorei pelo cansaço, pelas dores nas costas, pela falta de alimento no estômago, chorei porque acreditava em tudo, e hoje já não havia mais nada para acreditar. Chorei porque eu estava em todos os lugares, mas, nenhum deles era o meu lar."

- Orquestrando.
"O problema é que eu sou explosivo, explodo em momentos inoportunos e essa explosão causa grandes estragos, catástrofes com amplitudes gigantescas."

- André Vinicius.
Eu provavelmente estaria sorrindo agora se não houvesse esse imenso desespero pesando no meu peito. Eu e você chegamos aos extremos, mas mesmo assim eu ainda não quero ir embora. Não quero te largar sozinho porque eu te conheço bem, sei que isso não acabou só comigo. Meu passado tão recente me fez ter esses estilhaços cortantes internamente e isso não passa nunca, por nada, a menos que você esteja me segurando firme. A gente provavelmente não se ama, tenho quase certeza de que somos os melhores tapa buracos um para o outro, mas mesmo sem que seja um amor sem dimensão, somos doentes. Doentes um pelo outro. Eu fico bem quando te acalmo. Você fica bem quando não permite que isso continue me cortando por dentro. E juntos, a gente até tenta. Quem sabe se a gente vai conseguir ou não? Contigo eu paro de ser orgulhosa, porque por mais que fira meu orgulho te dizer o que eu realmente sinto, acho que doeria mais se eu não pudesse dizer. Você acalma meus demônios, de jeito majestoso. Transforma minha escuridão em algo artístico. Faz dos meus defeitos, coisas simples de se lidar. Você me escuta, me sente, me protege e me torna dependente. Me torna presa em uma teia da qual eu ainda não sei se quero sair. Quando eu te olho, eu vejo não só o meu amigo de tantos anos, nem só o homem por quem sempre foi fácil voltar, mas vejo hoje em dia mais do que isso, vejo algo grandioso, imenso, poderoso. Você me agarra com tudo o que tem e eu te dou tudo o que tenho. E nem é de bens materiais que eu ando falando. Você me da tudo que é impagável. Me dá paz para dormir, força para acordar, silêncio para entender e gritaria para ser intenso tanto quanto eu preciso que seja, Você me devolve sonhos, me devolve as certezas e a fé. Faz com que eu seja um pouco mais resistente e me força a ser o teu porto seguro. Faz com que eu queira e precise cuidar dos teus surtos, da tua instabilidade e dos teus pesadelos. Você me faz necessária e demonstra isso quando desiste da droga para me olhar. Entende? O preço que eu pago por isso é pequeno! Tudo que de ruim você me causa, ao mesmo tempo você mesmo ameniza quando me dá um caminhão de coisas boas. Quando você me fecha entre teus braços, me apertando forte, o que dói tanto, passa. Você me faz esquecer de quem quase me levou a loucura. E dessa forma me mantém sã. Você é a minha certeza, mesmo sendo meu caos. É minha saúde, mesmo sendo minha doença. É minha força, mesmo me exaurindo. É minha rocha, mesmo me desmoronando. E faz com que eu queira ser para você o que vai te fazer pensar duas vezes antes de se entregar ao que te tira de mim. Você me faz querer ser para você, o que você para mim, mesmo que não seja amor. Ou, mesmo que seja. Por sua culpa agora eu estou exausta, machucada fisicamente, exaurida mentalmente e apavorada. Mas também por sua causa, vou me aninhar em você e dormir em paz. Também por sua culpa, sei que posso enfrentar mais um dia, sei que posso silenciar os demônios que me sugam a alma, sei que consigo mais um pouco. Também por que você existe, eu posso dizer que tudo o que andava me matando, está quieto. A tua gritaria e o teu caos, me salvaram de uma das piores dores pelas quais eu já fui obrigada a passar. Então, mesmo em desespero, entenda que eu vou tentar de novo amanhã e depois de amanhã e nos dias que se seguirem. Não posso deixar você se entregar porque de uma forma egoísta, eu estaria assinando a sua pena de morte e consequentemente a minha também.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

