sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Fiquei aqui pensando no quanto eu simplesmente não queria mais lembrar que você existe. As outras coisas se tornariam mais simples assim. Você causou um estrago maior do que jamais vai entender e voltou só para me culpar pela dor, pelos erros que você mesmo causou. Não entendo, não quero entender e nem vou me esforçar para isso. Sabe por que? Porque você não faz mais diferença alguma. Não para mim. Mas me entristece que ainda existam lembranças. Me entristece saber que eu realmente me apaixonei por alguém que é tão pouco, tão... Nada. E talvez justamente por isso, tenha sido fácil erguer os olhos da dor e enxergar um mundo inteiro pela frente. Seria te dar importância demais dizer que você ainda me dói. Entenda, o que dói não é nem de perto a sua existência, mas sim por você ser tão rebaixado a nada, quando eu pensei que você era algo que valia todos os diamantes do mundo. E nem por isso eu te culpo. Na verdade foi um erro meu, eu olhei e vi em você um brilho. Julguei que era merecedor ás jóias mais caras, mas quando olhei de perto vi que era só vidro estilhaçado. E do meu jeito, eu agradeço por ter parado para olhar depois que me cortei. Você abriu um corte grande, fundo e que sangrou bastante. Sangrou, infeccionou, causou dores e mais dores. Me fez perder tempo, perder vida, perder sentimento e derramar bastante lágrima. Mas ai veio o diagnóstico. Você ia ser só o vidro do chão que estilhaçou na minha mão enquanto eu segurava com força. Mas eventualmente ia tudo ficar bem. Existiam antibióticos contra você e seus efeitos. Não seria o fim do mundo. E não foi. Graças a Deus e a medicina. Quer saber se já curou? Ainda não. Ainda faltam algumas doses doloridas que eu preciso tomar e provavelmente alguma dor que eu ainda precise sentir. Antes de curar totalmente, ainda vai doer. Principalmente quando apertarem a ferida. Mas, vai curar. E quando curar talvez deixe uma cicatriz bem feia. Porém será só isso. Você vai ser só uma cicatriz a mais, que doeu, incomodou, mas passou. E honestamente, eu tenho pena de você por ser só isso. Enquanto você fala que me cortou porque tinha direito de ter raiva, eu olho para você e penso somente em como eu tive sorte. Sorte não pelo estrago que o estilhaço me causou. Mas sorte por eu ter descoberto que o diamante era somente um vidro frágil qualquer que pode ser substituído sem maiores perdas. Hoje eu me sinto sortuda. E em paz. Sortuda por não ter aberto totalmente a minha vida, o que te faz pensar erroneamente que eu fico aqui colorindo as páginas que você não foi capaz de entender. E em paz, porque não fui eu que perdi nessa história toda. Apesar da dor, da exposição, das lágrimas e de todo o incomodo que você foi. Eu não perdi nada. Tempo talvez e um pouco de vida que poderia ter sido melhor aproveitado com peças valiosas. Mas o que é isso quando eu ainda posso me erguer e fazer tudo diferente? Você não foi nada no fim das contas, nada além de um estilhaço. E eu te agradeço, não pense você que eu sou ingrata. Te agradeço sim, e muito. Primeiro por ter me ensinado que não vale a pena amar alguém que não me entende. Segundo que eu tenho que observar muito os futuros diamantes e pesar seu brilho, antes de polir e esperar mais brilho. Terceiro por ter me feito ver que certas vezes, é melhor permanecer em silêncio. E quarto por ter me ensinado a superar, a esquecer, a ignorar e acima de tudo, por ter me feito melhor e mais forte. Hoje eu sei que quem precisa saber muito, na verdade não quer saber nada. Hoje sim eu enxergo que enquanto vidros que se disfarçam de diamantes precisam saber sobre o passado detalhado e as finanças que nem sempre posso explicar, existem reais diamantes que não perguntam, não questionam, só estão ali dispostos a brilhar do meu lado, independente de onde eu os coloque. Te agradeço sim por você ter me ensinado que o gol feito nos acréscimos do segundo tempo não faz de ninguém um artilheiro, muito menos um bom jogador e sim um sortudo qualquer que perdeu os outros noventa - e importantes - minutos sendo nada mais que mais um em campo. E pra ser sincera, eu preciso de um artilheiro que goleie qualquer time que apareça e ainda me dedique os gols. Eu preciso de diamantes valiosos e coisas que valham a pena, o que pra ser honesta, você não parece que vai conseguir ser nem hoje e nem nunca. Mas não te desejo o mal, até porque te desejar qualquer coisa que seja, significaria que ainda me importo e eu por você só sinto uma imensidão de nada. Sinto por ter que deixar junto de você outras peças que podiam ser valiosas, mas sabe, se deixar tudo para trás me trouxer a paz que eu tenho tido, não me importo. Nesse momento, só quero saber de limpar e cicatrizar a ferida que você causou para voltar a ter os olhos abertos e a cabeça erguida. No fim das contas, você e todos os que com você me desejaram o mal, pelo mal que você causou, só se tornaram um nada, pra quem eu desejo apenas que tudo que me desejam retorne em dobro e nada, nem um sentimento a mais que isso. Estilhaços sempre serão o pó de algo quebrável, diamantes sempre serão fortes e valiosos. Pena que não percebi que o teu brilho vinha somente dos meus olhos e não da sua essência.