segunda-feira, 30 de novembro de 2015

05.03

Depois de quase três meses nesse vai e volta, acho que ambos já estávamos cansados desse cabo de guerra aonde, no fim, nenhum de nós dois iria vencer. O prêmio para quem largasse primeiro a corda era dar início a tão conhecida fossa de saudade que já conhecíamos bem. Eu e ele éramos assim. Nunca tivemos de fato um começo, tão quanto um fim. Nos conhecemos ainda na adolescência, há longos dezessete anos atrás. Passamos por mais de uma década quase sem contato. Raros encontros nos mantinham vivos dentro um do outro. Ele tinha sido e sempre seria um dos meus melhores amigos e com certeza a pessoa em quem eu sempre pensaria com tremendo carinho. Minha vida foi em frente, me levando a lugares que nem nos meus sonhos eu teria conhecido. A vida dele também, do seu jeito, o levou ao topo e ao fundo de um buraco complicado de se entender vendo de fora. No começo desse ano nos reencontramos, assim do nada. No meio de uma madrugada estranha, acabamos deixando a impulsividade falar mais alto e adormecemos juntos. Mal sabia eu que ele já não era a pessoa que sempre me protegeu sem pensar nas consequências e mal sabia ele que eu já não era mais a menina frágil que se escondia atrás dele a qualquer ameaça de perigo. Os anos nos mudaram, muito. Passamos assim, sem saber o que éramos afinal, bons meses de vai e vem. Até que eu encontrei outra pessoa e por achar ter encontrado grande coisa, o deixei seguir, de novo. Mas, como dizem, o destino quando quer, não se dá por satisfeito com o "quase" escrito em neón que havíamos pintado um na testa do outro. Por fim, acabei sozinha, de novo. E o reencontrei, de novo. Essa mania de disco riscado, explica muito sobre nós dois. Ele dizia que eu não sabia por fim nas coisas que se iniciavam na minha vida, principalmente as sentimentais. E ele estava certo, mas graças a minha insistência de não colocar pontos finais que findem as histórias, eu me dou a liberdade de reviver o que outros, nem se quer pensariam em ter de novo. Pra mim quando há algo forte, é assim. Pode ser que acabe do jeito mais desastroso e dolorido possível, se um dia voltar, que volte. E que se coloque enfim um ponto final, ou uma bela vírgula. Nós dois só tivemos a chance de sorrir um para o outro novamente porque pra mim, ver ele voltando, era algo que devia acontecer. E também porque, graças ao destino, ele não havia seguido em frente de vez. Assim em meados de agosto pudemos abraçar um ao outro. E desde então, estamos assim... Indo e voltando. Não nos limitamos e até deixamos outras pessoas aparecerem. Eu conheci alguns caras. Ele dormiu com algumas. E sabíamos disso. Sabíamos porque enquanto estávamos juntos, falávamos sobre o quanto ninguém conseguia ser o que éramos, mesmo que não soubéssemos o que isso afinal queria dizer. Ele se abriu comigo, falando sobre o quanto era infinitamente impossível achar quem amasse o caos que ele era. Eu me abri, contando sobre o quanto estava sendo complicado desde julho. Eu entendia ele, ele me entendia. Éramos mais do que uma transa, éramos amigos e bons amigos pra ser sincera. O que tornava óbvio o quanto ele me faria falta se eu largasse a corda antes. Mas, também era aparente o desgaste, não só meu, mas dele também. Estávamos esgotados das brigas sem sentido, dos dias ruins e das vezes em que um machucou o outro sem pensar direito. Chegamos no ponto em que era necessário decidir. Ou seríamos algo concreto, ou seguiríamos cada um para o seu canto, de novo. Era horrível pensar em não o ver mais, assim como era angustiante a ideia de ficar, sabendo que mais tarde ou mais cedo, iríamos sim, nos ferir. E dessa vez o dano seria bem mais sério do que uma briga, ou uma simples discussão. Perdida nesses pensamentos me peguei sentada do lado dele olhando para o chão, enquanto ele de braços cruzados olhava o céu nublado, parecendo pedir ajuda de alguém lá em cima. Eu já não tinha argumentos para nos manter bem e também talvez me faltasse vontade de continuar assim. Pensando nisso o olhei sério e perguntei o que seria de nós dois. Ele suspirando fundo se aproximou colocando a mão na minha coxa e balançando negativamente a cabeça. Eu segurei o rosto dele, que já estava amparado no meu ombro esquerdo e disse: vou sentir sua falta grandão. O que imediatamente me entristeceu. E ele com um olhar confuso, um tanto quanto triste, me disse com voz rouca que as coisas não precisavam ser assim. Pela primeira vez em um bom tempo, eu pude perceber que com nós dois vai ser sempre a incerteza de um amor que pode ser imenso, atordoado pela incerteza do que o tempo nos fará caso ambos permitissem ser sim, só um do outro e nada mais. Eu estava cansada, ele também. Mas pelo menos por essa noite, decidimos antes de amanhecer que por enquanto, entre a dor de ir e o cansaço de ficar, preferimos continuar cansados juntos do que em pedaços separados. Mas você também não acha isso o suficiente, acha?
"Quando você disse que ia embora, eu não tentei te impedir. Eu só avisei que nada mais seria igual, se um dia quisesse voltar. Eu chorei muito, chorei como não se deve chorar. De amores mal resolvidos já basta o meu próprio, ainda nem descobri se me amo, dá pra entender? Eu passei a me amar menos, só pra conseguir amar você um pouco mais, eu falei menos só pra ouvir a sua voz por mais tempo. Eu deixei de ser meu e passei a ser da primeira alma quente que passasse, porque eu sabia os seus horários e queria ver você passando antes de qualquer um. Entende o tamanho da minha insanidade? O seu amor era do tamanho do céu, mas eu amava a imensidão do seu caos. Eu preciso disfarçar que não paro de rir, mas aí olho pra você e você também está rindo. A pior parte é quando a gente sabe que acabou, não estou falando da história, estou falando do meu coração. Acabou. Estou acabado. A culpa não é do amor, não é da saudade, a culpa é do seu sorriso idiota, e do meu coração mole, a culpa é da chuva que quando toca o teto do meu quarto canta a sua parte da nossa música, aquela que diz "E lá no fundo eu sei, que isso não funciona." E não funciona mesmo. Você vivia dizendo que não era um carro, que não precisava ser consertado, mas no meio disso tudo, quem deu defeito fui eu. A verdade é que o seu amor não funciona mesmo, não existe nada pra consertar. E tudo bem, mas eu que acendia uma galáxia inteira pra te ver sorrir, hoje só espero que as estrelas não me ceguem."

- Reset? I love both of us. 

(05.03)
"Tive um vizinho que gritava com a namorada ao telefone, sem se importar que o prédio inteiro ouvisse: "Não sei o que fazer! Fico mal contigo e fico mal sentigo!". Sempre achei essa situação desoladora, e nem estou falando do português do sujeito. É duro ter apenas duas alternativas (ficar ou ir embora) e ambas serem terríveis."

- Martha Medeiros.


"Encontrei a saudade sentada na minha calçada hoje de manhã, diz ela que esperou no seu prédio durante horas, mas você não apareceu. Aliás, ela me parecia um tanto quanto decepcionada. Ela acha que você me esquecer, a saudade. Isso é verdade? Você me esqueceu?"