É quase como se eu gritasse, mas ninguém pudesse ouvir o que eu digo em desespero. Sinto vergonha de aceitar um amor doentio, que necessita dos extremos, para me sentir um pouco mais viva. As dores de anos que guardei, estavam a ponto de me matar quando ele reapareceu. E foi ele que ouviu pela primeira vez um grito meu de socorro. Ele me estendeu a mão, me deu amparo. Mas, me fez dependente dele. Ele sabe, melhor do que ninguém, que meu amor pertence aos meus erros insistentes, mas ele teima em me segurar com força quando as coisas ameaçam acabar. Sinto que não teremos nunca um fim adequado. Quando nos perdemos de vista, eu me sinto um nada. E ele se entrega aos efeitos de qualquer miligrama de cocaína. Quando nos olhamos de perto, vemos um no outro um porto seguro. Mas, somos, ambos, tormentas descontroladas. Eu não posso salvar ele dele mesmo e ele não pode me salvar de mim mesma. Estamos fadados ao fracasso e ao impossível. Até acho as vezes, que isso nunca seria amor. Talvez, causando mais caos, o caos de cada um se feche. Quando somos juntos as colisões e explosões que somos, tudo o que internamente nos prejudica se cala. É quase como se eu precisasse que ele me causasse mais dor para as outras dores não me enlouquecerem. E isso, nunca acaba bem. Eu sei que ele jamais me machucaria fisicamente de propósito. Muito pelo ao contrário, ele é o cara mais protetor e possessivo que eu já conheci na vida. Mas, em meio aos surtos e picos de adrenalina, volte e meia eu saio marcada. Não me importo, de verdade. Só digo que tem algo errado comigo. Cheguei a um ponto onde as coisas por dentro me incomodavam tanto que precisei procurar algo que gritasse mais forte. Me escorei nos vícios e necessidades dele para sobreviver. O que me faz pensar que talvez, quando eu o deixar, eu não aguente. Já não sei o que eu aguento ou não. Tudo nesse ano conspirou para que eu me sentisse menos, impotente, desprotegida e findada. Cada sentimento que me permiti sentir me destruiu uma imensidão a mais. E a cada tentativa de perdoar, só me causei mais dor. Ele foi enfim, a única pretensão irregular e perigosa, que me estabilizou em meio ao seu próprio caos. Eu tenho medo dele, mas tenho mais medo de mim e das escuridões que tenho. Prefiro enfrentar os olhos explosivos e o comportamento colisivo, autodestrutivo dele a ter que escutar se quer uma mínima porção da gritaria interna que eu tenho e que me faz ser um gatilho de destruição pessoal e externa.
Na noite passada deitei no seu colo com o cabelo preso e suspirei fundo, inalando o máximo do seu perfume que meu corpo suportou. Me aconcheguei entre a força dos seus braços, tentando sentir intensamente a imensa paz que seus abraços sufocantes são capazes de me dar. Me silenciei ouvindo sua voz, falando dos altos e baixos do dia, para que o tom grave dela ficasse registrado aqui dentro de mim como um dos meus sons preferidos no mundo. Me concentrei com toda força para ouvir de novo o quanto seu coração batia irregular enquanto sua respiração começava a acalmar. Não sei se te contei, mas ouvir seu coração batendo, me fazia sentir que o mundo todo era possível. E me entristece agora perceber que fiz completa a rotina da despedida. Marquei tudo aquilo que eu mais amo em você, para ser forte e levantar para dizer que, mesmo amando, preciso partir. A semanas venho tentando dizer que talvez, o que é o suficiente não me baste afinal. Meu coração ainda é um oceano de tormentas. E por dentro, ainda sou os estilhaços que não me curam. Não me entenda mal, meu bem, mas você não pode me salvar de mim mesma. As minhas guerras internas, mesmo que silenciosas, acabariam com a humanidade se aparecessem na pele exposta. De qualquer forma, preciso dizer que você foi um dos guerreiros que mais me encantou. Talvez pelo poder e imensidão das suas tormentas, eu tenha sentido que poderíamos ser completos. E me desculpo por ter afirmado cedo demais que daríamos conta do que claramente, eu não dei. Sei que tentamos, mais do que devíamos ter tentado. Sei que minha vida, se tornou um pouco a sua também. E sei mais do que ninguém o quanto esses longos dezessete anos de amizade nos fazem querer tentar cada dia mais. Eu sei! Sei porque só de te olhar me esqueço do quanto as coisas ainda não estão inteiras. Você é meu conforto, minha proteção, meu bem estar e minha alma aquietada. É tudo o que eu não consigo ser ou ter. E faz de mim alguém que quer esgotar toda e qualquer tentativa se isso te fizer rasgar a blusa enquanto diz que nada mais importa. O nosso amor sempre foi assim. Feito de intensos momentos, de desgastantes brigas, de gritos que faziam as veias saltar e de um sexo capaz de elevar a alma. Sempre fomos algo em explosão, em suprema inquietação. Nos comparávamos fácil as bombas nucleares e seu poder de destruição. Destruíamos um ao outro de forma quase doentia. E era isso que nos fazia ser tudo o que podíamos. Eu tremia de medo de você, ao mesmo tempo em que me colocava a sua frente sendo capaz de gritar o mais alto que meu corpo suportasse, se isso cessasse seus surtos. Eu temia por mim, cada vez que eu entrava na sua frente, arriscando ser machucada em um dos seus apagões. Eu sentia meu coração saltando pela boca enquanto gritava que você precisava me olhar, esquecer o poder do pó e descontar em mim tudo o que precisasse. Eu batia no peito e dizia que aguentava, ou esmurrava o seu peito enquanto eu esquecia que você não era feito de mármore. Nossas intensidades, nos desesperavam, mas nos mantinham grudados como pele e músculo. Você era minha força e minha maior fraqueza. Eu era tua maior fraqueza e tua única paz. E por isso tentamos, talvez ainda tentemos mais uns meses, ou mais uns dias. Talvez nunca tenhamos real força para desistir. Mas, o que eu quero dizer é que eu preciso me despedir. Você se tornou minha dependência. Eu dependo de você. Seja para dormir, para me sentir protegida ou para me sentir satisfeita. Você me faz amar as marcas roxas que deixa em mim. Me faz ansiar por mais, mais intensidade, mais gritos, mais machucados. E isso não é certo. Estamos em colisão constante, em explosão eterna e eu preciso romper esse ciclo. Somos seres opostos que narram a grande história de um amor impossível. Somos as lembranças ardentes que trazem a saudade de volta. Somos a frieza dos atos que machucam a cada segundo que passa. Somos também tudo o que podemos ser, sendo ambos o infinito questionar de tudo que não se questiona. E por sermos tanto, talvez, não possamos ser nada além disso. Eu quero te bater, te arranhar e exigir que você vá embora de vez, ao mesmo tempo em que te quero perto, me sufocando, me exigindo e me definhando. Quero ser o nada, enquanto somos tudo e preciso do tudo, quando não somos nada. Você me basta. Me enlouquece. Me faz perder todo e qualquer medo, pudor e noção. Me causa queimaduras. E me faz pensar que, talvez, isso me vicie, mas não me baste. Eu preciso ir. Só não sei como ir até a esquina, sem voltar correndo para dizer que de você, eu quero mais.

