terça-feira, 20 de outubro de 2015

Meu enfim, adeus.

Ah meu bem, deixa-me lhe falar uma última vez para que não hajam desculpas futuras que façam-me pronunciar teu nome novamente em vão. Acredite quando digo que já não és a dor do meu peito, quanto menos minha insônia entristecida. E não digo-lhe isto para machucar-lhe e sim para dizer-lhe que sinto muito. Sinto muito por sentires pouco e por seres um ser limitado de amores que não queres. Sinto muito por não viveres como deverias, por não sorrires como merecias e por não abrires teu peito tanto quanto poderias. Sinto muito por não teres sido meu amor de amanhecer, por teres sido tão somente uma saudade amarga, um sentimento pelo qual me arrependo. Sinto muito por não seres capaz de entender o que significa sorrires em meio as melodias que Louis Armstrong e Ella Fitzgerald eternizaram. Sinto também e logo lhe adianto, por achares que és a razão do mundo. Por não admitires teus erros e precisares, assim como fizestes comigo, que outrem pague pelas falhas tuas. Por fim, meu bem, sinto muito por não conheceres o real significado da fé. E podes neste momento achares que sou somente uma errante apontando teus erros, mas não sou. Talvez irás entender tudo isso em bons passados anos e não lhe condeno. Nem sequer tenho interesse de lhe ferir. Só vim uma última vez dizer-lhe que já não serei sua desculpa e não me permitirei ser sua acusação. Já me machucaste o suficiente, não achas? E meu bem, eu lhe amei, mais do que serás capaz de compreender neste momento. Lhe amei e não direis por sequer um segundo que não. Mas cansaste-me com tua arrogância e prepotência. Matas-me com teu orgulho. Fizeste de mim a tristeza perpétua da tortura. E torturaste-me com tua sempre presente negligência. Mas não lhe condeno por seres tão pouco, volto somente a dizer-lhe que sinto muito. E apesar de não teres tido a coragem necessária para pedir-me perdão, lhe digo que só Deus não lhe basta. A faca que cravastes em meu peito só Ele foi capaz de arrancar, mas não foi capaz de impedir a cicatriz que tu poderias ter curado, se ao menos tiveste ao olhar nos meus olhos o entendimento da dor que causaste. Mesmo que tal entendimento não seja mais algo que me faz reviver a dor, preciso lhe dizer, meu bem, esperava que fosses mais. Mas não quero estender-me demasiadamente. Vim mesmo desejar-lhe um punhado de sorte, algumas risadas no fim da tarde e aquele gol que juraste. Vim porque já cansei de ser dor, guerra e rancor. Vim também dizer-lhe que apesar dos pesares, não lhe quero mal. Porém também não lhe desejo tampouco o bem. Não posso dizer-te que és meu total esquecimento, nem negar que por vezes ainda és um ardido incômodo no peito. Mas posso garantir-lhe que ando me esforçando de verdade para amar um outro alguém e por isso lhe agradeço por ter sido pouco. Saudade talvez sempre haja nos momentos em que eu fechar meus olhos após uma vista encantadora, ou sempre que sair da minha garganta o gol que o Corinthians precisava ao fim da partida. De certa forma, meu bem, isso só representa o quanto sim, te amei. Já não lhe peço nada. Mas lhe imploro para que dê-me paz, da sua presença principalmente e peça aos que lhe cercam que também me esqueçam. Não sou mais a peça de discórdia em casamentos falhos e já não mereço ser alvo da raiva de insignificantes pessoas. Volto a lhe dizer meu bem, não lhes desejo mal. Tampouco bem. Só quero mais uma vez, que me devolvas a paz que me tiraste, sem que eu pedisse e que no fim, por fim, acabe por não me desejar o mal, tampouco o bem, mas que deseje-me certa sorte, um punhado de felicidade e o bem estar que me prometeste. Não mais o condeno, também não lhe agradeço. Mas confirmo uma última vez sem peso no coração, sem fadiga na alma, que lhe me amei meu bem e se tiveres que lembrar de mim, que lembres apenas desta verdade, lhe amei meu bem. Lutei a guerra sem armaduras, me refiz com as feridas ainda em sangue e quis te arrastar junto. Pena não ter percebido a tempo que os tiros vinham de onde lhe coloquei. Porém agora, por fim, lhe peço apenas a paz do silêncio que preciso para dizer-lhe de uma vez o adeus que nunca dei. Eu lhe amei, meu bem, mas foste mais dor que flores e mesmo lhe amando meu bem, digo agora ao fim desta, com os olhos marejados e um sorriso de quem finalmente encontrou a paz, adeus meu bem, adeus.