- Cíceero M.
"Você se impressiona muito fácil por coisas que brilham. Enquanto eu irradiava as faíscas da minha insanidade, que você tentou segurar com as mãos procurando pelo calor. Loucura e amor não se medem, nunca te falaram isso? E eu só tinha loucura. Eu só tenho loucura, só. E foi assim mesmo que eu passei mais da metade da minha vida, só. Eu sou fio duzentos e vinte desencapado, que impressiona qualquer um pela quantidade de barulho, luz e confusão, mas que é que abraça a eletricidade? Me fala? O que eu tenho só serve pra você olhar, até porque, chegar muito perto é pedir para se ferir, e se vierem encharcados de expectativas ou otimismo, aí é que eu machuco mesmo. Eu sou isso aqui, o que você está vendo e só. Um amontoado de brilho, barulho, calor e descontrole. Eu sou químico e não físico, eu sinto, mas não me tocam, uns por não terem coragem e outros por serem espertos demais. Você se impressiona muito fácil por coisas que brilham, e eu brilho, mas também machuco e só."

- Ciceero M.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

"Acho que o mundo no fim das contas parou por cerca de seis meses. Parou pelo menos até que eu pudesse colocar o pé na rua sem sentir que isso me agredia internamente. Talvez o mundo como um todo, não. Mas o meu mundo sim, este com certeza esperou que eu estivesse melhor, quem sabe até mais forte, para recomeçar a contagem dos dias. E os dias por fim voltaram. Voltaram a ser manhã, tarde e noite. Vinte e quatro horas cronometradas. Os dias voltaram a exigir três refeições, "bom dia", "boa tarde" e "boa noite". E já te antemão te digo, que este é o melhor sinal que eu poderia apresentar depois de tanto tempo. Por meses fui tão somente a dor que me consumia. O peso do passado. O remorso de um amor-problema. E também a cobrança por eu ser eu mesma. Sei que neste período não me comuniquei adequadamente. Te preocupei um pouco. Mas viu só? Eu disse que iria passar. Eu só precisava de tempo. Ou da falta dele para ser sincera. Não foram bons meses, concordo. Mas, eu superei. Doeu, me arruinou um pouco e causou rachaduras novas. Mas, passou. Passou não por meu esforço exacerbado, tão pouco pela minha vontade. Passou porque já era hora de passar. Já era hora de recomeçar. Não que não hajam resquícios. Toda explosão deixa seus destroços. Mas o pior, digo aquele assombroso que traz escuridão e infinitas lágrimas, passou. Eu talvez me encontre um pouco anestesiada agora. Com um certo receio de desabar novamente. Mas não tenho mais medo. Nem medo, nem dor e nem preocupações que me fazem encolher o corpo no meio da cama. Agora eu consigo, com a sua ajuda, lidar com o que vem por ai. Acho que juntos a gente até consegue evitar que algo mais desabe. Juntos quem sabe a gente até possa esperar pela calmaria. Não é isso que dizem? Após a tempestade, vem a calmaria. Então, senta. Vamos esperar pelo melhor, pela paz... Pela calma. Eu não te prometo a paz instantânea, nem a ausência futura de terremotos. Mas prometo sim, que eu nunca mais vou tentar lutar sozinha. Agora de pouco em pouco, já estou me tornando mais ereta. Aos poucos já fico mais a luz do dia, do que a escuridão da noite. De passo em passo, largo o cigarro, as doses de whisky e me esforço para me alimentar adequadamente. Entenda, vai ser um passo por vez. Mas o que importa é que agora, eu estou de pé e vou te ajudar a lutar também. Não foi fácil para nenhum de nós. Mas repara bem, agora estou respirando fundo, me olhando no espelho e consigo até trocar sorrisos com a moça do mercado. Sei que vou conseguir também voltar a ser sociável, agradável e inteira. Você não vai precisar mais me olhar como se tivesse me perdido. E sabe porque? Porque em todos esses meses de escuridão, você lutou para me manter viva. E agora, em plena luz do dia, eu estou em pé para te dizer que consigo me manter viva sozinha e que sim, estou pronta para te manter em pé o quanto for preciso. Você foi forte por nós dois. Me deixa agora ser forte por mim e consequentemente ser forte por você também. Me dá a mão e me ensina a andar de volta. Do teu lado eu sei, que o pior já passou."
Depois de vários motivos para não crer no amor, para desistir de querer encontrar alguém, hoje me peguei parada enquanto escutava uma música pensando no quanto estar com você me traz paz. Pensando no quanto você é o oposto de qualquer coisa que já passou pela minha vida. Você não é um amor sorrateiro, nem um amor desses que surgem como uma explosão. Você não causou aquilo de amor a primeira vista e nem aquele estranho desejo de querer o tempo inteiro. Você não me deu um amor doentio, não bagunçou minha vida, não atrapalho minha rotina e nem se quer foi algo que estremeceu meu corpo. Você não me deu medo, nem de perder e nem de deixar entrar. Não foi que nem o homem com qual eu achei que ia passar o resto da vida, nem se comparou aos últimos traumas. Pelo ao contrário, desde que você apareceu, eu fiquei em paz. Em paz com o passado, com o presente e despreocupada com o futuro. Desde o primeiro abraço, desencanei. Contigo eu não tenho a obrigatoriedade de estar sempre arrumada, nem tenho que explicar nada. Você me traz a sensação de segurança, de proteção. Quando você me abraça e me segura firme contra o teu corpo, é como se você entendesse que precisa colar meus pedaços quebrados antes de querer estremecer meu mundo. Quando você me beija e demora para abrir os olhos, parece que sabe que eu abro os olhos rápido demais e termino sempre sorrindo. Quando você me segura é quase como se compreendesse meus medos, minhas inseguranças e meus problemas. Quando beija a minha mão enquanto conversamos é quase como se adivinhasse que me falta o romantismo. Quando me elogia, me escuta e me pergunta sobre o dia, é como quem sabe que eu preciso de cuidados mais específicos. Quando se deixa ser a parte mais carinhosa, me faz ver que eu não preciso me defender. Você entende? Eu precisava demais que algo de bom acontecesse e me aconteceu você. Sem ruptura, sem grito, sem confusão. Aconteceu calmamente, tranquilo como nascer do sol. Aconteceu assim, simples. Você surgiu como um dia na praia. Surgiu aos poucos. Surgiu me fazendo confiar em você primeiro com o dia a dia, depois com as noites. Surgiu quando eu mais precisava. Surgiu para me dizer que vamos dar um passo de cada vez, juntos. Surgiu para me fazer respirar fundo quando eu já não via nada além da escuridão.

terça-feira, 24 de novembro de 2015



"Eu sei que não é sempre que a gente encontra alguém que faça bem e nos leve deste temporal. Mas te vejo e sinto o brilho deste olhar que me acalma e me traz força para encarar tudo."

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

"Meu silêncio não era desinteresse, meu silêncio era por não saber explicar o que estava acontecendo dentro de mim." 