domingo, 6 de dezembro de 2015

Serei aquele que teve coragem de partir. Aquele que conseguiu dizer adeus, o que arriscou quebrar as correntes dos olhos e lançar-se ao abandono. O ogro, o monstro, o dinossauro insensível. O que não teve capacidade de compreender. Serei aquele que deveria ter sido enterrado sem morrer. O que desapareceu permanecendo perto. Seu constrangimento mais alegre. Sua alegria não compartilhada. Seu fel, seu fardo, sua ferida, seu feriado. Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala. De apressar os passos pra adiar encontros. De se fazer novos amigos pra suportar as noites. De não se abrir as janelas pra não encarar o dia. De escrever cartas e enviá-las pro seu endereço. De se dobrar fotos, páginas do diário, de se jogar fora os porta-retratos. Sua vontade de gritar que o amor morreu, enquanto ele não morre. Serei sua falta de um voz meio gasguita em plena madrugada. Procurará algum número em sua agenda. Não estará em sua agenda. Não se anota sonhos em agendas. Chegará a pegar o telefone: tu-tu-tu… Serei sua desorientação em não virar à esquina. Sua cabeça baixa com medo de amarrar retinas. O desespero em parar no sinal aberto pra trocar a estação do rádio. Sua vontade de voltar a fumar. E quem sabe, dizer pra quem não repara em suas sobrancelhas inversamente arqueadas, que está tudo bem, obrigada. Tudo bem nada! Seus banhos nunca mais serão os mesmo. Têm digitais na alma que não se apagam em água. Têm cerejeiras que não germinam mesmo na primavera. Têm chuvas que começam nas precipitações dos olhos e te inundam toda por dentro. Serei teu susto, teu surto, um soluço. Não sumirei! Apenas seguirei em frente, por mim e por nós dois. A saudade do que fomos, fará mais bem pela a gente do que você, se quer, tentou fazer durante todos esses anos. Sozinhos quem sabe, a gente consiga se amar mais. Porque, algumas vezes, a solidão é também lugar de se gestar flores. […] E quando lhe perguntarem sobre a gente, responda que o amor não sobrevive as incertezas de um talvez: Talvez você, que não compreendeu essa minha necessidade de ter braços livres pra que eu possa abraçar o que há de bom no mundo. Talvez você, que nem imagine que mesmo que eu não volte, eu nuca quis ir. Que só precisei respirar fora desse medo de não me sentir o herói que escapou do perigo. Que o adeus é fruto da estranheza. (Me diz agora, quem é você? Você sabe? No que se tornou? Você sabe?) Talvez você, que não percebeu que a ausência de alguém é absolutamente suportável, e o que machuca é a ausência de nós mesmos, o autoabandono. E talvez, você tenha mesmo se deixado, por isso não percebe o porquê tantas vezes lateja. Talvez, você consiga me odiar menos daqui um ano, me amar mais no ano seguinte, e me esquecer minutos depois. Talvez, você se entenda. Talvez, me entenda. Talvez não. Talvez, você não soube que o final poderia ter sido diferente se tivesse realmente havido um começo. Talvez você, não tenha percebido que foi justamente você quem pediu pra não ser amada.
— Michael Letto.
"Qual o nome da sua insônia?"

- Ceu de Jupiter
"Fechei os olhos, apertando-os tanto que doía. Tentando empurrar para longe tudo o que eu via dentro da minha cabeça."