- Incedos 
"E eu fico olhando você dormir com a barriga para baixo, tentando encontrar uma posição aonde caibam todos os seus sonhos na cama. Eu fico te encarando no banho, com a água no rosto e o mundo nas costas, a mão no cabelo e a esperança no peito, tentando entender que caminho torto foi esse que te trouxe para mim. Eu te vejo respirar cansado da vida, cansado do mundo, cansado de mim e de amar. Eu te vejo sem barba, sem sorriso, sem maldade, sem fé. E te espero, te afirmo, te permaneço, te seguro, te vejo, te beijo, te quero e te adoro. Enquanto acabam os dias, os sonos, os cansaços, as moedas, os desejos, os laços e amarras, e você me diz outra vez que eu não mereço a confusão e o peso que ser você me traz. Eu te olho nos olhos e repito que você pode vir na segunda, na quinta, na sexta.Vem inteiro, aos pedaços, em farelos miúdos, tudo bem. Contanto que você continue vindo, tá tudo certo. Porque eu amo quando você vem e amo todas as coisas que vem com você."

- Ciceero M

sexta-feira, 20 de novembro de 2015


Me perguntaram o que eu teria feito de nós se hoje eu pudesse reescrever todo tempo que passamos juntos, na hora eu não soube direito o que dizer, mas agora parando para pensar eu acho que teria sim feito diferente. Pena que na hora com a cabeça cheia, a gente nunca consegue ver o quadro todo. Mas, sim, eu teria feito o oposto do que fiz. Se hoje eu pudesse voltar no tempo, teria lido aquelas mensagens e provavelmente eu teria parado na sua frente, segurando a gola da sua blusa como de costume para te dizer olhando dentro dos seus olhos que a gente podia consertar tudo. Eu teria sim parado e te dito que eu entendia. Pediria para que você lutasse mais um pouco, insistisse mais um pouco. Te diria que te amava mais do que quando te vi pela primeira vez e que por isso, eu arriscaria tudo, se isso te fizesse me ajudar a lutar por nós. O nosso barco naquele momento tinha furos demais, rachaduras demais e um bocado de problemas. Mas, quem sabe, se a gente não tivesse escolhido pular e nadar por conta própria, hoje estaríamos mais fortes do que nunca. Os nossos problemas nos engoliram, nos atordoaram... Mas me pergunto se faltou amor. Você me quebrou em milhões de pedaços, cujos alguns volta e meia ainda ardem. Me fez entrar de vez em um buraco do qual eu ainda não sei se consegui sair por completo. Me fez ver que a minha luz interna tinha se apagado. Que algo aqui dentro já não poderia ser inteiro de novo.. Como você me disse uma vez, você foi egoísta em um dos piores momentos da minha vida. E acho que quanto a isso, estamos entendidos. O que eu acho que ainda não entendo, mesmo depois de dois anos, é como um amor como o nosso se tornou só isso. Já amei outra pessoa depois de você, namorei outros e já cheguei a pensar em casar novamente. Te esqueci, ou melhor, te guardei protegido em algum lugar aqui dentro durante esse tempo todo, mas hoje quando me fizeram parar para pensar em nós como éramos, me peguei pensando no quanto era (e é) incondicional o que eu sinto por ti. Claro que hoje, não é mais como era. O sentimento já não é um amor desses que a gente quer de volta, nem ao menos é algo que me faça sofrer. Já nem consigo ver nós dois no mesmo quadro. Muito menos te vejo por perto. Suponho até que você realmente tenha encontrado um amor tão grande quanto o nosso. E acredite, fico feliz por isso. Só que, sabe, algo ficou. Algo seu ainda mora aqui. Mora dentro de mim e me faz de tempos em tempos pensar. Mesmo que eu saiba que infelizmente a separação era inevitável, sei lá, em momentos assim eu só queria entender. A gente se perdeu quando ainda dividíamos a mesma casa, nos deixamos antes de nos separarmos e sofremos. Os dois. Não seria eu a dizer que só eu sofri, quem me dera. E quando eu penso eu vejo o quanto tudo aquilo podia simplesmente ter sido consertado se houvesse a calma que hoje eu tenho. Você me ensinou a ser quem eu sou. Me deu lembranças das quais nem em outra vida eu seria capaz de esquecer. Me fez ver o copo meio cheio, como você via e mais do que isso, você me amou como ninguém jamais foi capaz de me amar. Você viu de perto tudo que me assusta, me diminui, me congela e ficou. Ficou quando nem eu sei se teria ficado, quando nem eu sei se teria aguentado. Você tentou. Eu tentei. A gente se agarrou no que sobrou de bom, mas eventualmente você desistiu e dois anos depois, eu também. E mesmo desistindo minha vontade é sempre garantir que você esteja com o sorriso mais lindo que você tiver no rosto. Minha vontade é poder mesmo de longe garantir que o mundo esteja te tratando bem, garantir que você esteja em paz, que esteja seguro e acima disso tudo feliz. O que ficou aqui dentro me faz pensar todos os dias enquanto oro, no quanto quero teu bem. No quanto eu te desejo o oposto de mim e no quanto eu, as vezes, sinto sua falta. Falta do melhor amigo, do sexo, do corpo, do abraço apertado e do cheiro da pele. Falta de ouvir a gargalhada, de jogar vídeo game do teu lado, de me superar porque eu tinha um bom motivo. Falta de cozinhar para você, de ver seu rosto sempre que comia o bolo de fubá. Falta de deitar no teu peito e me sentir o ser humano mais seguro e mais sortudo do universo. Falta de te ver sorrir. Falta de amar o cheiro que o Malbec tinha na junção do seu pescoço com o ombro, que é irreprodutível. Falta da tua voz, dos teus olhares e daquele teu jeito inexplicável que me tornava simplesmente feliz. Com você nunca houve um momento de raiva, nem se quer houve um dia em que eu lembre de ter pensado que você era um erro. Eu só lembro do quanto aquele amor todo me transformava, do quão grande me tornava. Lembro de ter medo sim, mas de te perder. Medo de um dia abrir os olhos e não te encontrar. Medo de te ver ir, assim como eu vi. Medo de não ter você sempre ali. Medo de... Te esquecer. Lembro de olhar para você todos os dias e saber aqui dentro que eu tinha encontrado minha alma gêmea. E sim, dois longos anos já foram, mas parando para pensar friamente, ainda é você naquela música do Sambô. Ainda é você naquela fronha do Corinthians ou naquele escapulário em que eu coloquei tudo que de bom existe. Ainda é você nos romances que eu leio, nas orações que eu faço e também naquele meu jeito moleca atrapalhada que ri sozinha enquanto assiste (de novo) Meu Malvado Favorito. Parando para pensar, eu teria feito diferente sim e teria te dito que nessa vida, nunca ninguém vai conseguir te amar como eu te amei. Eu me mantenho sim, longe. Reaparecendo as vezes só para saber como vão as coisas. Mas mesmo de longe, espero que você escute hoje quando eu digo que eu teria feito diferente, eu teria naufragado do teu lado se fosse preciso, e que abrir mão de você não te fez ser menos do que o amor da minha vida e por isso, eu te agradeço mesmo que em silêncio depois de tanto tempo.