- Os 13 porquês.
É que eu não consigo simplesmente abrir a porta e nunca mais voltar. Eu volto sim e volto quantas vezes eu ainda precisar. Volto porque quando me aninho dos teus braços antes de dormir, esqueço que tenho milhões de bons motivos para ir. Volto porque você me basta. Porque talvez, com você eu possa aprender que nem sempre preciso de algo que me transborde. Volto porque entre todos, você ainda consegue ser um bom lugar para onde voltar. Volto porque quando fico do teu lado, o passado vira névoa. Porque quando você me olha até o que é errado fica mais certo. Volto porque me sinto segura do teu lado, porque você me faz acreditar em dias melhores. Volto também porque você continua sendo um dos meus melhores amigos. E porque você me devolve a paz pela qual eu sempre luto. Volto porque você é o único que sabe tudo, absolutamente tudo sobre mim e mesmo assim me ama. Mas eu também vou, vou porque sei que merecemos mais. Vou porque tenho medo de em uma das suas explosões, eu me machucar com os estilhaços. Vou porque tenho medo de você. Porque as vezes não consigo enxergar o cara bom que eu sempre vi. Porque perco a noção do que eu deveria querer quando te olho. Vou porque isso que temos é no mínimo doentio. Porque você me faz pensar em extremos. Vou porque teus defeitos as vezes, me tornam alguém pior. E também porque eu sei que não posso te salvar de você mesmo. Mas, eu posso me salvar e por isso eu vou. E também pelo mesmo motivo eu volto, volto para dizer que podemos tentar mais uma vez. Volto para te acalmar, para te cuidar e para ver que eu deveria ir. Você me deixa assim, confusa. Me faz crer que eu preciso te deixar e ir para bem longe. Mas ao mesmo tempo me faz querer me agarrar com unhas e dentes no que temos. Você me faz ser o desespero e a calma em um só pedaço. Me dá força e me ao mesmo tempo me esgota. Me faz ser protegida e viver com medo. Diz que me ama, mas tem medo de amar. Me faz ter o melhor e pior. E talvez por isso eu queira tanto ir, mas também queira tanto, tanto, tanto que a gente dê certo.
Era um dia chuvoso e frio, desses que fazem a gente se encolher em baixo de um monte de cobertas e desejar dias de sol. Um dia supostamente tranquilo. Que acabou assim, em silêncio. Sentados um do lado do outro naquele banco velho de praça. Eu encolhida no moletom dele, com a cabeça baixa e o pensamento alto demais. Ele com os braços cruzados, esticado no banco, olhando para cima, quase como quem pede ajuda aos céus. Não era de hoje que sabíamos que esse dia iria chegar. Mas qual de nós teria coragem de dizer adeus primeiro? A verdade é que éramos cômodos juntos. Sempre tínhamos uma boa companhia para fazer seja o que quer que decidíssemos, sempre tínhamos um o colo do outro nas noites frias e podíamos reclamar do calor enquanto estávamos deitados na mesma cama improvisada de sempre. Eu não reclamava e nem tinha porque. Ele também não reclamava e sabia que não tinha motivo para isso. Com o tempo nos acostumamos com o que era suficiente. Nos bastávamos, mas não nos transbordávamos. E no fundo, acho que nenhum de nós procurava algo arrebatador. Eu já não me dispunha mais a entrar de cabeça em relacionamentos. Não depois de tudo o que aconteceu esse ano. E ele, bom, pelo que eu sei ele já andava cansado dos primeiros encontros e sexo casual. Por isso, também, que quando nos reaproximamos foi tão simples. Eu já conhecia as explosões dele. Ele já conhecia meus medos e manias de cor e salteado. Me fazia bem dormir no colo dele e me dava paz ter aqueles abraços apertados que sugavam tudo que de mau havia. E ele dizia que quando estava comigo, as coisas ficavam tranquilas. Talvez esse monte de fatores tenha ajudado para que nossa reaproximação rapidamente virasse um relacionamento monogâmico e tranquilo. Em pouco mais de três meses, estávamos realmente comprometidos um com o outro. Ainda que eu soubesse sobre a mulher que ele amava, ainda que ele soubesse de todo meu passado, quando éramos eu e ele, nada disso importava. Acima de qualquer relacionamento, tínhamos a amizade da época de adolescência para selar o que quer que fossemos ter. Nossas idas e vindas do passado tornaram simples estarmos assim, frente a frente, juntos. E eu sabia disso. Ele também. Então por que estávamos em silêncio? Por que parecia que o suficiente não bastava mais? Eu tenho certeza absoluta de que não vou encontrar outro colo, outro abraço, outro homem tão forte quanto ele. Não fisicamente. Mas internamente. Ele é forte. Desses que se dispõe a entrar na frente de um caminhão por alguém que ama. Ele é assim. Mas, é também aquele que me abraça forte para me fazer dormir. E eu sei que não o amo desesperadamente. Quem me dera amasse. Eu o amo como parte constante da minha vida e do que eu sou, mas também tenho certeza de que ele não é o homem da minha vida. Ele é o caos que mais me atrai, a explosão que mais me encanta e a gargalhada que mais me diverte. É também, sem sombra de dúvidas o melhor sexo da minha vida. E isso devia me bastar. Deveria pelo menos bastar para ser um motivo que me fizesse esquecer todos os que já passaram. Mas não basta. Não sempre.Quando eu olho para ele, me dá uma pontada estranha. Não estou pronta para dizer adeus, mas também não me satisfaz querer ficar. De um jeito bem egoísta sim, concordo. Mas, se eu me afastar perderei a parte boa que me fez ficar. E se eu ficar arrisco perder tudo, inclusive ele. Entre ir e ficar, definitivamente não saber o que fazer é o pior dos sentimentos. Em silêncio do lado dele, até o silêncio me agrada. E exatamente por isso, que apesar de tudo, hoje eu ainda quero deitar do lado dele e fingir por mais uma noite que isso, por mais errado que seja, me basta.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Há um silêncio interno tão grande em mim que até meus urros mais altos de desespero se calaram. Não estou nos períodos de glória, aonde o sorriso se torna minha marca registrada, mas também não estou no fundo de um buraco escuro. Me sinto como quem boia em silêncio em uma piscina imensa de águas negras e densas. Me sinto assim, silenciosa. Como quem deixou molhar o corpo, o cabelo inteiro e fechou os olhos se entregando ao tempo. Eu me entreguei ao tempo do jeito mais intenso que eu consegui. De qualquer forma, admito também que minha entrega não foi com total afinco, mas posso dizer também que não houve nenhuma resistência. Quando este caminho começou eu fui alertada que perderia muitos vínculos, boa parte deles importantes. Me disseram que sem querer eu poderia machucar as pessoas se eu decidisse que o caminho delas poderia ser o mesmo que o meu, o que eu fiz alguma porção de vezes. Eu fui alertada entende? Minha cabeça foi cuidadosamente treinada para isso, mas, meu coração fincou os pés. Decidiu sozinho não ouvir os alertas, nem os imensos abismos que o cercavam. Não quis abrir mão de forma alguma de um grande amor, mas o viu ir embora destroçado. Em defesa dele, digo que o dano interno foi devastador. Se passaram longos anos, até que ele teimoso, tentou novamente. Já sabendo dos riscos que corria, conhecendo bem o estrago caso desse tudo errado mais uma vez. E novamente sem cuidado algum despedaçou ao outro, como também a si mesmo. Meu coração não aceitou a obrigatoriedade de ter que viver sozinho e apesar de ter sido seu único crime, o bastou para desistir. Ele não ouviu as sirenes de alerta enquanto tudo o avisava que ao trazer outro coração para perto, estava assinando a carta de fuzilamento de si mesmo e do outro também. Pena que quando a condenação chegou, o pobre coitado de tão machucado já havia se entregado. Talvez pela teimosia do mesmo, eu tenha me distraído dos meus principais objetivos e talvez por quase um segundo eu tenha acreditado que sim, a felicidade também era para mim. Esqueci que quando nasci trouxe junto o peso de ter que reverter uma história sozinha. E como eu disse, posso não estar no fundo do buraco sujo de onde já sai algumas vezes, mas convenhamos, estou avidamente longe de estar em uma boa fase. Esse silêncio todo aqui dentro, fez tudo se acalmar. As mágoas, as dores, os urros de desespero e eu honestamente agradeço por isso. Mas como uma faca de dois gumes, ao silenciar o que me destruía, esqueceu de deixar meus sonhos em alto e bom som. O silêncio pode ter levado embora a dor, mas levou também os bons motivos. Se houvesse como, eu gostaria de dormir sem tempo determinado para acordar. Entrar hoje no mar e ir a um mundo paralelo, onde o silêncio reinasse. Tem quem diga que isso é um jeito meu de dizer que quero morrer, mas não. Eu realmente não penso em morrer. Mas penso sim, em dormir. Me sinto cansada, o tempo inteiro. Me cansa os olhos, os membros e a cabeça só precisa de uns dias em silêncio para quem sabe me dar um bom sonho para seguir. Nesse momento, não tenho dores agudas, mas não tenho sonhos bonitos. Tenho sim uma piscina, escura, onde posso descansar. Onde meus silêncios me fazem entrar em um transe do qual, dessa vez, eu não quero sair.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