27.03.1988

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

E não é que a gente supera, menino? Até eu que sou tarja preta superei. Não sei ao certo a fórmula, a ordem binária ou a sequencia exata de como ou quando acontece. Mas acontece. Meio que, sangra, arde, lateja, consome, incomoda, mas passa. Doer, dói e não é pouco, ao contrário do que os conselhos chineses dizem não existem nada nem de longe parecido com, seguir em frente. Isso não existe. A gente continua indo, e perde pedaços importantes do que somos ao longo do caminho. Mas acredite você ou não, um dia você acorda e simplesmente não dói mais.
— Ciceero M.

terça-feira, 17 de novembro de 2015


Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoismo. Para qualquer escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos.
— Charles Chaplin. 
"Não existe essa coisa de sorte ou azar. É ter ou não ter fé."

- Thiara Macedo
"Não quero lembrar. Faz mal lembrar das coisas que foram e não voltam. Agora já passou. Não sinto raiva, não sinto nada. Sinto saudade, de vez em quando. Quando penso que poderia ter sido diferente."

- Caio Fernando Abreu 
Enquanto não encerramos um capítulo, não podemos partir para o próximo. Por isso é tão importante deixar certas coisas irem embora, soltar, desprender-se. As pessoas precisam entender que ninguém está jogando com cartas marcadas, às vezes ganhamos e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. 
— Fernando Pessoa.  
"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade"

- Carlos Drummond De Andrade.



"A vida tinha um plano e separou a gente. 
Mas se quem eu amo tem amor por mim, eu sei que ainda estamos muito longe do fim." 

27.03.1988

Sempre que digo que sinto falta de casa, penso em você.
Não mais daquele jeito amargo que era assim que nos separamos.
Nem do jeito que doía insuportavelmente nos meses que se passaram após o nosso fim.
Hoje quando digo que sinto falta de casa, digo com uma certa nostalgia boa.
E digo nostalgia porque é algo que eu sei, aqui dentro, que ao contrário da saudade, não pode ser simplesmente superado.
A saudade que eu senti de você no primeiro ano, quase me matou. E eventualmente passou.
Mas essa nostalgia de me sentir em casa, é algo maior que tudo. Maior que os nossos erros, maior que as brigas e muito mais do que tudo aquilo que nos feriu. É também maior que o fim.
Contigo eu me sentia bem, onde quer que fosse.
Você era minha casa e talvez por isso não fizesse diferença o local que estávamos, quando você me abraçava para dormir.
Dois anos já se passaram desde que notamos que havia acabado. Você antes de mim. Como sempre.
E isso é tempo pra caramba!
Concorda?
É tempo o suficiente para esquecermos um do outro.
Tempo para aprender que... Talvez, tenha sido melhor.
E concordo que tenha sido.
Mas sabe, tem dias em que eu ainda lembro de coisas banais que passamos juntos como o desafio pra pintar um apartamento inteiro com direito a declaração na parede da sala, ou daquela nossa viagem pra praia em que voltamos pra casa na areia no meio do escuro, e isso me faz sorrir.
Talvez aquela sensação de ter encontrado o "amor da minha vida" nunca tenha de fato ido embora, mesmo que tenhamos seguido caminhos completamente opostos.
Porque eu lembro de ter te dito um dia que mesmo que fossemos para lado opostos, iríamos ainda assim ser tudo o que fomos, mesmo que já não fossemos nada.
Você já amou outras mulheres, eu já me arrependi de amar outro...
Você casou de novo, eu já namorei alguns.
Você se tornou ainda mais um homem de quem eu terei sempre orgulho e eu continuei sendo eu mesma. Aquela que tem azar no amor, que gosta de whisky, de samba e sempre volta a fumar.
Dois anos depois e você continua sendo a exceção a regra da minha vida.
E mesmo que meu amor por você tenha se transformado em algo tão lindo, não podia deixar de dizer que pensei em você.
Você hoje pra mim é o que de melhor me aconteceu. E excluindo a parte ruim, com certeza sempre vai ser o meu grande amor.
Hoje quando me peguei sorrindo pensando em como tive sorte quando cruzei teu caminho, notei que você me ensinou a ver o copo meio cheio na vida. Notei que por você ter existido, hoje o resto ficou fácil de superar. E eu ando tão feliz sabe? Tão imensamente em paz, que você, mesmo dois anos depois, continua sendo boa parte do que me faz bem.
E exatamente por esse motivo, queria te dizer que espero sim que a vida um dia nos coloque frente a frente novamente para que eu possa te dar um abraço apertado e dizer que ainda somos o que já não podemos ser, que você ainda é o que já não era e que ao contrario da saudade, por você eu cultivei uma nostalgia que me faz sorrir quando penso que sentir falta de casa, é sim sentir de um jeito ou outro, falta de você, mesmo depois de tanto tempo.

27.03.1988

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

"She's a tough girl, just like a shark. 
But, man, she loves you with all her cold blood. 
Just like a shark."

Eu cansei. Assim do nada. Acordei e "plim", me senti exausta. Senti cada parte do meu corpo gritar de cansaço. E sabe, não era um cansaço físico. Tampouco emocional. Eu me sentia cansada de uma forma diferente. Me sentia de saco cheio, no português popular. Cada célula minha gritava "chega" e pela primeira vez, eu as ouvi. Então digo agora mais do que nunca: cansei.
Cansei de carregar em mim o peso imenso dos elefantes do passado, cansei de guardar no peito tanta mágoa do que foi e ainda assim ficou. Cansei de ter o ombro encolhido porque esse ou aquele me julgaram rápido demais. Cansei de ter a cabeça baixa por ouvir quem queria drenar minha felicidade. Cansei de me sentir menos porque um idiota a mais não soube reconhecer a imensidão linda que eu ainda tenho no peito. Cansei de não me sentir mulher por ter uns quilos a mais. Cansei de me olhar no espelho e encontrar milhões de defeitos porque alguém uma vez me traiu. Cansei de ter medo de me apaixonar por ter encontrado homens errados demais na vida. Cansei de trocar o número do meu celular porque aquele ex invocado na urucubaca não assumiu os próprios erros e se fez de vítima em casa. Cansei de pessoas idiotas. Cansei de seres humanos tão infelizes que precisam achar nos meus textos pretextos para a terceira guerra mundial. Cansei de quem abre meu blog querendo me encontrar infeliz, amando um babaca e ainda se sente no direito de pisar na ferida. Cansei! Cansei de quem por ser tão pouco precisa me chamar de paranoica, bipolar ou qualquer outro adjetivo para se sentir mais. Cansei de quem me deseja mal, de quem quer me ver infeliz, de quem reza para me ver no chão. Cansei de precisar engolir um sapo enorme só para que alguém fale o que bem entende. Cansei de ser educada a ponto de não responder. Cansei de pessoas que são só trevas. Cansei de quem não usa a cabeça. Te incomoda o que eu escrevo? Adivinha? Não acesse minhas redes sociais. Simples! Simplifique, porque eu cansei. Cansei de nhenhenhe, de fofoca, de infernizarem minha vida a toa. Se você não pode ser mais do que é, sinto muito. Eu, graças a Deus coloco os que me querem mal na zona da indiferença. E sabe por que? Porque cansa. Cansa ter sempre alguém para pisotear os ferimentos que um outro causou. Cansa ver a hipocrisia. Cansa saber que apesar dos pesares, eu não desejo o mal de volta. Mesmo querendo sim, desejar uma bomba atômica para alguns do passado.
E eu cansei, ouviu bem? CANSEI.
Acordei e notei que inveja, ofensa e raiva só passam a me pertencer quando eu as tomo para mim, caso ao contrário tudo isso só vai continuar sendo de quem as lançou. Notei que eu só dependo de mim mesma para ser feliz e deixar de vez o que passou, lá atrás do lixo. Notei que não, eu não mereço menos do que o todo. E que não, eu não preciso me explicar, nem me fazer entender. Quem precisa me entender, já me entende sem que eu fale uma frase completa. Notei que dentro de mim existe muita coisa boa e muita vontade de ser mais, cada dia mais. Acordei e quase como um suspiro, me desfiz das amarras que me prendiam. Adivinha? Eu sou assim mesmo. Eu vou amar incondicionalmente qualquer pessoa. Vou desejar o bem. Vou querer fazer sorrir. E sou cheia de defeitos, no corpo e por dentro. Quem disse que não? Sou sim e bato no peito pra dizer que me orgulho de cada centímetro meu. Tenho um lado ruim enorme, ah se tenho. Mas também tenho um lado bom que é mais que tudo isso. Eu sou mais que os erros que eu já cometi. Sou melhor do que o passado que eu tive. Sou muito mais do que a falta materna, ou a ausência paterna. Eu não sou eles! Não sou a péssima figura materna que eu tive. Não sou o pai ausente que me escolheu como filha. Não sou a família que me falta. Os inimigos que fiz no caminho. Não me determino pelo estupro que sofri quando nova. Muito menos me limito aqueles que machuquei.
Eu sou muito mais do que um casamento que deu errado, muito maior do que uma depressão profunda que me engoliu e infinitamente maior que os problemas de saúde que me atingiram. Sou mais do que as linhas que contei. Que as mortes que superei. Que os vícios que tive e tenho. Que os impérios que perdi. Que as pessoas que confundi. Sou muito mais do que meu erros. Sou muito maior que minhas perdas. E me perdoei por tudo o que eu fiz. Quem sabe eu tenha perdoado os que também me fizeram mal. Não sei. Mas sei que eu sou mais que isso e me devo o respeito. Você me deve o respeito! Mesmo que eu tenha errado, mesmo que você tenha errado. Eu ainda assim mereço mais do que tudo isso. E simplesmente porque eu não me defino pelo julgamento que você faz de mim. Ninguém é obrigado a gostar de ninguém, a única pessoa que tem a obrigação de me amar, sou eu. Mas mesmo assim, todos tem de se respeitar. Eu tenho direito de falar quantas vezes eu quiser que amo alguém. Ainda assim não abri espaço para ninguém me faltar o que é básico: o respeito.
Eu não posso ser definida pelo azar nos relacionamentos, nem pelo número de doses de whisky que já tomei. Não posso me deixar ser só isso. Eu erro, assim como todos!
Mas eu cansei, cansei de pessoas me dizendo que eu sou só isso. Cansei!
Eu me dei ao direito de anular o sofrimento do passado. De esquecer tudo que magoou. De superar os traumas que eu tive. De curar as feridas abertas. Me dei ao direito de amar cada cicatriz minha. De me permitir silenciar de vez tudo o que passou e de ser somente o hoje. Me permiti ficar ruiva, pintar as unhas de preto e rir compulsivamente com aquela maquiagem forte que eu amo. Me permiti ir ás festas que eu sentia falta, marcar um encontro as escuras e ter um caso de uma noite. Hoje mais do que sempre, eu me permiti ser mais. Mais do que tudo o que passou. E eu tô feliz. Se você veio procurando um texto de infelicidade, sinto muito. Não vou mais dar espaço ao que me fere ou ao que de mal me desejam. Eu já sofri o que eu precisava! E não, eu não tenho intenção nenhuma de voltar a sofrer. Se você não pode falar bem de mim, façamos um trato, não fale mais nada.
Eu só quero continuar em paz, continuar sorrindo e buscando ter um corpo mais bonito por mim. Pra que eu olhe e me sinta a mulher mais linda do mundo. Eu quero e vou buscar a minha felicidade. Vou acreditar no amor de novo, em transas incríveis, em gols no fim do jogo. Eu tô acreditando de novo em mim! E isso foi um presente de mim pra mim mesma. Eu tô forte de novo, pronta pra buscar todo o império que eu perdi. Pronta para amar desesperadamente de novo. Para comer em todos os restaurantes que eu quiser, para viajar o mundo mais uma vez e para dizer hoje, amanhã e sempre, que a tristeza não combina comigo. Que a minha fé é inesgotável, que meu samba cura a alma e que inteligência é esforço. Tô aqui de braços abertos a todos e tudo que me fizer bem, pronta para ser o melhor que eu puder ser e quem sabe no caminho descobrir que cansar de sofrer foi no fim das contas a melhor coisa que eu poderia ter feito por mim.
E peço perdão, á todos que eu feri, afinal se eu quero perdoar, preciso aprender a pedir perdão. E eu peço quantas vezes forem precisas, porque de hoje em diante tudo o que vai se encontrar dentro de mim é o que de bom eu tiver a oferecer. O mal, a raiva e a vingança... Nunca deram uma boa história e para ser sincera, eu hoje decidi que vou escrever o melhor volume de mim mesma que eu puder escrever. Parece clichê mas eu voltei a dormir em paz, voltei a sorrir com a alma e ter uma esperança tão grande que pode me fazer mover o mundo. Tô acreditando em mim, no amor e no poder da felicidade, se você não pode me desejar tudo isso, eu posso e te desejo só os sentimentos que nunca te cansarem de viver. Você também pode ser mais que todos os seus erros e eu espero que ao acordar, você também diga: eu cansei. Cansei de sentir o peso desnecessário de tudo aquilo que não me ilumina. Assim como eu voltei a ser luz, desejo luz... Mais do que tudo, desejo que haja sempre uma alma iluminada dentro de cada pessoa que já passou por mim.
Eu sou mais que os erros que cometi, eu sou mais do que meus passos errados.
Eu tenho muito mais luz que escuridão aqui dentro.
E você?
"Toda mulher deveria experimentar ficar ruiva, ou melhor, deveria provar a delícia que é ousar. Quando saímos fora do senso comum, damos a nossa forma física uma nova roupagem adquirimos mais coragem, o que pode ser dito também como mais confiança. Parece que ao nos olhar no espelho depois de uma mudança a vida volta a ter mais cor... Já falei em outros textos que tô precisando me encontrar, fazer oportunidades acontecerem e tomar um pouco de confiança. E a mudança serve exatamente para isso, pra te dar uma balançada e te dar aquela vontade de reagir. Mudar é sempre bom, uma vez ouvi que o novo sempre é melhor que o velho. E na vida isso faz sentido, afinal não temos como mudar o passado, porém o presente é exatamente isso, algo que se oferece a alguém como agradecimento ou retribuição. É como se a vida lhe presenteasse com várias páginas em branco todos os dias e você tivesse a oportunidade de preenchê-las. Por isso repito que a mudança é algo novo e maravilhoso, não precisamos repetir o que já está naquela página amarelo chamada passado. Temos ali uma página em branco e possibilidades de fazer as coisas acontecerem, o que as vezes irá depender só de nos mesmas... Sabe, sei que parece a coisa mais tola do mundo dizer que mudar esteticamente e sentir-se diferente irá de fato mudar algo em sua vida. Porém é assim que acontece, a cada ousada que você dá com o seu visual você expressa sentimentos que estavam guardados, assim como o seu jeito de ver a vida, sua personalidade, seu estilo. Tudo isso é uma forma de falar: "Ei! Eu estou aqui e é nisso que eu acredito!". Então por que ter medo de aventurar-se? Se jogue sem medo de ser feliz... O erro, por mais que afete outras pessoas além de você, faz parte do crescimento e das experiências vividas. Se não quiser mudar o visual, mude então um cômodo da sua casa, troque algo da sua rotina. Só não feche os olhos e esqueça que a vida está passando enquanto você está sentado no mesmo lugar."