05.03

Depois de quase três meses nesse vai e volta, acho que ambos já estávamos cansados desse cabo de guerra aonde, no fim, nenhum de nós dois iria vencer. O prêmio para quem largasse primeiro a corda era dar início a tão conhecida fossa de saudade que já conhecíamos bem. Eu e ele éramos assim. Nunca tivemos de fato um começo, tão quanto um fim. Nos conhecemos ainda na adolescência, há longos dezessete anos atrás. Passamos por mais de uma década quase sem contato. Raros encontros nos mantinham vivos dentro um do outro. Ele tinha sido e sempre seria um dos meus melhores amigos e com certeza a pessoa em quem eu sempre pensaria com tremendo carinho. Minha vida foi em frente, me levando a lugares que nem nos meus sonhos eu teria conhecido. A vida dele também, do seu jeito, o levou ao topo e ao fundo de um buraco complicado de se entender vendo de fora. No começo desse ano nos reencontramos, assim do nada. No meio de uma madrugada estranha, acabamos deixando a impulsividade falar mais alto e adormecemos juntos. Mal sabia eu que ele já não era a pessoa que sempre me protegeu sem pensar nas consequências e mal sabia ele que eu já não era mais a menina frágil que se escondia atrás dele a qualquer ameaça de perigo. Os anos nos mudaram, muito. Passamos assim, sem saber o que éramos afinal, bons meses de vai e vem. Até que eu encontrei outra pessoa e por achar ter encontrado grande coisa, o deixei seguir, de novo. Mas, como dizem, o destino quando quer, não se dá por satisfeito com o "quase" escrito em neón que havíamos pintado um na testa do outro. Por fim, acabei sozinha, de novo. E o reencontrei, de novo. Essa mania de disco riscado, explica muito sobre nós dois. Ele dizia que eu não sabia por fim nas coisas que se iniciavam na minha vida, principalmente as sentimentais. E ele estava certo, mas graças a minha insistência de não colocar pontos finais que findem as histórias, eu me dou a liberdade de reviver o que outros, nem se quer pensariam em ter de novo. Pra mim quando há algo forte, é assim. Pode ser que acabe do jeito mais desastroso e dolorido possível, se um dia voltar, que volte. E que se coloque enfim um ponto final, ou uma bela vírgula. Nós dois só tivemos a chance de sorrir um para o outro novamente porque pra mim, ver ele voltando, era algo que devia acontecer. E também porque, graças ao destino, ele não havia seguido em frente de vez. Assim em meados de agosto pudemos abraçar um ao outro. E desde então, estamos assim... Indo e voltando. Não nos limitamos e até deixamos outras pessoas aparecerem. Eu conheci alguns caras. Ele dormiu com algumas. E sabíamos disso. Sabíamos porque enquanto estávamos juntos, falávamos sobre o quanto ninguém conseguia ser o que éramos, mesmo que não soubéssemos o que isso afinal queria dizer. Ele se abriu comigo, falando sobre o quanto era infinitamente impossível achar quem amasse o caos que ele era. Eu me abri, contando sobre o quanto estava sendo complicado desde julho. Eu entendia ele, ele me entendia. Éramos mais do que uma transa, éramos amigos e bons amigos pra ser sincera. O que tornava óbvio o quanto ele me faria falta se eu largasse a corda antes. Mas, também era aparente o desgaste, não só meu, mas dele também. Estávamos esgotados das brigas sem sentido, dos dias ruins e das vezes em que um machucou o outro sem pensar direito. Chegamos no ponto em que era necessário decidir. Ou seríamos algo concreto, ou seguiríamos cada um para o seu canto, de novo. Era horrível pensar em não o ver mais, assim como era angustiante a ideia de ficar, sabendo que mais tarde ou mais cedo, iríamos sim, nos ferir. E dessa vez o dano seria bem mais sério do que uma briga, ou uma simples discussão. Perdida nesses pensamentos me peguei sentada do lado dele olhando para o chão, enquanto ele de braços cruzados olhava o céu nublado, parecendo pedir ajuda de alguém lá em cima. Eu já não tinha argumentos para nos manter bem e também talvez me faltasse vontade de continuar assim. Pensando nisso o olhei sério e perguntei o que seria de nós dois. Ele suspirando fundo se aproximou colocando a mão na minha coxa e balançando negativamente a cabeça. Eu segurei o rosto dele, que já estava amparado no meu ombro esquerdo e disse: vou sentir sua falta grandão. O que imediatamente me entristeceu. E ele com um olhar confuso, um tanto quanto triste, me disse com voz rouca que as coisas não precisavam ser assim. Pela primeira vez em um bom tempo, eu pude perceber que com nós dois vai ser sempre a incerteza de um amor que pode ser imenso, atordoado pela incerteza do que o tempo nos fará caso ambos permitissem ser sim, só um do outro e nada mais. Eu estava cansada, ele também. Mas pelo menos por essa noite, decidimos antes de amanhecer que por enquanto, entre a dor de ir e o cansaço de ficar, preferimos continuar cansados juntos do que em pedaços separados. Mas você também não acha isso o suficiente, acha?
"Quando você disse que ia embora, eu não tentei te impedir. Eu só avisei que nada mais seria igual, se um dia quisesse voltar. Eu chorei muito, chorei como não se deve chorar. De amores mal resolvidos já basta o meu próprio, ainda nem descobri se me amo, dá pra entender? Eu passei a me amar menos, só pra conseguir amar você um pouco mais, eu falei menos só pra ouvir a sua voz por mais tempo. Eu deixei de ser meu e passei a ser da primeira alma quente que passasse, porque eu sabia os seus horários e queria ver você passando antes de qualquer um. Entende o tamanho da minha insanidade? O seu amor era do tamanho do céu, mas eu amava a imensidão do seu caos. Eu preciso disfarçar que não paro de rir, mas aí olho pra você e você também está rindo. A pior parte é quando a gente sabe que acabou, não estou falando da história, estou falando do meu coração. Acabou. Estou acabado. A culpa não é do amor, não é da saudade, a culpa é do seu sorriso idiota, e do meu coração mole, a culpa é da chuva que quando toca o teto do meu quarto canta a sua parte da nossa música, aquela que diz "E lá no fundo eu sei, que isso não funciona." E não funciona mesmo. Você vivia dizendo que não era um carro, que não precisava ser consertado, mas no meio disso tudo, quem deu defeito fui eu. A verdade é que o seu amor não funciona mesmo, não existe nada pra consertar. E tudo bem, mas eu que acendia uma galáxia inteira pra te ver sorrir, hoje só espero que as estrelas não me ceguem."