- Roberta Rodrigues. 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Meu último relacionamento? Um desastre completo! Desses que não deixam nada além de um baita trauma sabe? Nem vou explicar pra não atrair a urucubaca de novo. Acredite, você também vai preferir não saber! Se houvesse um jeito de simplesmente fingir que não aconteceu, eu faria. Acho que no fundo, resumidamente, só me sobrou nojo. Dele e das pessoas descompensadas que ele colocou na minha vida. Chega a ser engraçado se eu te contar! 

Eu me apaixonei e deu tudo errado. Vamos simplificar assim. De novo, deu tudo errado. Tudo bem que ele superou todos no quesito destruição, mas quer saber? Não vale a pena nem a lembrança. Ele foi só mais um e depois de conhecer bem a fossa dos relacionamentos que acabam em fins exaustivos, hoje eu posso te dizer, não foi nada demais. Esgotei até o último suspiro de esperança, cheguei a me preocupar quando não deveria nem lembrar mais e confesso que derramei lágrimas demais. Dei importância demais á ele e ao lixo que anda grudado nele o tempo inteiro, mas, enfim, o tempo finalmente passou. E agora sim, posso te dizer que tá tudo bem.

Houve outra pessoa além dele, mas não, também não foi nada demais. Só um remember de um antigo amor que precisava de um ponto final. E sim, minha vida amorosa é uma confusão. Já superei um relacionamento de anos, mas volto a falar dele, as vezes. Como você pode ver, tenho um certo azar. Mas não se preocupe, todos são passado agora. 

Minha vida vai muito bem, obrigada. Meu cabelo mudou de cor, minhas unhas agora grandes acompanham os tons fortes de batom que comprei recentemente e até mesmo o perfume é outro. Já canto as músicas mais românticas possíveis e quer saber? Não dói. Não mais. Nem se quer incomoda. Acho que percebi a tempo os benefícios de poder estar assim, sem preocupações. Já pensou em quantos problemas eu ia ter se algo do passado tivesse dado certo? Pois é. No fundo, talvez seja até sorte. Afinal, no meio daqueles relacionamentos de uma noite, te encontrei né? 

Tomar um pé na bunda de um idiota, foi bom. Agora que eu já enfrentei todo tipo de maluquice que aquele babaca podia me trazer, posso te dizer que até o sol voltou com mais força. Usei o tempo de tristeza para assistir os filmes em atraso e reencontrar músicas que eu gostava tanto, mas havia esquecido. Fui bem clichê sabe? Tomei todos os vinhos que você pode imaginar, já escolhi até um preferido! Também encontrei restaurantes magníficos e aprendi que gosto de sorvete de salted caramel, mas só de vez em quando. 

Consegui parar e ver o Corinthians ser campeão brasileiro, troquei de número e li uns livros diferentes. Posso dizer que ao passar por ele, reaprendi a viver. Dessa vez mais intensamente. Entende? É ridículo o quanto as vezes a gente se larga a toa, e ele me fez ver isso. Já valeu de algo, concorda? 

Se não fosse isso, como eu saberia que me divirto em sair com um santista? Como eu poderia te olhar do jeito que eu te olho hoje, mesmo sabendo que a gente vai ser só isso? E de coração, você é sensacional, mas é um belo passatempo. Quanto a isso acho que concordamos. É óbvio que as vezes eu rezo por um amor de conto de fadas, mas não assim sabe? Por enquanto eu quero minhas noites de volta. Sejam elas como a nossa, ou voltando de táxi da balada com os sapatos na mão. Quero voltar a viajar, pensar no futuro sem amarras. Quero ser livre de um jeito sacana, de um jeito irônico. E quero rir disso, assim como vou rir do idiota do meu ex ás cinco da manhã depois de seis doses de whisky por saber que livre como eu, ele nunca vai ser. 

E tá tudo bem com isso, acredite. Eu tô amando poder redescobrir que inveja e ofensa, só afetam quando a gente aceita. Caso ao contrário, isso vai continuar pertencendo á quem as lançou. Eu tô feliz assim! Sinto muito aos que me desejam o mal, mas eu? Eu troco as rugas que me dariam desejar o mal de volta, por um salto maior, um homem tão bonito quanto você hoje a noite e uma garrafa inteira daquele conhaque que faz as neuras sumirem sozinhas. Eu troco os que me desejam a ruína, por um colar de diamantes novo e uma viagem a Bali. E pra terminar, troco em combo todos os meus ex problemáticos, por um caso que me faça quebrar uma unha, morder o travesseiro e passar a semana com o corpo todo doído, sendo feliz e livre, como nenhum deles nunca mais vai ser. 

sábado, 7 de novembro de 2015

"Eu ando muito infeliz, este é um segredo que eu conto só para você: eu tenho achado, devagarinho, cá dentro de mim, em silêncio, escondido, que nem gosto mais muito de viver, sabia?"

- Caio Fernando Abreu 
"Se eu vou chorar, agora é a hora. De manhã, eu vou ser capaz de lavar o dano feito pelas minhas lágrimas do meu rosto. Mas nenhuma lágrima veio. Eu estou cansada e paralisada demais para chorar. A única coisa que eu sinto é um desejo de estar em qualquer outro lugar."

- Jogos Vorazes. 

Me desculpa

Desculpa pelos sustos dados em hiatos não planejados de silêncio. Te fiz esperar mas do que deveria, eu sei, mas é que existe um medo enorme que me consome quando vejo as coisas caminhando pra um terreno que eu desconheço. Não gosto de pisar em terrar desconhecidas, nunca escolhi os desbravadores nos jogos de vídeo game, sou mais do tipo que analisa todo o campo antes de bolar a tática. Sei que isso não me impede de pisar em campos minados, mas finjo que sim, finjo que desse meu jeito as coisas estão sob controle. Nunca estão. Se estivessem, os estilhaços das bombas anteriores não teriam voado diretamente em você. 

Você persiste, já não sei se é pelo desafio ou pelos motivos que você me diz sem rodeios: você gostou de mim. Então por que não acredito? Dizem que leva tempo e levaria mais tempo ainda pra você gostar de alguém feito eu, pra entender esses receios cheios de histórias de guerra que eu carrego no peito. Vivo em trincheiras explosivas, mas você avança. Desculpa por isso, mas vou precisar te ferir pra não chegar tão perto, pra não perceber que eu já tô deixando o escudo de lado.

Resisto bravamente, encaro a linha de frente do combate. Qualquer coisa pra não ter que encarar você. Mas.

Tem algo ali. Alguma coisa que eu não esperava. Alguma coisa que não estudou a guerra, alguma coisa que tenta me explicar que eu não preciso fugir. Que já fugi demais, e talvez por isso seja tão difícil me convencer a ficar. Porque acho que todo mundo que chega perto é combatente, encaro toda e qualquer aproximação como inimigo. É que eu já me machuquei tanto que exijo cautela, sou quase um sentinela sentimental. Me desculpa por isso também. 

O problema é que eu sinto cada vez mais vontade de cair pra dentro de você. Enxergo nos teus olhos alguma coisa divina, alguma bênção que vai pôr fim ao meu martírio, algum decreto de liberdade pra deixar os escudos pra lá e largar as armas. Cansei de ladrar, amor. E quando você vem é só paz que eu sinto, sinto as marcas desaparecendo, sinto como se pudesse sentir tudo de novo outra vez. Sinto que pode ser dessa vez. 

Desculpa pelos sustos dados em hiatos não planejados de silêncio. É que eu nunca sei o que dizer diante de um milagre. Mas te digo, repito largando as armas de lado, que pode ter demorado tanto, posso ter resistido tanto, mas que agora não tem mais desculpa. Resisto bravamente, encaro a linha de frente do combate. Qualquer coisa pra poder encarar você por uma vida inteira. 

- Daniel Bovolento.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

"Apresento-lhes o meu dom: Eu magoo as pessoas."

- Allax Garcia

Ao meu ex, eterno amor

Fiquei me perguntando hoje como seria ter nas mãos o poder de reescrever todos os passos que dei até hoje. Me perguntei sobre minha relação com meu pai e se teria feito diferença ter tomado a decisão que ele me culpa até hoje por não ter tomado. Me perguntei sobre as pessoas que passaram por mim e se essas relações teriam sido diferentes se eu pudesse contar a todos o que realmente acontecia enquanto eu sorria abertamente. Revi imagens de pessoas que estavam apagadas na minha memória, inclusive os homens maravilhosos que eu conheci e dispensei por não estar interessada em nada sério. Foi então que entre milhares de coisas que passaram por mim, cheguei ao dia que nos conhecemos naquela balada de fim de mundo. Eu bêbada, você pior. Eu ficando com um amigo seu, você ali perdido. Eu te olhando desde que cheguei, você notando minha presença somente quando me viu de perto. E se posso falar isso agora, aquele dia foi mágico. Eu sabia que tinha encontrado o amor da minha vida, bem ali no meio do nada. Eu sabia e nem se quer entendi. Tantas lembranças voltaram seguindo esse dia, inclusive aquele em que te dei um escapulário de presente. Estávamos perto do natal e me lembro desse dia, assim como lembro nesse momento de todos os dias em que tive o seu sorriso como guia, lembro perfeitamente. Como faltavam apenas poucos dias para o natal, as lojas estavam lotadas e eu não sabia o que te dar. Vi um escapulário e pensei que de um jeito ou outro, te dando ele, eu poderia sempre cuidar de você, mesmo depois que você fosse embora. E isso hoje me atormenta, eu já sabia que perderia você. Só não interpretei bem esse medo quando ainda estava em tempo de não te amar, como te amei. No dia que você apareceu, usava uma camisa pólo, não me recordo bem a cor, mas acho que era rosa. Eu não lembro o que estava vestindo, mas lembro perfeitamente de sentir meu coração saltar dentro do peito umas quinhentas vezes enquanto olhava o seu rosto ao abrir o pacote que guardava aquela corrente com valor espiritual para mim. Também uma carta. A primeira. Nem se quer lembro o que eu te disse lá, mas lembro sim dos teus olhos brilhando e do sorriso imenso que você abriu me dizendo que sempre quis um escapulário. Nosso destino estava bem incerto até aquele segundo e o engraçado era que eu simplesmente não me importava. Cada segundo do teu lado, só fazia crescer a certeza de que eu já havia encontrado o que pessoas passam a vida inteira para achar. E soube mais ainda quando fui cuidar de você depois da extração dos sisos. Eram coisas pequenas que me faziam te amar de um jeito absurdo. Então os meses começaram a passar, eu era incapaz de desgrudar de você. Incapaz de me ver sem o teu sorriso. Por isso acabei escrevendo com batom no espelho, dormindo agarrada a você noite após noite. A gente era um casal feliz, não sei se você se lembra dessa parte. Eu contava as horas pra te ver chegando em casa. E você cada vez que chegava me pegava nos braços como quem nunca queria ter saído dali. Houve um dia em que eu tive pesadelos horríveis e você precisava ir trabalhar, lembra como você exitou em sair por se preocupar comigo sozinha? Eu lembro. Lembro e me pergunto como isso virou o desinteresse por dormir na mesma cama, mês após mês. E lembro também do dia em que depois de meia garrafa de vinho, você deitou do meu lado e sorrindo disse que me amava pela primeira vez. A gente não deveria ter deixado de dizer isso! Porque naquela primeira vez eu sorri de uma forma que nunca havia sorrido antes, mas tive medo, conseguindo te dizer somente no dia seguinte enquanto cozinhávamos que eu tinha ouvido e que também sentia o mesmo. Você sorriu e me fez questionar como havia um ser humano tão perfeito na face da terra. Com o passar do tempo, decidimos morar juntos. Grande passo, mas pequeno pra tanto sentimento. E pouco depois, eu cometi o erro que nos afastou. Te aproximei do passado que eu lutei pra manter fora da minha vida. As brigas começaram, brigas piores aconteceram... E sozinha eu me afundei. Me apaguei por completo. Nem se quer fazia outra coisa da vida, além de ser uma sombra. Quer saber se me arrependo depois de tanto tempo? Sim! Me arrependo de não ter explicado que a minha tristeza não tinha a ver com você e que eu precisava de ajuda. Me arrependo de ter brigado com você no dia em que você me trouxe aquela rosa com o cartão que eu nunca esqueci. Me arrependo de não ter pintado todas as paredes do apartamento pra te mostrar, assim como você me mostrou, que valia a pena lutar mais um pouco. Me arrependo de ter me perdido de mim e consequentemente me perdido de você. Me arrependo de não ter te deixado ir depois que soube da traição, me arrependo de ter insistido e desgastado qualquer micro chance que havia de futuramente te ver me olhando com saudade. Me arrependo de ter me tornado um pesadelo desses bem feios, do qual você acordou faz tempo. Me arrependo de ter destruído a gente a ponto de te fazer procurar outra mulher. E digo isso de verdade, porque eu nunca mais amei ninguém da forma como eu te amei. Eu me arrependo de não ter conseguido te mostrar, que mesmo em meio a um mar de problemas, eu precisava que você tivesse lutado, porque eu teria lutado junto. Teria procurado ajuda, teria feito o que fosse para ser melhor se isso não me fizesse te perder, como perdi. Te ver sair da minha vida e posteriormente se tornado indiferente, me doeu bastante. Hoje já se passaram longos anos, eu já namorei outras pessoas, recentemente até amei alguém e o tempo se encarregou de nos fazer ir por caminhos completamente opostos. Nos perdemos por completo, de um jeito talvez sem volta e raramente eu lembro de você. Mas preciso te dizer, já que hoje lembrei... Você foi o amor da minha vida, de cabo a rabo. Foi sem dúvida alguma a pessoa que eu mais quis bem na vida. Você foi minha casa. Minha família. Foi literalmente um pedaço meu. E mesmo que o tempo tenha passado, a gente nem saiba mais um do outro, eu queria hoje ter a chance de te falar que eu sei, assim como sabia quando te conheci, que passe o tempo que passar, aconteça o que acontecer e eu ame quem quer que seja, nada, nem ninguém vai conseguir ser o que você foi. Já aceitei que encontrei o meu pedaço da laranja e que vim nessa vida sendo um limão. Ou melhor dizendo, te encontrei, mas não fui feita pra dar certo com você. E mesmo assim, tenha a certeza de que em trinta ou cinquenta anos, solteira ou com filhos, se você bater a minha porta eu vou abrir com o sorriso mais largo que eu tiver e vou te abraçar pra te dizer mais uma vez, nem que seja a última, que você sempre vai ser o amor da minha vida. E por isso, hoje e sempre, eu só rezo pra que Deus te faça o homem mais feliz do universo.