- Reset? I love both of us. 

(05.03)
"Tive um vizinho que gritava com a namorada ao telefone, sem se importar que o prédio inteiro ouvisse: "Não sei o que fazer! Fico mal contigo e fico mal sentigo!". Sempre achei essa situação desoladora, e nem estou falando do português do sujeito. É duro ter apenas duas alternativas (ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis."

- Martha Medeiros.


"Encontrei a saudade sentada na minha calçada hoje de manhã, diz ela que esperou no seu prédio durante horas, mas você não apareceu. Aliás, ela me parecia um tanto quanto decepcionada. Ela acha que você me esquecer, a saudade. Isso é verdade? Você me esqueceu?"

- Cíceero M.
"Você se impressiona muito fácil por coisas que brilham. Enquanto eu irradiava as faíscas da minha insanidade, que você tentou segurar com as mãos procurando pelo calor. Loucura e amor não se medem, nunca te falaram isso? E eu só tinha loucura. Eu só tenho loucura, só. E foi assim mesmo que eu passei mais da metade da minha vida, só. Eu sou fio duzentos e vinte desencapado, que impressiona qualquer um pela quantidade de barulho, luz e confusão, mas que é que abraça a eletricidade? Me fala? O que eu tenho só serve pra você olhar, até porque, chegar muito perto é pedir para se ferir, e se vierem encharcados de expectativas ou otimismo, aí é que eu machuco mesmo. Eu sou isso aqui, o que você está vendo e só. Um amontoado de brilho, barulho, calor e descontrole. Eu sou químico e não físico, eu sinto, mas não me tocam, uns por não terem coragem e outros por serem espertos demais. Você se impressiona muito fácil por coisas que brilham, e eu brilho, mas também machuco e só."