27.03.88

domingo, 1 de novembro de 2015

"Admito, sinto sua falta. Mas não consigo olhar para você mais uma vez, não consigo esquecer o que fez comigo. Você é uma saudade que eu quero esquecer."

- Ilusões de Esther. 
"Abraço o travesseiro com a ânsia de querer ser abraçada de volta, e me questiono "Quando foi que me tornei uma pessoa tão vazia?". Aí me recordei da vez que eu me senti tão cheia a ponto de transbordar. E isso tinha muito a ver com você."

- Thiara Macedo
"Eu te peço, tenha cuidado! Aqui dentro está tudo frágil."

- Ilusões de Esther
"Onde há fé, há duvida. Você não precisa ter fé no que você sabe que existe, no que é sólido e permanente. Ter fé, é acreditar."

- Gabito Nunes 


Alguém que admiro muito me ensinou sobre o perdão e me mostrou pouco tempo atrás que eu não havia perdoado as pessoas que me feriram no passado, me fez ver que eu só segui em frente, engolindo e armazenando a dor. Talvez esse fosse um bom motivo para tentar mudar o meu jeito de encerrar as coisas, mas no meio do processo, outro alguém me feriu de uma maneira covarde. Como você já sabe. E eu fui em frente, mais uma vez. Engoli os estilhaços que me cortaram inteira por dentro e te abracei. Ignorei as vezes que tive os olhos marejados por causa das lembranças, me fiz de desentendida quando me peguei sentindo falta dele e escondi o tanto que isso ainda mexia com as minhas noites de sono. Fiz tudo isso mais por mim, do que por você. Admito que sim. Eu precisava fazer ele se tornar somente o lixo que representou ser para olhar os dias sorrindo novamente. E eu vi o sol. Vi um sol tão brilhante, que por pouco não me cegou. Senti o calor no meu corpo, o acelerar das batidas do meu coração e reencontrei o meu campo de girassóis. E o que eu estou tentando te dizer é que você não foi um tapa buraco. Longe disso. Você já fazia meu estômago ser casa de borboletas muito antes de eu sonhar com a existência dele. Já era por você que eu voltava aos lugares onde prometi não pisar mais. Já eram os teus abraços que faziam tudo se tornar seguro. Você já era o melhor sexo da minha vida, muito antes de qualquer aventura autodestrutiva que ele me causou. E quando nos afastamos, eu já sabia que você seria sempre um lugar para onde eu poderia voltar caso o mundo resolvesse acabar. No meio do caminho, a vida te levou por uma estrada e me colocou em outra onde ele estava esperando. E a destruição que ele causou ali, eu realmente não tenho uma forma para explicar. Ele me destruiu. Sem pestanejar, ele demoliu tudo aqui dentro. Inclusive o que houve entre nós. E você me reencontrou, em pedaços. E eu concordo que eu deveria ter te dito desde o primeiro abraço de volta, que as coisas não eram as mesmas. No fundo, eu até tentei. Tentei porque só Deus sabe o quanto eu amo a pessoa que você é. Tentei porque eu precisava acreditar que esse amor todo seria o suficiente para reconstruir os pedaços, sozinha. Eu realmente quis me reconstruir para voltar a te amar incondicionalmente, como já amei. E continuo amando. Mas, mesmo querendo, dessa vez te amar não bastou. A dor ainda está aqui e a destruição tem o rosto dele todas as noites quando eu fecho os olhos. E exatamente por esse motivo, eu não posso mais continuar com você. Mesmo que pareça injusto, porque é. Mesmo que dessa vez o problema realmente não seja você, porque não é. Eu não posso mais. Não posso mais quebrar teu coração assim, nem alimentar esse nosso amor de verão enquanto ainda tem um inverno longo no meu peito. Eu tentei. Juro que tentei. Tentei com cada célula minha e volto a te dizer, eu te amo. Pelo passado e pelo agora. Não é por falta de amor que eu estou indo embora, não dessa vez. Eu estou aqui, te dizendo que preciso ir justamente porque te amo e porque respeito o tamanho do meu amor por você. Porque respeito você, eu preciso consertar essa dor ardida que ele deixou, preciso ter coragem e deixar que o tempo cure isso. Mesmo que agora pareça que eu estou me destruindo, eu preciso deixar essa dor queimar por completo tudo o que ela tiver que queimar. Só assim eu vou conseguir ser livre dele e da bagagem de dor que ele deixou presa como uma âncora no meu pé. E não te peço que espere, porque eu realmente quero te ver sorrir aqueles sorrisos que me enchem o peito de calor. Porque eu te desejo somente o que a vida puder te trazer de melhor. E também porque acho que você merece alguém que possa ser cem por cento sua. O que eu não posso agora. Enquanto meu coração se encheu de você e meu corpo se encheu do amor que você representa, há alguma coisa escura aqui dentro. Eu também não sei explicar, mas quando me machucou e me deixou sangrando sem nem se quer olhar para trás, algo em mim se tornou escuro, se transformou em dor. E seja o que for, isso não me deixa esquecer ele. Não me deixa te amar como eu quero e como eu sei que consigo. Esse pedaço me faz ficar confusa. E acredite em mim quando eu digo que ele morreu. Aqui dentro ele morreu. Não sobrou se quer respeito pela pessoa que ele é. Sendo assim, não, eu jamais te trocaria por ele. Eu estou deixando você para fazer isso tudo aqui dentro sumir. E sendo justo ou não, eu sei que é o que eu preciso fazer. Volto a dizer que te amo, te amo de verdade por toda a nossa história e por tanto tempo em que você foi minha fortaleza. Te amo por você ter sido desde sempre, um dos meus melhores amigos. Te amo porque com você, as coisas não machucam. E justamente porque eu te amo, que te digo com o coração esmagado, que eu preciso ir. Preciso ir e peço perdão por ferir teu coração, por te fazer chorar e por ter dito que eu ia conseguir, quando na verdade eu sabia que era quase impossível. Eu te peço perdão por ter te feito mal, quando eu só quis te amar. E eu espero, que ao contrário de mim, você possa perdoar. Acredite em mim, é o único jeito de ser livre de uma dor que você não fez nada para merecer. Talvez se ele tivesse me pedido perdão, talvez se eu tivesse perdoado, eu hoje poderia te dizer que minha vida sem você não é a mesma, ao invés de dizer entre lágrimas, que eu preciso dizer adeus á alguém que eu amo tanto, para me livrar de outro alguém que me machucou tanto.