- Ciceero M.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

"Acho que o mundo no fim das contas parou por cerca de seis meses. Parou pelo menos até que eu pudesse colocar o pé na rua sem sentir que isso me agredia internamente. Talvez o mundo como um todo, não. Mas o meu mundo sim, este com certeza esperou que eu estivesse melhor, quem sabe até mais forte, para recomeçar a contagem dos dias. E os dias por fim voltaram. Voltaram a ser manhã, tarde e noite. Vinte e quatro horas cronometradas. Os dias voltaram a exigir três refeições, "bom dia", "boa tarde" e "boa noite". E já te antemão te digo, que este é o melhor sinal que eu poderia apresentar depois de tanto tempo. Por meses fui tão somente a dor que me consumia. O peso do passado. O remorso de um amor-problema. E também a cobrança por eu ser eu mesma. Sei que neste período não me comuniquei adequadamente. Te preocupei um pouco. Mas viu só? Eu disse que iria passar. Eu só precisava de tempo. Ou da falta dele para ser sincera. Não foram bons meses, concordo. Mas, eu superei. Doeu, me arruinou um pouco e causou rachaduras novas. Mas, passou. Passou não por meu esforço exacerbado, tão pouco pela minha vontade. Passou porque já era hora de passar. Já era hora de recomeçar. Não que não hajam resquícios. Toda explosão deixa seus destroços. Mas o pior, digo aquele assombroso que traz escuridão e infinitas lágrimas, passou. Eu talvez me encontre um pouco anestesiada agora. Com um certo receio de desabar novamente. Mas não tenho mais medo. Nem medo, nem dor e nem preocupações que me fazem encolher o corpo no meio da cama. Agora eu consigo, com a sua ajuda, lidar com o que vem por ai. Acho que juntos a gente até consegue evitar que algo mais desabe. Juntos quem sabe a gente até possa esperar pela calmaria. Não é isso que dizem? Após a tempestade, vem a calmaria. Então, senta. Vamos esperar pelo melhor, pela paz... Pela calma. Eu não te prometo a paz instantânea, nem a ausência futura de terremotos. Mas prometo sim, que eu nunca mais vou tentar lutar sozinha. Agora de pouco em pouco, já estou me tornando mais ereta. Aos poucos já fico mais a luz do dia, do que a escuridão da noite. De passo em passo, largo o cigarro, as doses de whisky e me esforço para me alimentar adequadamente. Entenda, vai ser um passo por vez. Mas o que importa é que agora, eu estou de pé e vou te ajudar a lutar também. Não foi fácil para nenhum de nós. Mas repara bem, agora estou respirando fundo, me olhando no espelho e consigo até trocar sorrisos com a moça do mercado. Sei que vou conseguir também voltar a ser sociável, agradável e inteira. Você não vai precisar mais me olhar como se tivesse me perdido. E sabe porque? Porque em todos esses meses de escuridão, você lutou para me manter viva. E agora, em plena luz do dia, eu estou em pé para te dizer que consigo me manter viva sozinha e que sim, estou pronta para te manter em pé o quanto for preciso. Você foi forte por nós dois. Me deixa agora ser forte por mim e consequentemente ser forte por você também. Me dá a mão e me ensina a andar de volta. Do teu lado eu sei, que o pior já passou."
Depois de vários motivos para não crer no amor, para desistir de querer encontrar alguém, hoje me peguei parada enquanto escutava uma música pensando no quanto estar com você me traz paz. Pensando no quanto você é o oposto de qualquer coisa que já passou pela minha vida. Você não é um amor sorrateiro, nem um amor desses que surgem como uma explosão. Você não causou aquilo de amor a primeira vista e nem aquele estranho desejo de querer o tempo inteiro. Você não me deu um amor doentio, não bagunçou minha vida, não atrapalho minha rotina e nem se quer foi algo que estremeceu meu corpo. Você não me deu medo, nem de perder e nem de deixar entrar. Não foi que nem o homem com qual eu achei que ia passar o resto da vida, nem se comparou aos últimos traumas. Pelo ao contrário, desde que você apareceu, eu fiquei em paz. Em paz com o passado, com o presente e despreocupada com o futuro. Desde o primeiro abraço, desencanei. Contigo eu não tenho a obrigatoriedade de estar sempre arrumada, nem tenho que explicar nada. Você me traz a sensação de segurança, de proteção. Quando você me abraça e me segura firme contra o teu corpo, é como se você entendesse que precisa colar meus pedaços quebrados antes de querer estremecer meu mundo. Quando você me beija e demora para abrir os olhos, parece que sabe que eu abro os olhos rápido demais e termino sempre sorrindo. Quando você me segura é quase como se compreendesse meus medos, minhas inseguranças e meus problemas. Quando beija a minha mão enquanto conversamos é quase como se adivinhasse que me falta o romantismo. Quando me elogia, me escuta e me pergunta sobre o dia, é como quem sabe que eu preciso de cuidados mais específicos. Quando se deixa ser a parte mais carinhosa, me faz ver que eu não preciso me defender. Você entende? Eu precisava demais que algo de bom acontecesse e me aconteceu você. Sem ruptura, sem grito, sem confusão. Aconteceu calmamente, tranquilo como nascer do sol. Aconteceu assim, simples. Você surgiu como um dia na praia. Surgiu aos poucos. Surgiu me fazendo confiar em você primeiro com o dia a dia, depois com as noites. Surgiu quando eu mais precisava. Surgiu para me dizer que vamos dar um passo de cada vez, juntos. Surgiu para me fazer respirar fundo quando eu já não via nada além da escuridão.

terça-feira, 24 de novembro de 2015



"Eu sei que não é sempre que a gente encontra alguém que faça bem e nos leve deste temporal. Mas te vejo e sinto o brilho deste olhar que me acalma e me traz força para encarar tudo."

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

"Meu silêncio não era desinteresse, meu silêncio era por não saber explicar o que estava acontecendo dentro de mim." 

- Incedos 
"E eu fico olhando você dormir com a barriga para baixo, tentando encontrar uma posição aonde caibam todos os seus sonhos na cama. Eu fico te encarando no banho, com a água no rosto e o mundo nas costas, a mão no cabelo e a esperança no peito, tentando entender que caminho torto foi esse que te trouxe para mim. Eu te vejo respirar cansado da vida, cansado do mundo, cansado de mim e de amar. Eu te vejo sem barba, sem sorriso, sem maldade, sem fé. E te espero, te afirmo, te permaneço, te seguro, te vejo, te beijo, te quero e te adoro. Enquanto acabam os dias, os sonos, os cansaços, as moedas, os desejos, os laços e amarras, e você me diz outra vez que eu não mereço a confusão e o peso que ser você me traz. Eu te olho nos olhos e repito que você pode vir na segunda, na quinta, na sexta.Vem inteiro, aos pedaços, em farelos miúdos, tudo bem. Contanto que você continue vindo, tá tudo certo. Porque eu amo quando você vem e amo todas as coisas que vem com você."

- Ciceero M

sexta-feira, 20 de novembro de 2015


Me perguntaram o que eu teria feito de nós se hoje eu pudesse reescrever todo tempo que passamos juntos, na hora eu não soube direito o que dizer, mas agora parando para pensar eu acho que teria sim feito diferente. Pena que na hora com a cabeça cheia, a gente nunca consegue ver o quadro todo. Mas, sim, eu teria feito o oposto do que fiz. Se hoje eu pudesse voltar no tempo, teria lido aquelas mensagens e provavelmente eu teria parado na sua frente, segurando a gola da sua blusa como de costume para te dizer olhando dentro dos seus olhos que a gente podia consertar tudo. Eu teria sim parado e te dito que eu entendia. Pediria para que você lutasse mais um pouco, insistisse mais um pouco. Te diria que te amava mais do que quando te vi pela primeira vez e que por isso, eu arriscaria tudo, se isso te fizesse me ajudar a lutar por nós. O nosso barco naquele momento tinha furos demais, rachaduras demais e um bocado de problemas. Mas, quem sabe, se a gente não tivesse escolhido pular e nadar por conta própria, hoje estaríamos mais fortes do que nunca. Os nossos problemas nos engoliram, nos atordoaram... Mas me pergunto se faltou amor. Você me quebrou em milhões de pedaços, cujos alguns volta e meia ainda ardem. Me fez entrar de vez em um buraco do qual eu ainda não sei se consegui sair por completo. Me fez ver que a minha luz interna tinha se apagado. Que algo aqui dentro já não poderia ser inteiro de novo.. Como você me disse uma vez, você foi egoísta em um dos piores momentos da minha vida. E acho que quanto a isso, estamos entendidos. O que eu acho que ainda não entendo, mesmo depois de dois anos, é como um amor como o nosso se tornou só isso. Já amei outra pessoa depois de você, namorei outros e já cheguei a pensar em casar novamente. Te esqueci, ou melhor, te guardei protegido em algum lugar aqui dentro durante esse tempo todo, mas hoje quando me fizeram parar para pensar em nós como éramos, me peguei pensando no quanto era (e é) incondicional o que eu sinto por ti. Claro que hoje, não é mais como era. O sentimento já não é um amor desses que a gente quer de volta, nem ao menos é algo que me faça sofrer. Já nem consigo ver nós dois no mesmo quadro. Muito menos te vejo por perto. Suponho até que você realmente tenha encontrado um amor tão grande quanto o nosso. E acredite, fico feliz por isso. Só que, sabe, algo ficou. Algo seu ainda mora aqui. Mora dentro de mim e me faz de tempos em tempos pensar. Mesmo que eu saiba que infelizmente a separação era inevitável, sei lá, em momentos assim eu só queria entender. A gente se perdeu quando ainda dividíamos a mesma casa, nos deixamos antes de nos separarmos e sofremos. Os dois. Não seria eu a dizer que só eu sofri, quem me dera. E quando eu penso eu vejo o quanto tudo aquilo podia simplesmente ter sido consertado se houvesse a calma que hoje eu tenho. Você me ensinou a ser quem eu sou. Me deu lembranças das quais nem em outra vida eu seria capaz de esquecer. Me fez ver o copo meio cheio, como você via e mais do que isso, você me amou como ninguém jamais foi capaz de me amar. Você viu de perto tudo que me assusta, me diminui, me congela e ficou. Ficou quando nem eu sei se teria ficado, quando nem eu sei se teria aguentado. Você tentou. Eu tentei. A gente se agarrou no que sobrou de bom, mas eventualmente você desistiu e dois anos depois, eu também. E mesmo desistindo minha vontade é sempre garantir que você esteja com o sorriso mais lindo que você tiver no rosto. Minha vontade é poder mesmo de longe garantir que o mundo esteja te tratando bem, garantir que você esteja em paz, que esteja seguro e acima disso tudo feliz. O que ficou aqui dentro me faz pensar todos os dias enquanto oro, no quanto quero teu bem. No quanto eu te desejo o oposto de mim e no quanto eu, as vezes, sinto sua falta. Falta do melhor amigo, do sexo, do corpo, do abraço apertado e do cheiro da pele. Falta de ouvir a gargalhada, de jogar vídeo game do teu lado, de me superar porque eu tinha um bom motivo. Falta de cozinhar para você, de ver seu rosto sempre que comia o bolo de fubá. Falta de deitar no teu peito e me sentir o ser humano mais seguro e mais sortudo do universo. Falta de te ver sorrir. Falta de amar o cheiro que o Malbec tinha na junção do seu pescoço com o ombro, que é irreprodutível. Falta da tua voz, dos teus olhares e daquele teu jeito inexplicável que me tornava simplesmente feliz. Com você nunca houve um momento de raiva, nem se quer houve um dia em que eu lembre de ter pensado que você era um erro. Eu só lembro do quanto aquele amor todo me transformava, do quão grande me tornava. Lembro de ter medo sim, mas de te perder. Medo de um dia abrir os olhos e não te encontrar. Medo de te ver ir, assim como eu vi. Medo de não ter você sempre ali. Medo de... Te esquecer. Lembro de olhar para você todos os dias e saber aqui dentro que eu tinha encontrado minha alma gêmea. E sim, dois longos anos já foram, mas parando para pensar friamente, ainda é você naquela música do Sambô. Ainda é você naquela fronha do Corinthians ou naquele escapulário em que eu coloquei tudo que de bom existe. Ainda é você nos romances que eu leio, nas orações que eu faço e também naquele meu jeito moleca atrapalhada que ri sozinha enquanto assiste (de novo) Meu Malvado Favorito. Parando para pensar, eu teria feito diferente sim e teria te dito que nessa vida, nunca ninguém vai conseguir te amar como eu te amei. Eu me mantenho sim, longe. Reaparecendo as vezes só para saber como vão as coisas. Mas mesmo de longe, espero que você escute hoje quando eu digo que eu teria feito diferente, eu teria naufragado do teu lado se fosse preciso, e que abrir mão de você não te fez ser menos do que o amor da minha vida e por isso, eu te agradeço mesmo que em silêncio depois de tanto tempo.

27.03.1988